segunda-feira, 24 de maio de 2010

Jorge Saraiva Anastácio (Poemas Escolhidos)


SEM ÁRVORES, NÃO HÁ VIDA!

Não sejas ingrato, indelicado e arrogante,
Quando deparares, na estrada, com as árvores viçosas.
Inclina-te diante delas, com honras respeitosas,
Pois estás na presença de figuras prestativas.

Deves defendê-las contra as mãos adversas e nocivas,
Preservando-as, para que elas cumpram suas tarefas,
Em favor do planeta e da humanidade pueril e imatura.
Elas são fontes de ar puro e de sombra aconchegante,
E de frutas saborosas e de produtos medicinais de cura.

Como serviçais da rica e pródiga natureza viva,
Elas fornecem clorofila, madeira, papel e perfumes,
E alimentos para os animais, pássaros, aves, mobiliário e esquifes,
Regulando o regime dos ventos e nutrindo os lençois freáticos,
Que geram as nascentes e os rios, borbulhantes e formosos.

As prestimosas árvores conservam a opulenta biodiversidade
Causando ornamentação das vias públicas e dos jardins floridos,
E sendo alvo de admiração do transeunte, observador vivido,
Benefícios estes que não restringem, apenas, aos termos destes versos,
Mantendo, sobretudo, a vida deste planeta tão maltratado.

Repele as ações dos vândalos, demolidores de matas e florestas,
E ajuda a transformar o planeta num paraíso verdejante,
Plantando árvores e promovendo o reflorestamento das mudas,
Para que a Terra não se converta em um deserto escaldante,
Com ausência total de vida física, como ocorreu em Vênus e Marte,
Exatamente por restar neles somente um cenário de tristeza e morte.

EM DEFESA DA VELHICE HONRADA

Alguns julgam que a velhice é uma fase sem retorno de vida,
Que o idoso perdeu sua existência e seu tempo precioso,
Não merecendo mais atenção, carinho e calor humano,
Devendo, por isso, ser tratado com indiferença ou desprezo,
Porque os tempos, de hoje, não oferecem mais vez para o idoso,
E os tempos passados não levam mais em conta no calendário.

Fazendo juízo argucioso e irrefletido sobre o invejado idoso,
Alegam que ele é um forte concorrente na disputa de emprego,
Por ter exercido sua profissão, nos tempos passados,
Revelando-se nela um cidadão dedicado, eficiente e atencioso,
Pois a senilidade é um tesouro de conhecimentos adquiridos,
No transcorrer dos longos anos exercidos no trabalho.

O idoso é portador de sabedoria, oriunda do sofrimento,
Cujas cicatrizes estão estampadas em seus olhos esmorecidos,
Em sua face macerada de uma velhice insegura, sem nada ter.
Hoje, ostenta pernas trôpegas, enfraquecidas e arqueadas,
Mãos trêmulas, corpo fraco, cambaleado e pele enrugada,
Trazendo cabelos nevados, como a brancura das geleiras,
E vivendo sempre privado do necessário para sobreviver.

O idoso é merecedor de amor, amizade, atenção e amparo,
Pois já cumpriu sua meta de trabalho, com mérito e honra,
Em um mundo de provas, decepções, ilusões e injustiça,
Agora, ele somente busca uma vida de fé, condigna e tranquila,
Num ambiente de um lar, onde haja amor recíproco e respeito.
De tudo resta um lembrete aos que vivem de censura impiedosa:-
Se alguém discrimina, hoje, com irreverência, qualquer idoso,
No amanhã, será também vítima do aguilhão do preconceito.

A MÁSCARA DAS GUERRAS

Ah, as guerras! Os intermináveis conflitos armados,
Desde os primórdios do mundo até os tempos atuais,
São crueis carnificinas, hediondas hecatombes de vidas,
Alimentadas pela estupidez e brutalidade humana,
E pela evidência da arrogância e prepotência bestial,
E pela carência espiritual da civilização e ausência de Deus.

Ah, as guerras! Elas teem extinguido vidas em excesso,
Haja vista a Primeira Grande Guerra: 13 milhões de vítimas,
E a Segunda Grande Guerra: 46 milhões de mortos e feridos,
Seguido por um cenário horrendo de destruições ou de ruínas,
De cidades, construções e de dívidas incalculáveis,
Certamente, herança exclusiva da crosta do planeta Terra.

Ah, as guerras! Sob qualquer nome que queiram denominar,
Só atestam o tamanho da brutalidade da ação do homem,
De crassa ignorância e de doentia superioridade de domínio,
Mostrando a marca sórdida da barbárie de seus atos impensados,
Sob o pretexto de guerra justa ou ato de legítima defesa,
A fim de legitimar sua conduta perante a comunidade internacional.

Ah, as guerras! Causadoras de milhões de vidas inocentes exterminadas,
De ruínas tão bem visíveis na área ou no campo econômico e social,
Trazem ainda, como consequência, fome, miséria e destruição de famílias,
Restando um quadro trágico, o de ter que se reparar o dano causado,
Mas o sonho real é de que, um dia, elas serão abolidas do orbe terreno,
Por haver despertado uma nova humanidade de refinada espiritualidade.

A GRALHA AZUL DO PARANÁ

Nas matas verdejantes do rico Estado do Paraná,
Vicejam abundantes e esbeltos pinheiros,
De onde surgem gralhas azuis em bandos e barulhentas,
Sobressaindo pelo seu canto agudo ou estridente,
E empoleiradas em galhos de magníficos arvoredos,
Que seduzem os olhos dos poetas e observadores.

Esses pássaros de plumagem azul, cabeça e topete negros,
Que apreciam, deveras, o pinhão rijo e saboroso,
Vão disseminando os pinheiros por matas e por campos,
Com o martelar da casca do fruto até em redução de pedaço,
Que caem no solo, germinando um novo e vistoso pinheiro,
Colaborando com o ecossistema e com a lei do reflorestamento.

As gralhas que saciam a fome dos que prezam o fruto delicioso,
São inconscientes ecologistas e embelezadoras da natureza.
Elas são recompensadas pela mente interesseira dos homens,
Que exterminam pelas balas de chumbo dos lavradores,
E abatem os pinheirais com o corte impiedoso do machado,
Quando acionado pela mão criminosa da criatura humana.

Fonte:
Colaboração do Autor.

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