Potiguar, da pequena cidade de São José do Mapibu, Clevane Pessoa de Araújo
Lopes expõe toda a sua sensibilidade pulsante e lirismo psicológico nos quinze
poemas que compõem o livro Velhos olhos,
novos olhos.
Em As
lavandeirinhas a autora faz um tributo às lavadeiras, com um belo lirismo,
retratando a atividade dessas profissionais quase folclóricas, com muita graça.
Apesar de citar as lavadeiras das margens do rio São Francisco e outras, o
poema universaliza tais mulheres trabalhadoras. Clevane também trás para a
roda, o próprio rio, ou lagoa, além da fauna que cerca o “tanque” natural.
Mas nem só de lirismo vive a poesia de
Clevane. No poema Infância perdida,
infância roubada, a autora trata com sobriedade e sem perder o tom poético,
a triste situação de milhares de crianças que acabam sendo privadas de sua
juventude.
A poesia mística, presente na obra Velhos olhos, novos olhos, faz o leitor
passear pelo estilo pós-conversão dos poetas Murilo Mendes e Jorge de Lima. Tal
elemento está representado no Poema de
natal. Entretanto, as referências diretas a personagens religiosos se
restringem ao componente anjo e lógico, ao menino (Jesus, certamente).
Em certos momentos da poesia de Clevane, o
eu lírico mergulha em estados melancólicos e até pessimistas. No caso da poesia
Rompimento, o motivo é um amor
despedaçado. Não que as experiências citadas sejam inspiradas em passagens
pessoais da autora, pelo contrário. Clevane deixa claro nessa poesia que o
enredo declamado em seus versos é inspirado no episódio de outra pessoa.
Mais adiante, inclusive, a autora chega a
ponto de esclarecer em uma nota, após o poema de sugestivo nome, À beira do precipício, que “a poesia não
tem nada a ver comigo, é que gosto de interpretar a todas as mulheres, sempre
que posso...”. E pelo que vemos em Velhos
olhos, novos olhos, pode mesmo.
Fonte:
texto enviado pela autora
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