PROGNÓSTICO
Agora desenho em meu quarto uma varanda
E, da janela semi-cerrada,
Um raio de luz me alcança.
Agora entrego ao sol o mofo da minha cama
E devagar estendo os lençóis
Que acompanharam minha insónia.
Agora pressinto uma brisa
No interior do meu cómodo
E a inspiro lentamente
Até arejar minhas entranhas.
Agora decifro as letras
Que se agarraram ao meu sangue,
E solfejo pra elas uma melodia
Com um resto de nó na garganta.
Agora revejo a minha agonia
Como num quadro de Picasse.
Pareço-me surrealista
Ao expressar meu ocaso.
Agora tenho a fome dos dias
Em que não quis comer nada.
E contemplo o meu ser faminto
A saciar-se do nada.
UM POEMA NO ÔNIBUS
Parece que a cidade passeia,
E o pensamento espia a palavra.
Há um poema que vagueia,
Versos virando paisagem.
Parece que a janela me leva,
E o poema levanta os olhos.
Não sei se fico ou viajo.
Vou nas palavras e volto.
Parece que tudo é passagem.
O poema beija meus olhos.
VESTÍGIOS
Meus acasos não povoam
Páginas de dicionários.
São trilhas que transcendem
A leveza dos passeios.
As palavras são rastros
Deixados no cimento fresco.
Nem que eu falseie os passos,
Minto comigo, nos versos.
As palavras são pérolas
De um colar que nunca tiro,
Criadas nas conchas antigas
Dos mares que habitam em mim.
PROCURA
I
Dentro da noite
Um pensamento calado
Vai sendo digerido.
Tem na cor o tom de' um céu
Que decide o poema.
II
A poetiza testa palavras
Como se experimentasse vestidos.
Fonte:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/goias/marcia_maranhao_de_conti.html
Agora desenho em meu quarto uma varanda
E, da janela semi-cerrada,
Um raio de luz me alcança.
Agora entrego ao sol o mofo da minha cama
E devagar estendo os lençóis
Que acompanharam minha insónia.
Agora pressinto uma brisa
No interior do meu cómodo
E a inspiro lentamente
Até arejar minhas entranhas.
Agora decifro as letras
Que se agarraram ao meu sangue,
E solfejo pra elas uma melodia
Com um resto de nó na garganta.
Agora revejo a minha agonia
Como num quadro de Picasse.
Pareço-me surrealista
Ao expressar meu ocaso.
Agora tenho a fome dos dias
Em que não quis comer nada.
E contemplo o meu ser faminto
A saciar-se do nada.
UM POEMA NO ÔNIBUS
Parece que a cidade passeia,
E o pensamento espia a palavra.
Há um poema que vagueia,
Versos virando paisagem.
Parece que a janela me leva,
E o poema levanta os olhos.
Não sei se fico ou viajo.
Vou nas palavras e volto.
Parece que tudo é passagem.
O poema beija meus olhos.
VESTÍGIOS
Meus acasos não povoam
Páginas de dicionários.
São trilhas que transcendem
A leveza dos passeios.
As palavras são rastros
Deixados no cimento fresco.
Nem que eu falseie os passos,
Minto comigo, nos versos.
As palavras são pérolas
De um colar que nunca tiro,
Criadas nas conchas antigas
Dos mares que habitam em mim.
PROCURA
I
Dentro da noite
Um pensamento calado
Vai sendo digerido.
Tem na cor o tom de' um céu
Que decide o poema.
II
A poetiza testa palavras
Como se experimentasse vestidos.
Fonte:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/goias/marcia_maranhao_de_conti.html
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