CAMA VAZIA
Na cama vazia, uma sombra fenece,
Suspiro se solta, vestido de louco,
A mão que procura se perde, arrefece,
Por ter tido muito e sobrado tão pouco.
Cortinas, espelhos, sofás, almofadas,
Imóveis na espera do quê que não volta,
Relembram a mágoa das noites paradas
Nos lençóis de linho em fúria revolta.
O quarto esquecido em solidão de ausência,
A mão que procura e tacteia pra nada...
Navegam no escuro batéis de demência,
Que a mancha da noite morreu de cansada.
Se há gritos na rua, ou são arvoredos
Ou gente que berra no seu desvario,
Fugindo à desgraça, à sombra dos medos,
Ou pobre mendigo tremendo de frio.
Será pois da morte o escuro capote,
De cal a brancura da face sombria?
Será uma musa, ditando algum mote
P’ra versos de raiva p’la cama vazia?
Quem há de fazer um poema perfeito,
Quintilhas ou odes à viva saudade,
Se a mão, percorrendo esse lado do leito,
Só toca na angústia da triste verdade!
A marcha das horas remarca infinito
E, lentos, os passos de quem já não vem,
Perdidos agora, não são mais que mito
Ou são cantarinhas perdidas além.
Nas voltas e voltas, estria madura,
O sono não vem e, nas horas que vão,
Desejos de agora não são mais loucura
E a ausência não pode ter graça ou perdão.
BOTÕES DE ROSA
Por baixo do cetim de fino corte,
Pendente do teu corpo abandonado,
Havia a luz do Sol alcandorado,
Que macerava a vista, de tão forte...
Era a festa das rendas transparentes,
Como astros radiosos nos espaços,
Cortando as doces curvas dos teus braços
De riscos luminosos, refulgentes,
E emoldurando os peitos arquejantes,
Dois montes esculpidos em marfim,
Exalando perfume de jardim
Nos seus acordes de harpa provocantes.
E vi então teus seios luminosos,
Dum branco radioso cor de leite,
Como se fossem asas de um enfeite
Ou apenas dois cisnes caprichosos.
E tinham duas pintas, amuletos
De magia, de sonhos esquecidos
Ou dois faróis de cultos prometidos
Em aras dos deleites mais completos,
Oh! Dois olhos castanhos, astrolábios
Medindo a latitude da loucura,
Botões de rosa ardendo na secura,
A pedir a frescura dos meus lábios.
Na cama vazia, uma sombra fenece,
Suspiro se solta, vestido de louco,
A mão que procura se perde, arrefece,
Por ter tido muito e sobrado tão pouco.
Cortinas, espelhos, sofás, almofadas,
Imóveis na espera do quê que não volta,
Relembram a mágoa das noites paradas
Nos lençóis de linho em fúria revolta.
O quarto esquecido em solidão de ausência,
A mão que procura e tacteia pra nada...
Navegam no escuro batéis de demência,
Que a mancha da noite morreu de cansada.
Se há gritos na rua, ou são arvoredos
Ou gente que berra no seu desvario,
Fugindo à desgraça, à sombra dos medos,
Ou pobre mendigo tremendo de frio.
Será pois da morte o escuro capote,
De cal a brancura da face sombria?
Será uma musa, ditando algum mote
P’ra versos de raiva p’la cama vazia?
Quem há de fazer um poema perfeito,
Quintilhas ou odes à viva saudade,
Se a mão, percorrendo esse lado do leito,
Só toca na angústia da triste verdade!
A marcha das horas remarca infinito
E, lentos, os passos de quem já não vem,
Perdidos agora, não são mais que mito
Ou são cantarinhas perdidas além.
Nas voltas e voltas, estria madura,
O sono não vem e, nas horas que vão,
Desejos de agora não são mais loucura
E a ausência não pode ter graça ou perdão.
BOTÕES DE ROSA
Por baixo do cetim de fino corte,
Pendente do teu corpo abandonado,
Havia a luz do Sol alcandorado,
Que macerava a vista, de tão forte...
Era a festa das rendas transparentes,
Como astros radiosos nos espaços,
Cortando as doces curvas dos teus braços
De riscos luminosos, refulgentes,
E emoldurando os peitos arquejantes,
Dois montes esculpidos em marfim,
Exalando perfume de jardim
Nos seus acordes de harpa provocantes.
E vi então teus seios luminosos,
Dum branco radioso cor de leite,
Como se fossem asas de um enfeite
Ou apenas dois cisnes caprichosos.
E tinham duas pintas, amuletos
De magia, de sonhos esquecidos
Ou dois faróis de cultos prometidos
Em aras dos deleites mais completos,
Oh! Dois olhos castanhos, astrolábios
Medindo a latitude da loucura,
Botões de rosa ardendo na secura,
A pedir a frescura dos meus lábios.
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