sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dorival C. Fernandes (O Som de uma Lágrima)


Lágrima...
Desliza pela minha face, molha o meu rosto.
Traduz meu estado de espírito, minha agonia.
Você nasce num parto de dor, gerada pelo desgosto,
É expelida numa ânsia... Você é minha companhia.
Lágrima...
Água límpida, autêntica, cristalina e verdadeira...
Quero conte-la e sufocá-la dentro do meu peito
Desejo refrear todas minhas emoções, agonia passageira...
Tento tirá-la da minha vida... é só isso que tenho feito.
Lágrima...
Dos sonhos dourados, mas agora esquecidos.
Das esperanças todas pelo tempo dissipadas.
Fica o gosto amargo de todos esses anos vividos...
Você se confunde com a saudade, é uma ternura malvada.
Lágrima...
Você é alegria e tristeza, carinho e obsessão...
Nada é mais terno, nada é mais desolador.
Impede a voz, estrangula a alma e embaça a visão.
Símbolo de tantas coisas... da felicidade a de uma dor.
Lágrima...
Você é muda, surda e acho que não tem som.
Como todas as águas límpidas e verdadeiras,
Elas murmuram no regato, cantam nas cachoeiras.
O seu silêncio é profundo, calado, sem nenhum tom.
Lágrima...
De gosto salgado lembrando o mar imenso,
Nunca ninguém ouviu o seu ruído, seu lamento.
Só posso senti-la a me envolver como num incenso,
Molhando meu rosto, transpirando sofrimento.
Ah... lágrima minha...
Eu tenho suas marcas, eu conheço seus caminhos por viver só...
E se por acaso um dia, eu possa escutar a sua voz,
Saberei então que você, não é mais você... estarei livre da prisão.
Eu serei a lágrima... e você, eternamente a minha solidão.

Fontes:
http://blig.ig.com.br/acmpalavrasversos/

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