sábado, 8 de maio de 2010

O Romance ou Conto Policial



O Romance Policial (ou conto policial) é um gênero literário que se caracteriza, em termos de sua estrutura narrativa, pela presença do crime, da investigação e da revelação do malfeitor. Neste tipo do gênero literário, o foco remete para o processo de elucidação do mistério, empreitada geralmente a cargo de um detetive, seja ele profissional ou amador.

O romance policial também demonstra que não pode haver crime perfeito, logo, não há lugar para a impunidade, para o crime sem punição. A principal função ideológica na literatura policial é a demonstração da estranheza do crime, já que o criminoso é apresentado como um ser estranho à razão natural da ordem social.

O universo do romance policial é permeado por vários elementos, como medo, mistério, investigação, curiosidade, espanto e inquietação, que são dosados de acordo com os autores e as épocas.

O romance policial clássico busca a mais completa verossimilhança. Muitos detetives, como por exemplo, Sherlock Holmes, adotam métodos científicos em busca da verdade.

Origem

Acredita-se que o gênero literário conhecido como romance policial começou em abril de 1841, nas colunas de um periódico da Filadélfia, o Graham's Magazine, com a publicação de The Murders in the Rue Morgue (Dois Crimes na Rua Morgue), de Edgar Allan Poe.[1] Nos anos seguintes, mais duas histórias policiais do mesmo autor foram publicadas, The Mistery of Marie Roget (1842-1843) e The Purloined Letter (A Carta Roubada) (1845).

Características do romance policial

O herói do romance, o detetive, sempre sairá vencedor, pois se o contrário acontecer, o fato será atribuído à baixa qualidade da história e, portanto, não haverá suspense, uma solução surpreendente ou uma catarse.

No romance policial não pode haver intriga amorosa, para não atrapalhar o processo intelectual do detetive.

O romance deve ter um cadáver, para causar horror e desejo de vingança.

O culpado deve ser um dos personagens comuns, mas gozar de certa importância e não ser um assassino profissional. Ele nunca poderá ser o detetive, e o crime deve ser cometido por razões pessoais.

A solução do mistério deve estar evidente desde o início, para que uma releitura da obra possa mostrar ao leitor o quanto ele foi desatento.

As pistas devem estar todas presentes no livro, de forma a surpreender o leitor no momento da revelação da identidade secreta do assassino.

Principais autores e seus personagens

Agatha Christie – detetives Hercule Poirot, Miss Marple, Tommy e Tuppence Beresford e Mr. Quin.
Arthur Conan Doyle – detetive Sherlock Holmes
Dashiell Hammett – detetive Sam Spade
E. W. Hornung – detetive Arthur J. Raffles, o ladrão cavalheiro
Edgar Allan Poe – detetive C. Auguste Dupin
Fernando Pessoa - detetive Abílio Quaresma
Gaston Leroux – Joseph Rouletabille
Georges Simenon – detetive comissário Jules Maigret
Maurice Leblanc – detetive Arsène Lupin, ladrão-cavalheiro
Mickey Spillane – detetive Mike Hammer
Raymond Chandler – detetive Philip Marlowe
Rex Stout – detetive Nero Wolfe
S.S.Van Dine – detetive Philo Vance

Autores brasileiros e personagens

Jô Soares – delegado Mello Pimenta e detetive Machado Machado
Luís Fernando Verissimo – detetive particular Ed Mort
Luiz Alfredo Garcia-Roza – delegado Espinosa
Rubem Fonseca – advogado Mandrake
Tony Bellotto – investigador Bellini
Mário Prata - agentes federais Ugo Fioravanti Neto e Darwin Matarazzo

Há algumas características que podem nos ajudar a identificar ou até mesmo a produzir um conto, seja ele de temática policial ou não:

- É uma narrativa linear e curta, tanto em extensão quanto no tempo em que se passa.

- A linguagem é simples e direta, não se utiliza de muitas figuras de linguagem ou de expressões com pluralidade de sentidos.

- Todas as ações se encaminham diretamente para o desfecho.

- Envolve poucas personagens, e as que existem se movimentam em torno de uma única ação.

- As ações se passam em um só espaço, constituem um só eixo temático e um só conflito.

Conselhos" para se escrever um ótimo conto.

Prender o interesse do leitor; evitar ser chato

Pense em Aristóteles, para quem a catarse, enquanto experiência vivida pelo espectador ou ouvinte, é condição fundamental para definir a qualidade de uma obra.

Usar, se possível, frases curtas

A clareza vem do cuidado com a estruturação da frase: as intercalações excessivas prejudicam a compreensão da idéia. Pense em Barthes: “A narrativa é uma grande frase, como toda a frase constitutiva é, de certa forma, o esboço de uma pequena narrativa", (Introdução à análise da narrativa).

Capítulos e parágrafos curtos, para o leitor poder respirar

Evitar muitas personagens, descrições longas, rebuscamentos, adjetivações, clichês, repetir palavras.

Trama/enredo/tema ou estilo, original

Pense em Ricardo Piglia: “Pode-se programar a trama, os personagens, as situações, conhecer o desenlace e o começo, mas o tom em que se vai contar a história é obra de inspiração. Nisso consiste o talento de um narrador”, (O laboratório do escritor).

Se possível usar ironia, humor, graça e ser verossímil

Ser verossímil é importante, mas não devemos confundir verossimilhança com verdade; a história não tem de ser obrigatoriamente verdadeira, mas parecer que o é. Mesmo assim sua importância é discutível. Segundo Álvaro Lins, Graciliano Ramos tem como “defeito” justamente a inverossimilhança que, de acordo com o crítico, é mais “visível” em Vidas secas e São Bernardo, dois clássicos insuspeitos. No Vidas secas esse “defeito” estaria no discurso das personagens (discurso indireto livre), pois tal recurso teria provocado um excesso de introspecção das personagens, tão rústicas e primárias (até Baleia, a cadela do romance, tem seu “monólogo interior”). No São Bernardo o “problema” estaria no fato de um homem rústico, como Paulo Honório, construir uma narrativa tão perfeita em termos literários.

Conta-se que uma vez Matisse mostrou a uma senhora um quadro em que havia pintado uma mulher nua; sua visitante retrucou: “Mas uma mulher nua não é assim”. E Matisse: “Não é uma mulher, minha senhora, é uma pintura”. Será que na sua análise em busca do perfeito, Álvaro Lins (que tinha Graciliano em alta conta) não teria percebido que Paulo Honório não é um homem, mas uma pintura?

Ler, de preferência, os clássicos

Não se é escritor sem ser leitor. Pense em Sartre: “Mas a operação de escrever implica a de ler... e esses dois atos conexos necessitam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor com o leitor que fará surgir esse objeto concreto e imaginário que é a obra do espírito”. (op. cit.) Pense também em Faulkner: ler, ler, ler, ler, ler...

Em Escritores em ação, Georges de Simenon (1903-1989) dá a “fórmula” para se escrever uma boa prosa: “Corte tudo que for literário demais; adjetivos e advérbios e todas as palavras que estão lá só para causar efeito. Escrever é cortar. Escrever não é uma profissão, mas uma vocação para a infelicidade e essa professora é uma **** vadia!

Fonte:
Wikipedia.

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