Percorrer o universo literário de Artur da Távola é deleitar-se com a sensibilidade e a mais refinada das emoções.
Artur da Távola estabelece com os seus leitores uma cumplicidade inequívoca, uma vez que suas letras findam por confidenciar-se em um idioma que tão bem os olhares da emoção e nosso coração reconhecem. Um diálogo íntimo de sussurros, como se as letras afagassem o nosso olhar, envolvendo a paisagem, onde a palavra se deixou espraiar. Um abraço de afinidade, onde somos enleados pela alma de cada sílaba, em que pulsou o coração do escritor.
Artur da Távola alcança através de sua escrita, o que deseja todo escritor: criar elos nem sempre conhecidos e revelados, onde se espraiam as emoções num misto de reverência e regozijo
Nas palavras de Artur da Távola, deparamo-nos com o infinito, onde nascem os sonhos que dormitam, aguardando pelo encontro entre autor e leitor.
Ao deixarmos nossos olhares na escrita de Artur da Távola, percebemos uma intimidade de gestos e de expressões que vão além da letra consumada e consumida. Suas palavras falam muitas vezes, a palavra do impossível ou do apenas desejado, registrando sob matizes diversos a humanidade do universo, em que se inserem.
Ao lermos Artur da Távola tocamos a alma das palavras. E tanto mais é inquietante e, ao mesmo tempo pacificador este encontro, quanto mais nos permitimos a liberdade do sentir. Nas asas das letras deste escritor alcançamos horizontes inimagináveis, como se fosse o infinito apenas passagem e nunca destino, para aqueles que se permitem este encontro inenarrável com a emoção.
ARTUR DA TAVOLA
Pseudônimo de Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros.
Data de nascimento: 03 de janeiro de 1936
Naturalidade: Rio de Janeiro-RJ
Filiação: Paulo de Deus Moretzsohn Monteiro de Barros
Magdalena Koff Monteiro de Barros
Profissões: Advogado, Jornalista, Radialista, Escritor e Professor.
FORMAÇÃO:
Direito - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - 1954-1959.
Especialista em Educação, formado pela CLAFEE (Centro Latino-americano de Formación de Especialistas en Educación). Convênio UNESCO - Universidade do Chile - Santiago - 1965.
ATIVIDADES DOCENTES:
Professor da Escola de Jornalismo da Fundação Gama Filho - 1960.
Professor Chefe de Cátedra de "Periodismo Audiovisual" na Escola de Periodismo e Comunicação da Universidade do Chile - Santiago - 1966 a 1968.
Vice-Diretor da Escola de Periodismo da Universidade do Chile - Santiago - 1966 a 1968.
Professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro - Cadeira: Produção de Rádio e Televisão - 1974 a 1975.
ATIVIDADES PARTICIPATIVAS DIVERSAS:
Presidente da Comissão de reforma da escola de Jornalismo da Universidade do Chile - Santiago - 1967 a 1968.
Membro da Câmara Técnica do Corredor Cultural da Cidade do Rio de Janeiro - 1979.
1º Vice-Presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) - 1980/1981.
Conferencista em mais de cem oportunidades, em vários Estados abordando os temas - Literatura - Comunicação - Política.
Membro do Pen Clube do Rio de Janeiro.
Membro da Comitiva Oficial do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, em visita oficial ao Chile em 1995, para posse do Presidente Ricardo Lagos.
Membro da Comitiva Oficial do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, em visita oficial a Portugal em 1996.
Aula Magna inaugural nas Universidades Federal Fluminense, Gama Filho, UNIRIO e SUAM - 1995. PUC Porto Alegre - 1999.
Membro da Comitiva Oficial do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em visita oficial ao Chile - Março 2000.
Membro da Comitiva Oficial Brasileira que participou da 103ª Conferência Interparlamentar realizada em Aman (Jordânia) - maio de 2000.
Membro da Academia Virtual de Letras Luso-Brasileira - março de 2005.
O carioca Paulo Alberto é o funcionário mais antigo da Rádio MEC, onde estreou em 1957 e apresenta um programa sobre música clássica. Durante 15 anos, foi colunista do jornal O Globo. Também colaborou com revistas da Bloch Editores e há 18 anos escreve “crônicas sobre a vida” no Dia.
POLÍTICA
Político, escritor, intelectual. Arthur da Távola iniciou sua trajetória política como Presidente do Centro Acadêmico Eduardo Lustosa (CAEL) da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica - 1956/57.
Foi eleito Deputado Constituinte do Estado da Guanabara PTN, de 1960 a 1962, e Deputado à Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara - 1962 a 1964. Teve seu mandato cassado por ocasião do AI-5, em 1964, exilando-se de 1964 a 1968 na Bolívia e no Chile.
Retornou ao Brasil em 1968, antes do Ato Institucional nº 5, para participar nas várias formas de luta de idéias e movimentos pacíficos destinados a recuperar o processo democrático no País.
Retornou ao poder legislativo eleito Deputado Constituinte pelo PMDB-RJ, sendo o mais votado da Bancada – 1987, sendo fundador do PSDB no ano seguinte. Alcançou algumas das posições de maior destaque no partido: Líder do PSDB na Assembléia Nacional Constituinte – 1988, Vice-Presidente Nacional, Líder da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados em 1994 e, finalmente, Presidente Nacional do PSDB - 1995 a 1997.
Sua identificação com a cultura nacional foi determinante na atuação em diversos cargos como Presidente da Comissão de Assuntos Culturais, Educação, Ciência e Tecnologia do Parlamento Latino americano (1998/1999), Membro do Parlamento Cultural do MERCOSUL (1998/1999), Presidente da Comissão de Educação, Comunicação, Cultura e Esporte - 1997/1998 e Secretário das Culturas do Município do Rio de Janeiro - Janeiro de 2001.
Sob sua direção editou a revista trimestral de Comunicação, Arte e Educação, "CONTATO" que era distribuída graciosamente para as instituições culturais de todo o Brasil com artigos assinados pelos mais eminentes nomes de todas essas áreas. Lamentavelmente com a não reeleição do Senador em 2002 os seguimentos de cultura nacional perderam muito com a ausência deste brasileiro que sempre lutou para que o Brasil não fosse relegado a segundo ou terceiro plano diante das grandes potências mundiais em termos de letras, artes e educação.
CONDECORAÇÕES:
Ordem do Rio Branco Grau de Oficial Brasília, 20 de abril de 1994.
Ordem do Infante D. Henrique Grau de Gran Cruz Lisboa, 20 de julho de 1995.
Ordem de Bernardo O'Higgins Grau de Gran Cruz Santiago do Chile, 9 de março de 1995.
Ordem do Mérito Naval Grau de Grande Oficial Brasília, 11 de junho de 1995.
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Colar do Mérito Judiciário Rio de Janeiro, 8 de dezembro de 1995.
Ordem do Mérito Militar Grau de Comendador Brasília, 19 de abril de 1996.
TRABALHOS PUBLICADOS
- Mevitevendo - 1977
- Alguém Que Já Não Fui - 1978
- Cada Um No Meu Lugar - 1980
- Ser Jovem - 1981
- Amor A Sim Mesmo - 1984
- Arte de Ser - 1994
- Diário Doido Tempo - 1996
- Rio: Um olhar de amor - 1997
- Leilão do Mim - 1981
- Do Amor, da Vida e da Morte - 1983
- Em Flagrante - 2000
- Do Amor, Ensaio de Enigma - 1983
- A Liberdade do Ver (Televisão em Leitura Crítica) - 1984
- O Ator - 1984
- Comunicação é Mito - 1985
- Notícia, Hiper-Realismo e Ética - Opúsculo - 1995
- A Telenovela Brasileira - 1996
- Calentura - 1986
- Maurice Ravel, Um Feiticeiro Sem Deus - Livro - 1988
- Vozes do Rio - Opúsculo - 1991
- Orestes Barbosa - Opúsculo - 1993
- Centenário da Morte de Brahms - Opúsculo - 1997
- Cem Anos Sem Carlos Gomes - Opúsculo - 1997
- 40 Anos de Bossa Nova - 1998
- Ataulfo Alves 90 anos - Opúsculo - 1999
- TITO MADI - "O Acento Árabe do Canto no Brasil" - Opúsculo - 1999
- Trinta Anos sem Jacob - Opúsculo - 1999
- Nara Leão, o Canto da Resistência - Opúsculo - 1999
- Raul de Leôni - Opúsculo - 1996
- Monteiro Lobato: O imaginário - Opúsculo - 1997
- A Cruz e Sousa em seu Centenário - Opúsculo - 1998
- Liberdade de Ser - 1999
- Rui Barbosa, A Vitória das Derrotas - Opúsculo - 1999
- Sem Organização Partidária não há Democracia - Opúsculo - 1996
- CPIs "Para não acabar em pizza" - Opúsculo - 1999
- Olimpíadas de 2004 - Opúsculo - 1996
- Flamengo, 100 Anos de Paixão - Opúsculo - 1996
- O Viço da Leitura - Opúsculo - 1997
- Mulher - Opúsculo - 1998
- O Drama da Sexualidade Precoce - Opúsculo - 1998
- Publicação não Disponível para o Comércio
- Poema para Palavra
ENTREVISTA COM ARTUR DA TÁVOLA
Realizada em 14/10/2005, por José Reinaldo Marques da Associação Brasileira de Imprensa.
Artur da Távola estabelece com os seus leitores uma cumplicidade inequívoca, uma vez que suas letras findam por confidenciar-se em um idioma que tão bem os olhares da emoção e nosso coração reconhecem. Um diálogo íntimo de sussurros, como se as letras afagassem o nosso olhar, envolvendo a paisagem, onde a palavra se deixou espraiar. Um abraço de afinidade, onde somos enleados pela alma de cada sílaba, em que pulsou o coração do escritor.
Artur da Távola alcança através de sua escrita, o que deseja todo escritor: criar elos nem sempre conhecidos e revelados, onde se espraiam as emoções num misto de reverência e regozijo
Nas palavras de Artur da Távola, deparamo-nos com o infinito, onde nascem os sonhos que dormitam, aguardando pelo encontro entre autor e leitor.
Ao deixarmos nossos olhares na escrita de Artur da Távola, percebemos uma intimidade de gestos e de expressões que vão além da letra consumada e consumida. Suas palavras falam muitas vezes, a palavra do impossível ou do apenas desejado, registrando sob matizes diversos a humanidade do universo, em que se inserem.
Ao lermos Artur da Távola tocamos a alma das palavras. E tanto mais é inquietante e, ao mesmo tempo pacificador este encontro, quanto mais nos permitimos a liberdade do sentir. Nas asas das letras deste escritor alcançamos horizontes inimagináveis, como se fosse o infinito apenas passagem e nunca destino, para aqueles que se permitem este encontro inenarrável com a emoção.
ARTUR DA TAVOLA
Pseudônimo de Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros.
Data de nascimento: 03 de janeiro de 1936
Naturalidade: Rio de Janeiro-RJ
Filiação: Paulo de Deus Moretzsohn Monteiro de Barros
Magdalena Koff Monteiro de Barros
Profissões: Advogado, Jornalista, Radialista, Escritor e Professor.
FORMAÇÃO:
Direito - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - 1954-1959.
Especialista em Educação, formado pela CLAFEE (Centro Latino-americano de Formación de Especialistas en Educación). Convênio UNESCO - Universidade do Chile - Santiago - 1965.
ATIVIDADES DOCENTES:
Professor da Escola de Jornalismo da Fundação Gama Filho - 1960.
Professor Chefe de Cátedra de "Periodismo Audiovisual" na Escola de Periodismo e Comunicação da Universidade do Chile - Santiago - 1966 a 1968.
Vice-Diretor da Escola de Periodismo da Universidade do Chile - Santiago - 1966 a 1968.
Professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro - Cadeira: Produção de Rádio e Televisão - 1974 a 1975.
ATIVIDADES PARTICIPATIVAS DIVERSAS:
Presidente da Comissão de reforma da escola de Jornalismo da Universidade do Chile - Santiago - 1967 a 1968.
Membro da Câmara Técnica do Corredor Cultural da Cidade do Rio de Janeiro - 1979.
1º Vice-Presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) - 1980/1981.
Conferencista em mais de cem oportunidades, em vários Estados abordando os temas - Literatura - Comunicação - Política.
Membro do Pen Clube do Rio de Janeiro.
Membro da Comitiva Oficial do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, em visita oficial ao Chile em 1995, para posse do Presidente Ricardo Lagos.
Membro da Comitiva Oficial do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, em visita oficial a Portugal em 1996.
Aula Magna inaugural nas Universidades Federal Fluminense, Gama Filho, UNIRIO e SUAM - 1995. PUC Porto Alegre - 1999.
Membro da Comitiva Oficial do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em visita oficial ao Chile - Março 2000.
Membro da Comitiva Oficial Brasileira que participou da 103ª Conferência Interparlamentar realizada em Aman (Jordânia) - maio de 2000.
Membro da Academia Virtual de Letras Luso-Brasileira - março de 2005.
O carioca Paulo Alberto é o funcionário mais antigo da Rádio MEC, onde estreou em 1957 e apresenta um programa sobre música clássica. Durante 15 anos, foi colunista do jornal O Globo. Também colaborou com revistas da Bloch Editores e há 18 anos escreve “crônicas sobre a vida” no Dia.
POLÍTICA
Político, escritor, intelectual. Arthur da Távola iniciou sua trajetória política como Presidente do Centro Acadêmico Eduardo Lustosa (CAEL) da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica - 1956/57.
Foi eleito Deputado Constituinte do Estado da Guanabara PTN, de 1960 a 1962, e Deputado à Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara - 1962 a 1964. Teve seu mandato cassado por ocasião do AI-5, em 1964, exilando-se de 1964 a 1968 na Bolívia e no Chile.
Retornou ao Brasil em 1968, antes do Ato Institucional nº 5, para participar nas várias formas de luta de idéias e movimentos pacíficos destinados a recuperar o processo democrático no País.
Retornou ao poder legislativo eleito Deputado Constituinte pelo PMDB-RJ, sendo o mais votado da Bancada – 1987, sendo fundador do PSDB no ano seguinte. Alcançou algumas das posições de maior destaque no partido: Líder do PSDB na Assembléia Nacional Constituinte – 1988, Vice-Presidente Nacional, Líder da bancada do PSDB na Câmara dos Deputados em 1994 e, finalmente, Presidente Nacional do PSDB - 1995 a 1997.
Sua identificação com a cultura nacional foi determinante na atuação em diversos cargos como Presidente da Comissão de Assuntos Culturais, Educação, Ciência e Tecnologia do Parlamento Latino americano (1998/1999), Membro do Parlamento Cultural do MERCOSUL (1998/1999), Presidente da Comissão de Educação, Comunicação, Cultura e Esporte - 1997/1998 e Secretário das Culturas do Município do Rio de Janeiro - Janeiro de 2001.
Sob sua direção editou a revista trimestral de Comunicação, Arte e Educação, "CONTATO" que era distribuída graciosamente para as instituições culturais de todo o Brasil com artigos assinados pelos mais eminentes nomes de todas essas áreas. Lamentavelmente com a não reeleição do Senador em 2002 os seguimentos de cultura nacional perderam muito com a ausência deste brasileiro que sempre lutou para que o Brasil não fosse relegado a segundo ou terceiro plano diante das grandes potências mundiais em termos de letras, artes e educação.
CONDECORAÇÕES:
Ordem do Rio Branco Grau de Oficial Brasília, 20 de abril de 1994.
Ordem do Infante D. Henrique Grau de Gran Cruz Lisboa, 20 de julho de 1995.
Ordem de Bernardo O'Higgins Grau de Gran Cruz Santiago do Chile, 9 de março de 1995.
Ordem do Mérito Naval Grau de Grande Oficial Brasília, 11 de junho de 1995.
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Colar do Mérito Judiciário Rio de Janeiro, 8 de dezembro de 1995.
Ordem do Mérito Militar Grau de Comendador Brasília, 19 de abril de 1996.
TRABALHOS PUBLICADOS
- Mevitevendo - 1977
- Alguém Que Já Não Fui - 1978
- Cada Um No Meu Lugar - 1980
- Ser Jovem - 1981
- Amor A Sim Mesmo - 1984
- Arte de Ser - 1994
- Diário Doido Tempo - 1996
- Rio: Um olhar de amor - 1997
- Leilão do Mim - 1981
- Do Amor, da Vida e da Morte - 1983
- Em Flagrante - 2000
- Do Amor, Ensaio de Enigma - 1983
- A Liberdade do Ver (Televisão em Leitura Crítica) - 1984
- O Ator - 1984
- Comunicação é Mito - 1985
- Notícia, Hiper-Realismo e Ética - Opúsculo - 1995
- A Telenovela Brasileira - 1996
- Calentura - 1986
- Maurice Ravel, Um Feiticeiro Sem Deus - Livro - 1988
- Vozes do Rio - Opúsculo - 1991
- Orestes Barbosa - Opúsculo - 1993
- Centenário da Morte de Brahms - Opúsculo - 1997
- Cem Anos Sem Carlos Gomes - Opúsculo - 1997
- 40 Anos de Bossa Nova - 1998
- Ataulfo Alves 90 anos - Opúsculo - 1999
- TITO MADI - "O Acento Árabe do Canto no Brasil" - Opúsculo - 1999
- Trinta Anos sem Jacob - Opúsculo - 1999
- Nara Leão, o Canto da Resistência - Opúsculo - 1999
- Raul de Leôni - Opúsculo - 1996
- Monteiro Lobato: O imaginário - Opúsculo - 1997
- A Cruz e Sousa em seu Centenário - Opúsculo - 1998
- Liberdade de Ser - 1999
- Rui Barbosa, A Vitória das Derrotas - Opúsculo - 1999
- Sem Organização Partidária não há Democracia - Opúsculo - 1996
- CPIs "Para não acabar em pizza" - Opúsculo - 1999
- Olimpíadas de 2004 - Opúsculo - 1996
- Flamengo, 100 Anos de Paixão - Opúsculo - 1996
- O Viço da Leitura - Opúsculo - 1997
- Mulher - Opúsculo - 1998
- O Drama da Sexualidade Precoce - Opúsculo - 1998
- Publicação não Disponível para o Comércio
- Poema para Palavra
ENTREVISTA COM ARTUR DA TÁVOLA
Realizada em 14/10/2005, por José Reinaldo Marques da Associação Brasileira de Imprensa.
ABI Online — Por que o pseudônimo?
Artur da Távola — Eu era editor de Cidade na Última Hora e assinava com o meu nome, Paulo Alberto, uma coluna chamada “Cidade livre”. Quando foi decretado o Ato Institucional nº 5, quem, como eu, já tinha problemas políticos precisou se esconder. Quando a coisa foi-se normalizando, o Samuel Wainer me chamou e me aconselhou a arranjar um pseudônimo e passar a escrever sobre televisão. Aí me veio à cabeça o nome de Artur da Távola.
ABI Online — Isso foi logo após seu retorno do exílio?
Artur da Távola — Sim. A convite do Samuel Wainer, fui trabalhar na Última Hora com o Tarso de Castro, o Nelson Motta, que na época era um garoto, e o Luiz Carlos Maciel. E lá encontrei Moacyr Werneck de Castro e Otávio Malta, habituais colaboradores do Samuel.
ABI Online — Quando o senhor decidiu voltar ao Brasil?
Artur da Távola — Vivia no Chile, em 68, quando o Costa e Silva anunciou que os brasileiros que quisessem voltar não seriam incomodados. Só duas pessoas acreditaram nele: o Samuel e eu. Minha primeira mulher veio na frente com meus filhos e eu fiquei na casa do Plínio de Arruda Sampaio. Cheguei um mês depois e fui trabalhar na UH.
ABI Online — Que tipo de comentários o senhor fazia sobre TV?
Artur da Távola — Naquela época era muito comum os intelectuais e os jornalistas arrasarem com a televisão, veículo em que trabalhei no Chile. Mas segui a sugestão do Samuel, no sentido de fazer uma coluna analítica. No começo eu me apresentava como um velho aposentado, que ficava numa cadeira de rodas diante da TV, minha única diversão.
ABI Online — Depois da UH e da Bloch, veio O Globo?
Artur da Távola — Um belo dia, o Evandro Carlos de Andrade, que chefiava a Redação, me chamou para escrever no jornal. Mas eu disse ao Evandro: como é que eu vou fazer crítica de TV no Globo? Ele me disse: “Deixa comigo, vamos tentar.” Durante 15 anos, ele adotou a seguinte técnica: com o Roberto Marinho, defendia a minha posição quando eu criticava a Globo; comigo, defendia a posição do jornal. Quando não tinha jeito, ele me aconselhava a ir conversar com o Dr. Roberto.
ABI Online — Houve algum período mais difícil?
Artur da Távola — Quando ele demitiu o Walter Clark e assumiu a TV, achei que ia complicar, pois, se eu criticasse, estaria criticando o patrão. Mas foi justamente nesse período que ele absorveu muito melhor as minhas críticas. Para alguns colegas, eu fazia “o jogo” da TV Globo. Não era verdade. Muita gente da TV pediu minha cabeça diversas vezes e dizia que eu não podia emitir opiniões contrárias à emissora sendo funcionário das Organizações Globo.
ABI Online — Qual era o tom das suas críticas?
Artur da Távola — Primeiro, analisava mais do que opinava. Depois, destacava o trabalho de profissionais sem bajular a empresa e buscava infiltrar material de crônica na análise que fazia — especialmente nos comentários sobre novelas, que tinha autores muito talentosos, a maioria banida do teatro pela censura e levando material político e de reflexão para o telespectador.
ABI Online — Quanto tempo o durou o seu trabalho como crítico de TV?
Artur da Távola — Eu me demiti em 87, quando fui eleito Deputado e o Mário Covas me convidou para ser relator, na Constituinte, de um capítulo grande que incluía educação, cultura e comunicação, segmento da empresa em que eu trabalhava.
ABI Online — Como avalia seu trabalho como constituinte?
Artur da Távola — Bem, o capítulo da comunicação até hoje está aí, ninguém nunca tentou mudar nada. Todas as defesas contra a censura e pela regionalização de produção e a criação do Conselho de Comunicação nós conseguimos ganhar.
ABI Online — O senhor foi professor de Jornalismo no Chile. Ainda leciona?
Artur da Távola — Não, porque eu notava que apenas 30% dos alunos se interessavam pelas aulas. Cheguei à conclusão de que não valia a pena o esforço e resolvi transformar o meu conhecimento em Comunicação em livros. Escrevi vários sobre o tema.
ABI Online — O senhor escreveu sobre a liberdade de imprensa. Acha que ela vem sendo exercida satisfatoriamente no Brasil?
Artur da Távola — De uns dez anos para cá, tem havido um grande aparelhamento partidário nas redações. É preciso ressaltar que a liberdade de imprensa deverá respeitar também os direitos do receptor da informação, que deverá recebê-la sem condicionamentos, vista de todos os ângulos. Nós, jornalistas, nos preocupamos muito mais com a nossa liberdade de comunicar, que é fundamental, do que com o direito de quem está do outro lado da notícia.
ABI Online — Quando retomou o contato com a imprensa, escrevendo no Dia, foi novamente fazendo crítica de televisão?
Artur da Távola — Não. Eu disse que não gostaria mais de escrever sobre o tema. Então me pediram que fizesse crônicas variadas, e eu topei. Adoro o gênero e o escrevo até hoje. Só no Dia, já são quase 18 anos escrevendo crônicas sem parar.
BI Online — O senhor é uma figura pública e um intelectual de prestígio, que atua com desenvoltura na política, na imprensa e na literatura. Como é dar conta de tantas atividades?
Artur da Távola — Não me considero um intelectual de prestígio, sou uma pessoa respeitada. Inclusive, nos meus livros, eu confesso que sinto falta de prestígio intelectual.
ABI Online — Por quê?
Artur da Távola — Intelectual não lê o que eu escrevo, porque eu tenho muita preocupação de escrever para o grande público. E eu escrevo crônica, que é considerado um gênero menor. Não é, mas foi caracterizado assim.
ABI Online — O senhor se considera vítima de algum tipo de patrulhamento?
Artur da Távola — Quando eu entrei para a política eu acho que tive a coragem de abraçar uma atividade que a intelectualidade não compreendia e até hoje não compreendeu.
ABI Online — Em alguns círculos, dizem que a sua não reeleição para o Senado enfraqueceu o quadro político cujos projetos destacavam a cultura brasileira. O senhor concorda?
Artur da Távola — Acho que isso aconteceu realmente, porque eu me dediquei muito à área. Fui Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Comunicação do Senado e participei diretamente dos seis anos de tramitação do projeto de lei de diretrizes e bases da educação no Congresso Nacional, cujo relator foi o Darcy Ribeiro.
ABI Online — Esta sua atuação teve a visibilidade merecida?
Artur da Távola — O que eu posso dizer é que, em termos de mídia, há um abismo entre o que um parlamentar faz em Brasília e a repercussão em seu Estado, a menos que ele se envolva em algum escândalo.
ABI Online — O senhor poderia explicar isso melhor?
Artur da Távola — Ninguém faz cobertura de Comissão ou de trabalho. E isso vem sendo o comportamento geral, principalmente depois que o jornalismo enveredou pela linha da notícia como entretenimento. Este fenômeno não acontece apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Vivemos uma era em que os modelos televisivos influenciam o formato do telejornalismo e da imprensa, embora os jornais ainda tenham articulistas capazes de exercer um papel de reflexão de muito boa qualidade.
ABI Online — Qual é o principal defeito desse jornalismo que o senhor classifica como de entretenimento?
Artur da Távola — É opinar em manchete. Sou de uma geração que nunca usou esse expediente; manchete era só para informar, ainda que fosse sobre algo grandioso e brutal como a guerra. De uma década para cá, é possível observar o quanto as editorias opinam na edição da matéria e das manchetes, muitas vezes em função da competição entre os jornais.
ABI Online — Nesse contexto, de que maneira o público pode ser afetado?
Artur da Távola —Isso leva à tendência de julgamentos muito rápidos e superficiais das matérias, o que não é bom nem para o veículo, nem para o seu público.
ABI Online — Qual é a avaliação que o senhor faz desse comportamento da mídia?
Artur da Távola — O jornalismo vive, atualmente, uma trepidação constante de empresas que têm que alcançar grande tiragem ou audiência para conseguir vender os espaços publicitários que lhes trazem os lucros — que, aliás, não são pequenos.
ABI Online — O que o senhor acha do jornalismo investigativo brasileiro?
Artur da Távola — A tecnologia ajudou muito no desenvolvimento desse campo do jornalismo, com suas máquinas de capturar som e imagem. Mas em certos momentos ele se deixa contaminar pelo denuncismo. Às vezes há uma tendência de se tratar o indício como sintoma, o sintoma como fato, o fato como julgamento, o julgamento como condenação e a condenação como linchamento.
ABI Online — E quais seriam os pontos positivos da investigação jornalística?
Artur da Távola — Há uma emersão de talento no jornalismo brasileiro da ditadura para cá. Muita podridão tem vindo à tona graças ao esforço do jornalismo e aos seus defeitos, que vão se corrigindo no andamento do processo. Acho que os jornalistas mais conseqüentes se deram conta desse problema e têm lutado contra a arrogância do jornalismo e o autoritarismo enfático nos veículos de grande circulação.
ABI Online — De que tipo de linha editorial o senhor sente falta?
Artur da Távola — Do jornalismo de idéias, que marcou um tempo e também sumiu.
ABI Online — Por exemplo?
Artur da Távola — Os jornais comunistas, católicos etc., todos eles refluíram para publicações mais fechadas e mais alternativas. Na Europa, os jornais do Partido Comunista ainda se mantêm, mas há uma tendência à diluição, principalmente depois da queda do Muro de Berlim. Mas há outros aspectos relevantes que eu poderia destacar sobre a mídia nacional.
ABI Online — Quais?
Artur da Távola — Há um que nunca é observado e acontece com muito mais freqüência na TV: deprimir a população nos noticiários e euforizá-la nos comerciais. Trata-se de uma estratégia do sistema produtor, para mostrar que tudo o que vem do consumo, da indústria e do capital é a beleza, é a gente alegre e vencedora. Então, teoricamente, o que tem a ver com a realidade deprime e o que tem a ver com o consumo euforiza.
ABI Online — Todos os veículos de comunicação trabalham nessa linha?
Artur da Távola — Como eu já citei, o jornal ainda é um reduto de articulistas de alto grau de independência, até porque os donos de jornais sabem que há uma massa crítica no País que precisa ser alimentada. E a TV a cabo dá também uma cota muito interessante de matéria para o público mais exigente e formador de opinião. No rádio predomina o populismo, tanto na faixa AM como na FM.
BI Online — Dá para o senhor fazer uma análise do populismo do rádio em relação à qualidade do seu noticiário?
Artur da Távola — O radiojornalismo tornou-se mais urgente do que analítico, ou seja, a rapidez da informação é mais importante do que aprofundar e analisar o assunto.
ABI Online — Essa correria não aumenta o risco de erros de reportagem?
Artur da Távola — A pressa do furo determina algumas conclusões nem sempre adequadas, pois muitas vezes as fontes não são checadas.
ABI Online — Como o senhor avalia os investimentos em programas jornalísticos que vêm sendo feitos pelas emissoras de rádio e TV?
Artur da Távola — Apesar da urgência das matérias, aumentaram os investimentos no jornalismo. A quantidade de repórteres que as emissoras têm hoje é muito grande. Nunca houve uma fase como essa, com tantos jornalistas trabalhando em várias frentes até nos veículos mais populares.
ABI Online — O senhor é um homem que atua em várias frentes. Como dá conta de tantas tarefas?
Artur da Távola — Às vezes eu mesmo me espanto. Afinal, vou completar 70 anos... Toda semana, faço três crônicas para O Dia, dois programas na Rádio MEC, quatro no Senado (três de rádio e um de TV) e um de música erudita na TV Cultura, em São Paulo. Como gosto de todas essas coisas, consigo dar conta.
ABI Online — Qual das atividades lhe dá mais prazer?
Artur da Távola — Todas se equivalem, mas tenho uma paixãozinha secreta pelo rádio. Em função da tecnologia, sua comunicação com o ouvinte, na sua escuta solitária, traz um grau de intimidade e aceitação maior que o da televisão. Esta é dominada pelo olhar, mais volúvel que a audição.
ABI Online — Quando se deu seu primeiro contato com o rádio?
Artur da Távola — Na juventude. E o meu primeiro emprego jornalístico foi na Rádio MEC, que ano que vem faz 70 anos, como eu. Atualmente sou o funcionário mais antigo da emissora.
ABI Online — Sua formação jornalística vem da Rádio MEC?
Artur da Távola — Ali fui obrigado a improvisar, o que era essencial nas transmissões externas antigamente e me deu uma boa base. Outra experiência notável na minha vida foi a passagem pelo jornal O Metropolitano, da União Metropolitana dos Estudantes. Ele era todo feito por estudantes e circulava encartado no Diário de Notícias, aos domingos. Foi onde eu aprendi a fazer jornalismo impresso. Depois, tive forte influência do Samuel Wainer, que foi um grande mestre.
ABI Online — E de onde vem o seu estilo como cronista?
Artur da Távola — Do ponto de vista literário, sempre fui um enamorado da crônica, que é um dos gêneros mais encontrados na coleção de livros que mantenho em casa. É uma pena que ela esteja desaparecendo do jornalismo. Na minha concepção, a crônica é tão importante para um jornal como um jardim é para uma cidade.
ABI Online — O senhor recebe muitas manifestações de leitores sobre suas crônicas?
Artur da Távola — Sim. O que eu não tenho em prestígio intelectual, recebo dos leitores participantes. No Dia, chegam muitas cartas e e-mails.
ABI Online — O senhor mencionou há pouco sua coleção de livros...
Artur da Távola — Além dos livros de crônicas, também coleciono obras sobre música e biografias de santos, que leio por um interesse misterioso que não sei qual é. Estas são as três coisas que eu mais leio habitualmente.
ABI Online — Quantos volumes tem a sua biblioteca?
Artur da Távola — Cerca de 4 mil, mas já teve muito mais. Recentemente doei essa mesma quantidade de livros a uma universidade.
ABI Online — E o seu acervo musical?
Artur da Távola — Também tenho cerca de 4 mil discos e uma coleção formidável de publicações sobre música, de coisas recentes às antigas, compradas em sebos. Estou escrevendo um livro sobre música clássica, em que enumero as cem obras indispensáveis desse segmento e comento cada uma.
ABI Online — Em que estágio se encontra a cultura nacional?
Artur da Távola — O Brasil tem uma capacidade descomunal de produção cultural, mas tem problemas nos canais de distribuição da cultura. Política cultural que não cuide desse processo não é política para o povo brasileiro. Outro ponto negativo é que se gasta muito dinheiro proveniente da Lei Rouanet com a aprovação de projetos muito caros, quando se poderia viabilizar eventos mais baratos e irradiar a ação cultural até as periferias.
ABI Online — O que o senhor acha do trabalho de Gilberto Gil no Ministério da Cultura?
Artur da Távola — Sou suspeito para falar do Gil porque gosto muito dele, sou seu amigo, mas discordo dos que reclamam do fato de ele estar no Ministério e continuar sendo um artista. Acho importantíssimo ter um artista como Ministro. E o Gil sabe perfeitamente distinguir o que é oficial da sua carreira. Ele não pode fazer mais porque o Ministério da Cultura não tem dinheiro; a verba só dá para fazer a manutenção do que já existe.
ABI Online — Então, o que é preciso mudar na política cultural do País?
Artur da Távola — Investir mais dinheiro e considerar que a cultura é um bem de primeira necessidade que tem tudo a ver com a evolução civilizadora do povo. A cultura é tão importante quanto gastar dinheiro com estrada e com saúde.
ABI Online — Fale da sua relação com a Associação Brasileira de Imprensa.
Artur da Távola — Quando retornei do exílio, fui chamado para ser Vice-Presidente da ABI pelo Dr. Barbosa Lima Sobrinho. Este é um grande momento da minha vida e do qual tenho um grande orgulho. Fiquei encarregado da parte de assistência social. E há uma passagem que eu nunca vou esquecer.
ABI Online — Qual?
Artur da Távola — Foi o período em que a direita estava colocando bombas em bancas de jornal. Um dia nós fomos chamados por causa de uma bomba que havia sido colocada na ABI. Encontramos o Dr. Barbosa Lima na portaria com os bombeiros. Ele, que era um homem muito sereno, naquele dia nos deu uma bronca e disse: “Vocês não vão entrar, porque eu é que sou um homem idoso e que já cumpri com os meus deveres com a vida e, se eu tiver que explodir, vocês têm que ficar para continuar a luta.”
ABI Online — E a sua participação na ABI atualmente?
Artur da Távola — Hoje eu olho o Conselho e vejo pessoas que lutaram a vida inteira por uma causa política. São colegas que já estão fora do poder dentro da imprensa, mas continuam lutando para erguer a instituição.
Fontes:
http://www.fernandaguimaraes.com.br/textos/artur/apresentacao_artur_tavola.html
http://www.vaniadiniz.pro.br/jornal_ecos/Bio_artur.htm http://www.senado.gov.br/sf/senadores/senadores_biografia.asp
http://pt.wikipedia.org/
http://www.abi.org.br/paginaindividual.asp?id=775
Artur da Távola — Eu era editor de Cidade na Última Hora e assinava com o meu nome, Paulo Alberto, uma coluna chamada “Cidade livre”. Quando foi decretado o Ato Institucional nº 5, quem, como eu, já tinha problemas políticos precisou se esconder. Quando a coisa foi-se normalizando, o Samuel Wainer me chamou e me aconselhou a arranjar um pseudônimo e passar a escrever sobre televisão. Aí me veio à cabeça o nome de Artur da Távola.
ABI Online — Isso foi logo após seu retorno do exílio?
Artur da Távola — Sim. A convite do Samuel Wainer, fui trabalhar na Última Hora com o Tarso de Castro, o Nelson Motta, que na época era um garoto, e o Luiz Carlos Maciel. E lá encontrei Moacyr Werneck de Castro e Otávio Malta, habituais colaboradores do Samuel.
ABI Online — Quando o senhor decidiu voltar ao Brasil?
Artur da Távola — Vivia no Chile, em 68, quando o Costa e Silva anunciou que os brasileiros que quisessem voltar não seriam incomodados. Só duas pessoas acreditaram nele: o Samuel e eu. Minha primeira mulher veio na frente com meus filhos e eu fiquei na casa do Plínio de Arruda Sampaio. Cheguei um mês depois e fui trabalhar na UH.
ABI Online — Que tipo de comentários o senhor fazia sobre TV?
Artur da Távola — Naquela época era muito comum os intelectuais e os jornalistas arrasarem com a televisão, veículo em que trabalhei no Chile. Mas segui a sugestão do Samuel, no sentido de fazer uma coluna analítica. No começo eu me apresentava como um velho aposentado, que ficava numa cadeira de rodas diante da TV, minha única diversão.
ABI Online — Depois da UH e da Bloch, veio O Globo?
Artur da Távola — Um belo dia, o Evandro Carlos de Andrade, que chefiava a Redação, me chamou para escrever no jornal. Mas eu disse ao Evandro: como é que eu vou fazer crítica de TV no Globo? Ele me disse: “Deixa comigo, vamos tentar.” Durante 15 anos, ele adotou a seguinte técnica: com o Roberto Marinho, defendia a minha posição quando eu criticava a Globo; comigo, defendia a posição do jornal. Quando não tinha jeito, ele me aconselhava a ir conversar com o Dr. Roberto.
ABI Online — Houve algum período mais difícil?
Artur da Távola — Quando ele demitiu o Walter Clark e assumiu a TV, achei que ia complicar, pois, se eu criticasse, estaria criticando o patrão. Mas foi justamente nesse período que ele absorveu muito melhor as minhas críticas. Para alguns colegas, eu fazia “o jogo” da TV Globo. Não era verdade. Muita gente da TV pediu minha cabeça diversas vezes e dizia que eu não podia emitir opiniões contrárias à emissora sendo funcionário das Organizações Globo.
ABI Online — Qual era o tom das suas críticas?
Artur da Távola — Primeiro, analisava mais do que opinava. Depois, destacava o trabalho de profissionais sem bajular a empresa e buscava infiltrar material de crônica na análise que fazia — especialmente nos comentários sobre novelas, que tinha autores muito talentosos, a maioria banida do teatro pela censura e levando material político e de reflexão para o telespectador.
ABI Online — Quanto tempo o durou o seu trabalho como crítico de TV?
Artur da Távola — Eu me demiti em 87, quando fui eleito Deputado e o Mário Covas me convidou para ser relator, na Constituinte, de um capítulo grande que incluía educação, cultura e comunicação, segmento da empresa em que eu trabalhava.
ABI Online — Como avalia seu trabalho como constituinte?
Artur da Távola — Bem, o capítulo da comunicação até hoje está aí, ninguém nunca tentou mudar nada. Todas as defesas contra a censura e pela regionalização de produção e a criação do Conselho de Comunicação nós conseguimos ganhar.
ABI Online — O senhor foi professor de Jornalismo no Chile. Ainda leciona?
Artur da Távola — Não, porque eu notava que apenas 30% dos alunos se interessavam pelas aulas. Cheguei à conclusão de que não valia a pena o esforço e resolvi transformar o meu conhecimento em Comunicação em livros. Escrevi vários sobre o tema.
ABI Online — O senhor escreveu sobre a liberdade de imprensa. Acha que ela vem sendo exercida satisfatoriamente no Brasil?
Artur da Távola — De uns dez anos para cá, tem havido um grande aparelhamento partidário nas redações. É preciso ressaltar que a liberdade de imprensa deverá respeitar também os direitos do receptor da informação, que deverá recebê-la sem condicionamentos, vista de todos os ângulos. Nós, jornalistas, nos preocupamos muito mais com a nossa liberdade de comunicar, que é fundamental, do que com o direito de quem está do outro lado da notícia.
ABI Online — Quando retomou o contato com a imprensa, escrevendo no Dia, foi novamente fazendo crítica de televisão?
Artur da Távola — Não. Eu disse que não gostaria mais de escrever sobre o tema. Então me pediram que fizesse crônicas variadas, e eu topei. Adoro o gênero e o escrevo até hoje. Só no Dia, já são quase 18 anos escrevendo crônicas sem parar.
BI Online — O senhor é uma figura pública e um intelectual de prestígio, que atua com desenvoltura na política, na imprensa e na literatura. Como é dar conta de tantas atividades?
Artur da Távola — Não me considero um intelectual de prestígio, sou uma pessoa respeitada. Inclusive, nos meus livros, eu confesso que sinto falta de prestígio intelectual.
ABI Online — Por quê?
Artur da Távola — Intelectual não lê o que eu escrevo, porque eu tenho muita preocupação de escrever para o grande público. E eu escrevo crônica, que é considerado um gênero menor. Não é, mas foi caracterizado assim.
ABI Online — O senhor se considera vítima de algum tipo de patrulhamento?
Artur da Távola — Quando eu entrei para a política eu acho que tive a coragem de abraçar uma atividade que a intelectualidade não compreendia e até hoje não compreendeu.
ABI Online — Em alguns círculos, dizem que a sua não reeleição para o Senado enfraqueceu o quadro político cujos projetos destacavam a cultura brasileira. O senhor concorda?
Artur da Távola — Acho que isso aconteceu realmente, porque eu me dediquei muito à área. Fui Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Comunicação do Senado e participei diretamente dos seis anos de tramitação do projeto de lei de diretrizes e bases da educação no Congresso Nacional, cujo relator foi o Darcy Ribeiro.
ABI Online — Esta sua atuação teve a visibilidade merecida?
Artur da Távola — O que eu posso dizer é que, em termos de mídia, há um abismo entre o que um parlamentar faz em Brasília e a repercussão em seu Estado, a menos que ele se envolva em algum escândalo.
ABI Online — O senhor poderia explicar isso melhor?
Artur da Távola — Ninguém faz cobertura de Comissão ou de trabalho. E isso vem sendo o comportamento geral, principalmente depois que o jornalismo enveredou pela linha da notícia como entretenimento. Este fenômeno não acontece apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Vivemos uma era em que os modelos televisivos influenciam o formato do telejornalismo e da imprensa, embora os jornais ainda tenham articulistas capazes de exercer um papel de reflexão de muito boa qualidade.
ABI Online — Qual é o principal defeito desse jornalismo que o senhor classifica como de entretenimento?
Artur da Távola — É opinar em manchete. Sou de uma geração que nunca usou esse expediente; manchete era só para informar, ainda que fosse sobre algo grandioso e brutal como a guerra. De uma década para cá, é possível observar o quanto as editorias opinam na edição da matéria e das manchetes, muitas vezes em função da competição entre os jornais.
ABI Online — Nesse contexto, de que maneira o público pode ser afetado?
Artur da Távola —Isso leva à tendência de julgamentos muito rápidos e superficiais das matérias, o que não é bom nem para o veículo, nem para o seu público.
ABI Online — Qual é a avaliação que o senhor faz desse comportamento da mídia?
Artur da Távola — O jornalismo vive, atualmente, uma trepidação constante de empresas que têm que alcançar grande tiragem ou audiência para conseguir vender os espaços publicitários que lhes trazem os lucros — que, aliás, não são pequenos.
ABI Online — O que o senhor acha do jornalismo investigativo brasileiro?
Artur da Távola — A tecnologia ajudou muito no desenvolvimento desse campo do jornalismo, com suas máquinas de capturar som e imagem. Mas em certos momentos ele se deixa contaminar pelo denuncismo. Às vezes há uma tendência de se tratar o indício como sintoma, o sintoma como fato, o fato como julgamento, o julgamento como condenação e a condenação como linchamento.
ABI Online — E quais seriam os pontos positivos da investigação jornalística?
Artur da Távola — Há uma emersão de talento no jornalismo brasileiro da ditadura para cá. Muita podridão tem vindo à tona graças ao esforço do jornalismo e aos seus defeitos, que vão se corrigindo no andamento do processo. Acho que os jornalistas mais conseqüentes se deram conta desse problema e têm lutado contra a arrogância do jornalismo e o autoritarismo enfático nos veículos de grande circulação.
ABI Online — De que tipo de linha editorial o senhor sente falta?
Artur da Távola — Do jornalismo de idéias, que marcou um tempo e também sumiu.
ABI Online — Por exemplo?
Artur da Távola — Os jornais comunistas, católicos etc., todos eles refluíram para publicações mais fechadas e mais alternativas. Na Europa, os jornais do Partido Comunista ainda se mantêm, mas há uma tendência à diluição, principalmente depois da queda do Muro de Berlim. Mas há outros aspectos relevantes que eu poderia destacar sobre a mídia nacional.
ABI Online — Quais?
Artur da Távola — Há um que nunca é observado e acontece com muito mais freqüência na TV: deprimir a população nos noticiários e euforizá-la nos comerciais. Trata-se de uma estratégia do sistema produtor, para mostrar que tudo o que vem do consumo, da indústria e do capital é a beleza, é a gente alegre e vencedora. Então, teoricamente, o que tem a ver com a realidade deprime e o que tem a ver com o consumo euforiza.
ABI Online — Todos os veículos de comunicação trabalham nessa linha?
Artur da Távola — Como eu já citei, o jornal ainda é um reduto de articulistas de alto grau de independência, até porque os donos de jornais sabem que há uma massa crítica no País que precisa ser alimentada. E a TV a cabo dá também uma cota muito interessante de matéria para o público mais exigente e formador de opinião. No rádio predomina o populismo, tanto na faixa AM como na FM.
BI Online — Dá para o senhor fazer uma análise do populismo do rádio em relação à qualidade do seu noticiário?
Artur da Távola — O radiojornalismo tornou-se mais urgente do que analítico, ou seja, a rapidez da informação é mais importante do que aprofundar e analisar o assunto.
ABI Online — Essa correria não aumenta o risco de erros de reportagem?
Artur da Távola — A pressa do furo determina algumas conclusões nem sempre adequadas, pois muitas vezes as fontes não são checadas.
ABI Online — Como o senhor avalia os investimentos em programas jornalísticos que vêm sendo feitos pelas emissoras de rádio e TV?
Artur da Távola — Apesar da urgência das matérias, aumentaram os investimentos no jornalismo. A quantidade de repórteres que as emissoras têm hoje é muito grande. Nunca houve uma fase como essa, com tantos jornalistas trabalhando em várias frentes até nos veículos mais populares.
ABI Online — O senhor é um homem que atua em várias frentes. Como dá conta de tantas tarefas?
Artur da Távola — Às vezes eu mesmo me espanto. Afinal, vou completar 70 anos... Toda semana, faço três crônicas para O Dia, dois programas na Rádio MEC, quatro no Senado (três de rádio e um de TV) e um de música erudita na TV Cultura, em São Paulo. Como gosto de todas essas coisas, consigo dar conta.
ABI Online — Qual das atividades lhe dá mais prazer?
Artur da Távola — Todas se equivalem, mas tenho uma paixãozinha secreta pelo rádio. Em função da tecnologia, sua comunicação com o ouvinte, na sua escuta solitária, traz um grau de intimidade e aceitação maior que o da televisão. Esta é dominada pelo olhar, mais volúvel que a audição.
ABI Online — Quando se deu seu primeiro contato com o rádio?
Artur da Távola — Na juventude. E o meu primeiro emprego jornalístico foi na Rádio MEC, que ano que vem faz 70 anos, como eu. Atualmente sou o funcionário mais antigo da emissora.
ABI Online — Sua formação jornalística vem da Rádio MEC?
Artur da Távola — Ali fui obrigado a improvisar, o que era essencial nas transmissões externas antigamente e me deu uma boa base. Outra experiência notável na minha vida foi a passagem pelo jornal O Metropolitano, da União Metropolitana dos Estudantes. Ele era todo feito por estudantes e circulava encartado no Diário de Notícias, aos domingos. Foi onde eu aprendi a fazer jornalismo impresso. Depois, tive forte influência do Samuel Wainer, que foi um grande mestre.
ABI Online — E de onde vem o seu estilo como cronista?
Artur da Távola — Do ponto de vista literário, sempre fui um enamorado da crônica, que é um dos gêneros mais encontrados na coleção de livros que mantenho em casa. É uma pena que ela esteja desaparecendo do jornalismo. Na minha concepção, a crônica é tão importante para um jornal como um jardim é para uma cidade.
ABI Online — O senhor recebe muitas manifestações de leitores sobre suas crônicas?
Artur da Távola — Sim. O que eu não tenho em prestígio intelectual, recebo dos leitores participantes. No Dia, chegam muitas cartas e e-mails.
ABI Online — O senhor mencionou há pouco sua coleção de livros...
Artur da Távola — Além dos livros de crônicas, também coleciono obras sobre música e biografias de santos, que leio por um interesse misterioso que não sei qual é. Estas são as três coisas que eu mais leio habitualmente.
ABI Online — Quantos volumes tem a sua biblioteca?
Artur da Távola — Cerca de 4 mil, mas já teve muito mais. Recentemente doei essa mesma quantidade de livros a uma universidade.
ABI Online — E o seu acervo musical?
Artur da Távola — Também tenho cerca de 4 mil discos e uma coleção formidável de publicações sobre música, de coisas recentes às antigas, compradas em sebos. Estou escrevendo um livro sobre música clássica, em que enumero as cem obras indispensáveis desse segmento e comento cada uma.
ABI Online — Em que estágio se encontra a cultura nacional?
Artur da Távola — O Brasil tem uma capacidade descomunal de produção cultural, mas tem problemas nos canais de distribuição da cultura. Política cultural que não cuide desse processo não é política para o povo brasileiro. Outro ponto negativo é que se gasta muito dinheiro proveniente da Lei Rouanet com a aprovação de projetos muito caros, quando se poderia viabilizar eventos mais baratos e irradiar a ação cultural até as periferias.
ABI Online — O que o senhor acha do trabalho de Gilberto Gil no Ministério da Cultura?
Artur da Távola — Sou suspeito para falar do Gil porque gosto muito dele, sou seu amigo, mas discordo dos que reclamam do fato de ele estar no Ministério e continuar sendo um artista. Acho importantíssimo ter um artista como Ministro. E o Gil sabe perfeitamente distinguir o que é oficial da sua carreira. Ele não pode fazer mais porque o Ministério da Cultura não tem dinheiro; a verba só dá para fazer a manutenção do que já existe.
ABI Online — Então, o que é preciso mudar na política cultural do País?
Artur da Távola — Investir mais dinheiro e considerar que a cultura é um bem de primeira necessidade que tem tudo a ver com a evolução civilizadora do povo. A cultura é tão importante quanto gastar dinheiro com estrada e com saúde.
ABI Online — Fale da sua relação com a Associação Brasileira de Imprensa.
Artur da Távola — Quando retornei do exílio, fui chamado para ser Vice-Presidente da ABI pelo Dr. Barbosa Lima Sobrinho. Este é um grande momento da minha vida e do qual tenho um grande orgulho. Fiquei encarregado da parte de assistência social. E há uma passagem que eu nunca vou esquecer.
ABI Online — Qual?
Artur da Távola — Foi o período em que a direita estava colocando bombas em bancas de jornal. Um dia nós fomos chamados por causa de uma bomba que havia sido colocada na ABI. Encontramos o Dr. Barbosa Lima na portaria com os bombeiros. Ele, que era um homem muito sereno, naquele dia nos deu uma bronca e disse: “Vocês não vão entrar, porque eu é que sou um homem idoso e que já cumpri com os meus deveres com a vida e, se eu tiver que explodir, vocês têm que ficar para continuar a luta.”
ABI Online — E a sua participação na ABI atualmente?
Artur da Távola — Hoje eu olho o Conselho e vejo pessoas que lutaram a vida inteira por uma causa política. São colegas que já estão fora do poder dentro da imprensa, mas continuam lutando para erguer a instituição.
Fontes:
http://www.fernandaguimaraes.com.br/textos/artur/apresentacao_artur_tavola.html
http://www.vaniadiniz.pro.br/jornal_ecos/Bio_artur.htm http://www.senado.gov.br/sf/senadores/senadores_biografia.asp
http://pt.wikipedia.org/
http://www.abi.org.br/paginaindividual.asp?id=775
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