Nota: Na formatação da imagem onde está Eça de Queiro, leia Queiróz -
perdoe a falha,
José Feldman
SONETO A GONÇALVES DIAS
Falecimento do poeta em 3.11.1864- In Memoriam -
Poeta das palmeiras e também
dos indígenas, com força genial,
cantou grandes amores que ninguém
houvera feito assim sentimental...
Lendo seus versos a saudade vem
me visitar de modo especial,
da minha terra que palmeiras tem
onde o sabiá modula sem igual.
Gonçalves Dias, vate da natura,
és um astro que em nosso céu fulgura,
com tuas mais românticas poesias...
Soubeste transmitir a inspiração
que as Musas te trouxeram na soidão
do mundo ideal das alegorias !
SONETO A CARLOS MAGALHÃES DE AZEREDO
- Falecimento do poeta em 4.11.1963 aos 91 anos. - In Memoriam -.
Quando leio sonetos dos poetas,
velhos românticos de antigamente,
sinto quão suas musas são diletas
nos versos que escreveram docemente...
Poesias inspiradas e discretas,
mas também outras, de romance ardente,
que tudo dizem, atingindo as metas
que se propunham, na paixão ingente.
Leio Carlos Magalhães de Azeredo,
o seu ´´Verão e Outono´´, em que demoro,
curtindo um verso no final do enredo
em que ele escreve: ´´Doce e amargo encanto !
São tuas próprias lágrimas que choro !´´
E aprendo, então, como é tão forte o pranto...
A RUI BARBOSA
Nascimento do escritor Rui Barbosa em 5.11.1849 – In Memoriam -
Rui Barbosa
Literato
Foi de fato
Rei da Prosa.
Escritor
Mui correto
Tão dileto
Prosador.
Assombrou
C´o saber
Tão profundo...
Pois honrou
Seu dever
Neste mundo.
SONETO ALEXANDRINO A AMADEU AMARAL
Nascimento do poeta Amadeu Amaral em 6.11.1875 – In Memoriam -
“Rios”, “Sonhos de Amor”, e “A um Adolescente”,
são sonetos de escol que leio comovido,
porque me fazem bem neste dia envolvente
pela nublada luz do céu escurecido...
E fico a meditar, trazendo para a mente,
os poemas “A Estátua e a Rosa”, em sublime sentido;
“Prece da Tarde”, quando exsurge a voz do crente
como um sopro de amor no caminho escolhido...
Estou perante o mestre Amadeu Amaral,
cujos versos serão sempre muito admirados,
como régio cultor da nobre poesia...
Além do mais, ficou sendo vate Imortal,
pois eleito ele foi por membros consagrados
de nossa Brasileira Excelsa Academia !
SONETO A FÉLIX ARVERS
Falecimento do poeta francês Félix Arvers em 7.11.1850 – In Memoriam -
Quem num soneto soube engendrar um mistério,
para cantar o amor resguardado em segredo,
que o fizesse sofrer um tormento tão sério,
sem conseguir lhe dar um venturoso enredo?!
Romântico poeta, empunhando o saltério
da inspiração febril de timidez e medo,
passou por este Mundo, adotando o critério
de não se declarar porque seria alpedo...
Pois aquela que amava, ao dever sempre presa,
prosseguia ao seu lado, ostentando a beleza
que Deus lhe deu e vai cumprindo seu mister...
porque vivendo com tamanha seriedade,
há de permanecer por toda Eternidade,
na poesia qual a misteriosa mulher !
SONETO PARA CECÍLIA MEIRELES
Nascimento da poeta em 7.11.1901 – In Memoriam -
Procuro viajar nestes poemas
que me emocionam tanto e permaneço
conhecendo em mais variados temas,
a vida alegre ou triste em que padeço...
Procurei fazer versos, de tropeço
em tropeço, p´ra resolver problemas
que enfrentei no viver, desde o começo,
quando me apareciam os dilemas.
Um dia encontrei doce poesia
melancólica, plena de ternura,
mas também sempre límpida e correta.
São horas de tristeza e nostalgia
que me suscitam a feliz candura,
de Cecília Meireles, a poeta !
SONETO A ARTHUR RIMBAUD
Falecimento do poeta francês em 10.11.1891 – In Memoriam -
Jovem poeta que parou bem cedo
de fazer versos plenos de emoção...
Soneto de “Vogais” em cujo enredo
cada uma tem a significação.
Sua obra não foi simples arremedo
de alguém que pensa apenas na ilusão;
não se sabe do enigma nem do medo
de a poesia dar continuação...
O certo é que depois, quando indagado
se era parente de Rimbaud, dizia:
“Eu nunca ouvi falar !” E assim calado
continuou pelo resta da vida, só,
com sua nova e vã filosofia
em que se sabe que seremos pó !
SONETO A AUGUSTO DOS ANJOS
Falecimento do poeta em 12.11.1914 – In Memoriam -
Leio seus versos de poeta ousado,
e me comovo com a verve forte,
que se deprime qual um condenado,
a cada instante lamentando a sorte.
Mas foi um grande, embora desgraçado,
sem ter um lenitivo que o conforte,
em cada verso um passo encaminhado
rumo ao destino que o esperava: a morte !
E sendo um vândalo destruidor,
andou por ´´templos claros e risonhos´´,
como num pesadelo com pavor...
Então, num ímpeto de iconoclastas,
´´quebrou a imagem dos seus próprios sonhos´´,
´´erguendo os gládios e brandindo as hastas´´!
SONETO A JOSÉ SARAMAGO
Nascimento do escritor em 16.11.1922 – In Memoriam -
Nobre escritor, poeta e romancista,
em cujas páginas busquei seguir
seu ideal de enfático humanista,
pelo qual labutava a refletir.
Com o Chico Buarque, na entrevista
que dava ao Jô Soares, fez sentir
a sua indignação de socialista,
ao perguntar: Por quê? Ao assistir
aos acampados da Reforma Agrária,
que sob à lona preta sem conforto,
sonhavam com um pedaço deste chão
pra formar uma gleba societária.
E assim, permanecendo mais absorto,
era o retrato da desilusão !
SONETO A CRUZ E SOUSA
Nascimento do poeta em 24.11.1861 – In Memoriam -
Poeta das Visões e dos Mistérios,
Evocando outros mundos de Quimera
Onde devem viver seres etéreos
Que por aqui passaram n´outra Era...
São espíritos cuja Vida austera
Atravessaram cá momentos sérios,
Sem conhecer a eterna Primavera,
Hoje ouvindo dos Anjos os saltérios...
São as almas que o Vate Cruz e Sousa
Evocava em seus versos: “ais perdidos
Das primitivas legiões humanas?!”
Lembramos que sua alma ora repousa
Por Mundos para nós desconhecidos,
Mas plenos de canções... louvor... hosanas...
APÓS LER CRIME DO PADRE AMARO DE EÇA DE QUEIROZ
Nascimento do escritor em 25.11.1845 – In Memoriam -
Uma história de amor que nos surpreende,
libélulo ao celibato imposto,
lança no espírito feroz desgosto
que por maior esforço não se entende.
São os mistérios que jamais se aprende:
uma existência trágica ao sol-posto
penetra o cérebro e no próprio rosto
dá contrações de nervos e se estende.
O mundo estupefato ao Padre Amaro
lançará seu desprezo inconformado,
pois mesmo que procure achar amparo
na vã filosofia de um idílio,
surgirão tão fatal como o pecado
a pobre Amélia morta e morto o filho...
SONETO A GREGÓRIO DE MATOS
Falecimento do poeta em 26-11-1696 – In Memoriam -
Gregório de Matos – Boca do Inferno,
assim o apelidou o poviléu,
apesar de às vezes ser mui terno
e descantar também bênçãos do céu...
Na Bahia causavam escarcéu,
suas notas satíricas e hodierno,
se despertou talvez algum labéu,
há de ficar seu estro sempiterno...
Vejo que a data do seu nascimento,
será sete de abril?! ou vinte e três,
ou vinte de dezembro?! Não é certa...
Mas sei que foi poeta de talento,
e tudo o que escreveu, e disse, e fez,
mostra a coragem de sua alma aberta…
Fontes:
Colaboração do poeta
Imagem = montagem por J. Feldman
Nenhum comentário:
Postar um comentário