domingo, 2 de dezembro de 2012

Ialmar Pio Schneider (Efemérides Poética: Novembro)



Nota: Na formatação da imagem onde está Eça de Queiro, leia Queiróz - 
perdoe a falha, 
José Feldman

SONETO A GONÇALVES DIAS 

Falecimento do poeta em 3.11.1864- In Memoriam -

Poeta das palmeiras e também 
dos indígenas, com força genial, 
cantou grandes amores que ninguém 
houvera feito assim sentimental... 

Lendo seus versos a saudade vem 
me visitar de modo especial, 
da minha terra que palmeiras tem 
onde o sabiá modula sem igual. 

Gonçalves Dias, vate da natura, 
és um astro que em nosso céu fulgura, 
com tuas mais românticas poesias... 

Soubeste transmitir a inspiração 
que as Musas te trouxeram na soidão 
do mundo ideal das alegorias !

SONETO A CARLOS MAGALHÃES DE AZEREDO 

- Falecimento do poeta em 4.11.1963 aos 91 anos. - In Memoriam -. 

Quando leio sonetos dos poetas, 
velhos românticos de antigamente, 
sinto quão suas musas são diletas 
nos versos que escreveram docemente... 

Poesias inspiradas e discretas, 
mas também outras, de romance ardente, 
que tudo dizem, atingindo as metas 
que se propunham, na paixão ingente. 

Leio Carlos Magalhães de Azeredo, 
o seu ´´Verão e Outono´´, em que demoro, 
curtindo um verso no final do enredo 

em que ele escreve: ´´Doce e amargo encanto ! 
São tuas próprias lágrimas que choro !´´ 
E aprendo, então, como é tão forte o pranto...

A RUI BARBOSA 

Nascimento do escritor Rui Barbosa em 5.11.1849 – In Memoriam -

Rui Barbosa 
Literato 
Foi de fato 
Rei da Prosa. 

Escritor 
Mui correto 
Tão dileto 
Prosador. 

Assombrou 
C´o saber 
Tão profundo... 

Pois honrou 
Seu dever 
Neste mundo.

SONETO ALEXANDRINO A AMADEU AMARAL 

Nascimento do poeta Amadeu Amaral em 6.11.1875 – In Memoriam -

“Rios”, “Sonhos de Amor”, e “A um Adolescente”, 
são sonetos de escol que leio comovido, 
porque me fazem bem neste dia envolvente 
pela nublada luz do céu escurecido... 

E fico a meditar, trazendo para a mente, 
os poemas “A Estátua e a Rosa”, em sublime sentido; 
“Prece da Tarde”, quando exsurge a voz do crente 
como um sopro de amor no caminho escolhido... 

Estou perante o mestre Amadeu Amaral, 
cujos versos serão sempre muito admirados, 
como régio cultor da nobre poesia... 

Além do mais, ficou sendo vate Imortal, 
pois eleito ele foi por membros consagrados 
de nossa Brasileira Excelsa Academia !

SONETO A FÉLIX ARVERS 

Falecimento do poeta francês Félix Arvers em 7.11.1850 –  In Memoriam -

Quem num soneto soube engendrar um mistério, 
para cantar o amor resguardado em segredo, 
que o fizesse sofrer um tormento tão sério, 
sem conseguir lhe dar um venturoso enredo?! 

Romântico poeta, empunhando o saltério 
da inspiração febril de timidez e medo, 
passou por este Mundo, adotando o critério 
de não se declarar porque seria alpedo... 

Pois aquela que amava, ao dever sempre presa, 
prosseguia ao seu lado, ostentando a beleza 
que Deus lhe deu e vai cumprindo seu mister... 

porque vivendo com tamanha seriedade, 
há de permanecer por toda Eternidade, 
na poesia qual a misteriosa mulher !

SONETO PARA CECÍLIA MEIRELES 

Nascimento da poeta em 7.11.1901 – In Memoriam -

Procuro viajar nestes poemas 
que me emocionam tanto e permaneço 
conhecendo em mais variados temas, 
a vida alegre ou triste em que padeço... 

Procurei fazer versos, de tropeço 
em tropeço, p´ra resolver problemas 
que enfrentei no viver, desde o começo, 
quando me apareciam os dilemas. 

Um dia encontrei doce poesia 
melancólica, plena de ternura, 
mas também sempre límpida e correta. 

São horas de tristeza e nostalgia 
que me suscitam a feliz candura, 
de Cecília Meireles, a poeta !

SONETO A ARTHUR RIMBAUD 

Falecimento do poeta francês em 10.11.1891 – In Memoriam -

Jovem poeta que parou bem cedo 
de fazer versos plenos de emoção... 
Soneto de “Vogais” em cujo enredo 
cada uma tem a significação. 

Sua obra não foi simples arremedo 
de alguém que pensa apenas na ilusão; 
não se sabe do enigma nem do medo 
de a poesia dar continuação... 

O certo é que depois, quando indagado 
se era parente de Rimbaud, dizia: 
“Eu nunca ouvi falar !” E assim calado 

continuou pelo resta da vida, só, 
com sua nova e vã filosofia 
em que se sabe que seremos pó !

SONETO A AUGUSTO DOS ANJOS 

Falecimento do poeta em 12.11.1914 – In Memoriam -

Leio seus versos de poeta ousado, 
e me comovo com a verve forte, 
que se deprime qual um condenado, 
a cada instante lamentando a sorte. 

Mas foi um grande, embora desgraçado, 
sem ter um lenitivo que o conforte, 
em cada verso um passo encaminhado 
rumo ao destino que o esperava: a morte ! 

E sendo um vândalo destruidor, 
andou por ´´templos claros e risonhos´´, 
como num pesadelo com pavor... 

Então, num ímpeto de iconoclastas, 
´´quebrou a imagem dos seus próprios sonhos´´, 
´´erguendo os gládios e brandindo as hastas´´!

SONETO A JOSÉ SARAMAGO 

Nascimento do escritor em 16.11.1922 – In Memoriam -

Nobre escritor, poeta e romancista, 
em cujas páginas busquei seguir 
seu ideal de enfático humanista, 
pelo qual labutava a refletir. 

Com o Chico Buarque, na entrevista 
que dava ao Jô Soares, fez sentir 
a sua indignação de socialista, 
ao perguntar: Por quê? Ao assistir 

aos acampados da Reforma Agrária, 
que sob à lona preta sem conforto, 
sonhavam com um pedaço deste chão 

pra formar uma gleba societária. 
E assim, permanecendo mais absorto, 
era o retrato da desilusão !

SONETO A CRUZ E SOUSA 

Nascimento do poeta em 24.11.1861 – In Memoriam -

Poeta das Visões e dos Mistérios, 
Evocando outros mundos de Quimera 
Onde devem viver seres etéreos 
Que por aqui passaram n´outra Era... 

São espíritos cuja Vida austera 
Atravessaram cá momentos sérios, 
Sem conhecer a eterna Primavera, 
Hoje ouvindo dos Anjos os saltérios... 

São as almas que o Vate Cruz e Sousa 
Evocava em seus versos: “ais perdidos 
Das primitivas legiões humanas?!” 

Lembramos que sua alma ora repousa 
Por Mundos para nós desconhecidos, 
Mas plenos de canções... louvor... hosanas...

APÓS LER CRIME DO PADRE AMARO DE EÇA DE QUEIROZ 

Nascimento do escritor em 25.11.1845 – In Memoriam -

Uma história de amor que nos surpreende, 
libélulo ao celibato imposto, 
lança no espírito feroz desgosto 
que por maior esforço não se entende. 

São os mistérios que jamais se aprende: 
uma existência trágica ao sol-posto 
penetra o cérebro e no próprio rosto 
dá contrações de nervos e se estende. 

O mundo estupefato ao Padre Amaro 
lançará seu desprezo inconformado, 
pois mesmo que procure achar amparo 

na vã filosofia de um idílio, 
surgirão tão fatal como o pecado 
a pobre Amélia morta e morto o filho...

SONETO  A GREGÓRIO DE MATOS

Falecimento do poeta em 26-11-1696 – In Memoriam -

Gregório de Matos – Boca do Inferno, 
assim o apelidou o poviléu, 
apesar de às vezes ser mui terno 
e descantar também bênçãos do céu... 

Na Bahia causavam escarcéu, 
suas notas satíricas e hodierno, 
se despertou talvez algum labéu, 
há de ficar seu estro sempiterno... 

Vejo que a data do seu nascimento, 
será sete de abril?! ou vinte e três, 
ou vinte de dezembro?! Não é certa... 

Mas sei que foi poeta de talento, 
e tudo o que escreveu, e disse, e fez, 
mostra a coragem de sua alma aberta…

Fontes:
Colaboração do poeta
Imagem = montagem por J. Feldman

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