Sua Vida
Luís Vaz de Camões, um dos maiores poetas da língua portuguesa e uma das maiores expressões da literatura épica universal.
Sua bibliografia é obscura. Filho de nobres empobrecidos não se sabe se nasceu em Lisboa ou em Coimbra, embora tenha feito seus estudos em Coimbra. Também não sabem o ano em que nasceu, se foi em 1517, 1524 ou 1525. Por volta e 1542, encontrava-se em Lisboa, onde freqüentava círculos palacianos e, provavelmente, o próprio paço. Talvez tenha sido preceptor do filho do Conde de Linhares. Exilado no Ribatejo devido ao seu romance com Catarina de Ataíde, viajou até Ceuta, para participar da guerra. De regresso a Lisboa em 1549 ou 1550, feriu com espada um certo Gonçalo Borges, sendo preso por essa razão nos calabouços do Tronco. Libertado em 1553, embarcou para a Índia a bordo da nau São Bento. Participou de varias expedições à costa de Calabar, mar Vermelho e golfo Pérsico. Em 1557, ou 1558, foi para Macau, onde talvez tenha exercido o cargo de provedor de defuntos e ausentes. Por motivos ignorados, foi obrigado a retornar a Goa, sob prisão. A nau em que viajava naufragou em frente ao golfo de Tonquim, e Camões alcançou a nado o rio Mekong, savando o manuscrito de Os Lusíadas, já em fase avançada de produção. Chegou a Goa em fins de 1559 ali ficando até 1567, quando embarcou para Portugal. O capitão da nau, porem, deixou o poeta nas costas de Moçambique onde Diogo do Couto foi encontra-lo paupérrimo e vivendo da caridade dos amigos. Conduzido a Portugal em fins de 1569 ou inicio de 1570, fixou-se em Lisboa. Em 1571, obteve licença da Inquisição para publicar seu livro, Os Lusíadas, que só saíram em 1572. Nesse ano, um alvará de D.Sebastião concedeu-lhe uma tença anual de 15.000 réis, durante um período de três anos. Em 10 de junho de 1580, morreu num hospital na mais completa miséria.
Suas Obras
Alem de Os Lusíadas, apenas pequena parte de sua obra foi publicada em vida; três pequenas peças líricas em livros alheios: a ode "Aquele único exemplo", nos Colóquios dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia, de Garcia da Orta (de 1563); a alegria "Depois que Magalhães teve tecida"; e o soneto "Vós, ninfas de gantética espessura", nas páginas preliminares do livro História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamam de Brasil, de Pero de Magalhães Gandavo (1576). A totalidade da obra dramática (Anfitriões, Filodemo e Alto d`el rei Seleuco), quase toda a lírica e as cartas são de publicação póstuma. Profundo Conhecedor tanto do estilo poético latino quanto das trovas e cantigas populares, praticou todos os gêneros poéticos. Fez versos tradicionais, em redondilha, com cinco ou sete silabas, e cultivou todos os gêneros clássicos: a écloga de Virgílio, a ode de Horácio, a canção e o soneto de Petrarca, a alegria, etc. e foi primeiro poeta português a escrever uma epopéia clássica. A obra lírica de Camões – típico representante na Renascença portuguesa – oscila entre dois pólos: a atitude espontânea, em que o poeta da vazão a sua experiência intima, e a postura puramente artística, com que pretende desligar-se do clima emocional, atingindo pleno domínio da forma. Na segunda, Camões revela-se um artesão sutil e delicado; ordenando imagens em antítese e paradoxos, antecipou-se à explosão barroca.
Poesia épica de Camões:
Os Lusíadas
Forma: A mais importante epopéia em língua portuguesa teve como modelo literário a Ilíada e a Odisséia, do poeta grego Homero. Camões compôs "Os Lusíadas" em 10 cantos, divididos em 1.102 estrofes regulares de 8 versos cada uma, totalizando em 8.816 versos.
Todas as estrofes tem o mesmo esquema rítmico: abababcc, ou seja, rimas cruzadas em 6 versos e emparelhada em dois. São versos decassílabos heróico e o poema se organiza em:
Proposição do assunto (canto 1, estrofe 1 - 3)
Invocação às Tágides, musas do rio Tegio (canto 1, estrofes 4 - 5)
Dedicatórias a D. Sebastião (canto 1, estrofes 6-18)
Narração da viagem de Vasco da Gama (estrofes 19 - 1.045)
Epílogo, contendo um fecho dramático a respeito da cobiça e o episodio da ilha dos Amores (estrofe 1.046 - 1.102)
Enredo:
Canto I – Inicia-se a narração com a armada de Vasco da Gama já a caminho de Moçambique. Ocorre, no Olimpo, o Concílio dos deuses: Baco é contra a viagem; Vênus e Marte são a favor. Marte propõe que Mercúrio guie os portugueses. Baco instrui o rei de Moçambique contra os portugueses, mas Vasco da Gama prossegue até Mombaça (o Quênia).
Canto II – Baco continua as suas manobras, instigando os mouros contra os lusitanos. Vênus intercede Juno a Júpiter, que prever glória aos portugueses. Mercúrio aparece num sonho de Vasco da Gama e o aconselha a ir para Melinde. Lá, o navegante começa a contar ao rei história de Portugal.
Canto III – Fazem parte do relato ao monarca de Melinde os episódios de Egas Moniz, o da batalha do Salado e o do Inês de Castro.
Canto IV – Procegue a historia de Portugal, estando em foco a ascensão do Mestre de Avis e o episodio do velho do Restelo: um ancião que aparece na praia do Restelo, advertindo os portugueses sobre os perigos provocados pela vaidade e desejo de fama.
Canto V – Vasco Da gama continua narrando ao rei de Melinde sobre como navegou perigosamente pela costa africana. Em foco, o Fogo de Santelmo, a tromba marítima e o episódio do Gigante Adamastor, figura mítica que personifica o Cabo das Tormentas, mais tarde chamado de Cabo da Boa Esperança.
Canto VI – A frota deixa Melinde rumo as Índias. Baco pede ajuda a Netuno, Deus do mar contra os portugueses. Éolo - Deus dos ventos – desencadeia uma tempestade, mas Vênus intervem e manda as ninfas seduzirem os ventos. A esquadra chega a Calicut (na Índia).
Canto VII – Descrição da Índia. Desembarque e entrevista com o Samorim (rei Hindu). O catual (regedor) visita a frota e pede a Paulo da Gama que Explique os significados das Bandeiras.
Canto VIII - Explicação detalhada de Paulo da Gama sobre os grandes vultos de Portugal. Baco, em sonho, instruiu um sacerdote mulçumano contra os portugueses. Vasco da Gama é preso e trocado por mercadorias.
Canto IX – Os catuais tentam retardar a volta da frota, mas a armada parte. Vênus resolve compensar os lusitanos e ordena a Cupido e à Fama que preparem a Ilha dos Amores. As ninfas lá se instalam e Tétis, deusa dos oceanos, recepciona os portugueses.
Canto X – Banquete no palácio de Tétis, que apresenta a Vasco da Gama a "máquina do mundo", que é a descrição do universo e da Terra.
Poesia Lírica de Camões
A obra lírica de Camões é constituída de poemas feitos na medida velha e na medida nova. A medida velha obedece a poesia de tradição popular, as redondilhas, de 5 ou 7 sílabas (menor ou maior, respectivamente). São composições com um mote (um tema) que se desenvolve em glosas.
Os poemas em medida nova são formas poéticas ligadas a tradição clássica. São eles:
Sonetos (composições poéticas de 14 versos, distribuídas em dois quartetos e dois tercetos);
Éclogas (poesia em forma de diálogo, com tema pastoril);
Elegias (composições que expressam tristeza);
Canções (composições curtas);
Oitavas (poemas com as estrofes de 8 versos);
Sextinas (poemas com as estrofes de 6 versos).
O amor, na poesia lírica de Camões, aparece como um sentimento que leva o homem, tornando-o capaz de atingir o Bem, a Beleza e a Verdade. Também aparece como um sentimento contraditório pela própria natureza. De um lado, ele é manifestação do espírito; de outro, é manifestação carnal. Para Camões, o amor deve ser experimentado, e não apenas intelectualizado. Em sua poesia lírica, o poeta passa a idéia de que o amor só vale a pena quando é complexo, e contraditório. Nos poemas de medida velha, Camões está mais próximo da poesia popular medieval, já nos de média nova aproxima-se de grandes vultos clássicos como o italiano Petrarca, por exemplo.
Exemplos de Poesias Líricas de Camões:
Luís Vaz de Camões, um dos maiores poetas da língua portuguesa e uma das maiores expressões da literatura épica universal.
Sua bibliografia é obscura. Filho de nobres empobrecidos não se sabe se nasceu em Lisboa ou em Coimbra, embora tenha feito seus estudos em Coimbra. Também não sabem o ano em que nasceu, se foi em 1517, 1524 ou 1525. Por volta e 1542, encontrava-se em Lisboa, onde freqüentava círculos palacianos e, provavelmente, o próprio paço. Talvez tenha sido preceptor do filho do Conde de Linhares. Exilado no Ribatejo devido ao seu romance com Catarina de Ataíde, viajou até Ceuta, para participar da guerra. De regresso a Lisboa em 1549 ou 1550, feriu com espada um certo Gonçalo Borges, sendo preso por essa razão nos calabouços do Tronco. Libertado em 1553, embarcou para a Índia a bordo da nau São Bento. Participou de varias expedições à costa de Calabar, mar Vermelho e golfo Pérsico. Em 1557, ou 1558, foi para Macau, onde talvez tenha exercido o cargo de provedor de defuntos e ausentes. Por motivos ignorados, foi obrigado a retornar a Goa, sob prisão. A nau em que viajava naufragou em frente ao golfo de Tonquim, e Camões alcançou a nado o rio Mekong, savando o manuscrito de Os Lusíadas, já em fase avançada de produção. Chegou a Goa em fins de 1559 ali ficando até 1567, quando embarcou para Portugal. O capitão da nau, porem, deixou o poeta nas costas de Moçambique onde Diogo do Couto foi encontra-lo paupérrimo e vivendo da caridade dos amigos. Conduzido a Portugal em fins de 1569 ou inicio de 1570, fixou-se em Lisboa. Em 1571, obteve licença da Inquisição para publicar seu livro, Os Lusíadas, que só saíram em 1572. Nesse ano, um alvará de D.Sebastião concedeu-lhe uma tença anual de 15.000 réis, durante um período de três anos. Em 10 de junho de 1580, morreu num hospital na mais completa miséria.
Suas Obras
Alem de Os Lusíadas, apenas pequena parte de sua obra foi publicada em vida; três pequenas peças líricas em livros alheios: a ode "Aquele único exemplo", nos Colóquios dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia, de Garcia da Orta (de 1563); a alegria "Depois que Magalhães teve tecida"; e o soneto "Vós, ninfas de gantética espessura", nas páginas preliminares do livro História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamam de Brasil, de Pero de Magalhães Gandavo (1576). A totalidade da obra dramática (Anfitriões, Filodemo e Alto d`el rei Seleuco), quase toda a lírica e as cartas são de publicação póstuma. Profundo Conhecedor tanto do estilo poético latino quanto das trovas e cantigas populares, praticou todos os gêneros poéticos. Fez versos tradicionais, em redondilha, com cinco ou sete silabas, e cultivou todos os gêneros clássicos: a écloga de Virgílio, a ode de Horácio, a canção e o soneto de Petrarca, a alegria, etc. e foi primeiro poeta português a escrever uma epopéia clássica. A obra lírica de Camões – típico representante na Renascença portuguesa – oscila entre dois pólos: a atitude espontânea, em que o poeta da vazão a sua experiência intima, e a postura puramente artística, com que pretende desligar-se do clima emocional, atingindo pleno domínio da forma. Na segunda, Camões revela-se um artesão sutil e delicado; ordenando imagens em antítese e paradoxos, antecipou-se à explosão barroca.
Poesia épica de Camões:
Os Lusíadas
Forma: A mais importante epopéia em língua portuguesa teve como modelo literário a Ilíada e a Odisséia, do poeta grego Homero. Camões compôs "Os Lusíadas" em 10 cantos, divididos em 1.102 estrofes regulares de 8 versos cada uma, totalizando em 8.816 versos.
Todas as estrofes tem o mesmo esquema rítmico: abababcc, ou seja, rimas cruzadas em 6 versos e emparelhada em dois. São versos decassílabos heróico e o poema se organiza em:
Proposição do assunto (canto 1, estrofe 1 - 3)
Invocação às Tágides, musas do rio Tegio (canto 1, estrofes 4 - 5)
Dedicatórias a D. Sebastião (canto 1, estrofes 6-18)
Narração da viagem de Vasco da Gama (estrofes 19 - 1.045)
Epílogo, contendo um fecho dramático a respeito da cobiça e o episodio da ilha dos Amores (estrofe 1.046 - 1.102)
Enredo:
Canto I – Inicia-se a narração com a armada de Vasco da Gama já a caminho de Moçambique. Ocorre, no Olimpo, o Concílio dos deuses: Baco é contra a viagem; Vênus e Marte são a favor. Marte propõe que Mercúrio guie os portugueses. Baco instrui o rei de Moçambique contra os portugueses, mas Vasco da Gama prossegue até Mombaça (o Quênia).
Canto II – Baco continua as suas manobras, instigando os mouros contra os lusitanos. Vênus intercede Juno a Júpiter, que prever glória aos portugueses. Mercúrio aparece num sonho de Vasco da Gama e o aconselha a ir para Melinde. Lá, o navegante começa a contar ao rei história de Portugal.
Canto III – Fazem parte do relato ao monarca de Melinde os episódios de Egas Moniz, o da batalha do Salado e o do Inês de Castro.
Canto IV – Procegue a historia de Portugal, estando em foco a ascensão do Mestre de Avis e o episodio do velho do Restelo: um ancião que aparece na praia do Restelo, advertindo os portugueses sobre os perigos provocados pela vaidade e desejo de fama.
Canto V – Vasco Da gama continua narrando ao rei de Melinde sobre como navegou perigosamente pela costa africana. Em foco, o Fogo de Santelmo, a tromba marítima e o episódio do Gigante Adamastor, figura mítica que personifica o Cabo das Tormentas, mais tarde chamado de Cabo da Boa Esperança.
Canto VI – A frota deixa Melinde rumo as Índias. Baco pede ajuda a Netuno, Deus do mar contra os portugueses. Éolo - Deus dos ventos – desencadeia uma tempestade, mas Vênus intervem e manda as ninfas seduzirem os ventos. A esquadra chega a Calicut (na Índia).
Canto VII – Descrição da Índia. Desembarque e entrevista com o Samorim (rei Hindu). O catual (regedor) visita a frota e pede a Paulo da Gama que Explique os significados das Bandeiras.
Canto VIII - Explicação detalhada de Paulo da Gama sobre os grandes vultos de Portugal. Baco, em sonho, instruiu um sacerdote mulçumano contra os portugueses. Vasco da Gama é preso e trocado por mercadorias.
Canto IX – Os catuais tentam retardar a volta da frota, mas a armada parte. Vênus resolve compensar os lusitanos e ordena a Cupido e à Fama que preparem a Ilha dos Amores. As ninfas lá se instalam e Tétis, deusa dos oceanos, recepciona os portugueses.
Canto X – Banquete no palácio de Tétis, que apresenta a Vasco da Gama a "máquina do mundo", que é a descrição do universo e da Terra.
Poesia Lírica de Camões
A obra lírica de Camões é constituída de poemas feitos na medida velha e na medida nova. A medida velha obedece a poesia de tradição popular, as redondilhas, de 5 ou 7 sílabas (menor ou maior, respectivamente). São composições com um mote (um tema) que se desenvolve em glosas.
Os poemas em medida nova são formas poéticas ligadas a tradição clássica. São eles:
Sonetos (composições poéticas de 14 versos, distribuídas em dois quartetos e dois tercetos);
Éclogas (poesia em forma de diálogo, com tema pastoril);
Elegias (composições que expressam tristeza);
Canções (composições curtas);
Oitavas (poemas com as estrofes de 8 versos);
Sextinas (poemas com as estrofes de 6 versos).
O amor, na poesia lírica de Camões, aparece como um sentimento que leva o homem, tornando-o capaz de atingir o Bem, a Beleza e a Verdade. Também aparece como um sentimento contraditório pela própria natureza. De um lado, ele é manifestação do espírito; de outro, é manifestação carnal. Para Camões, o amor deve ser experimentado, e não apenas intelectualizado. Em sua poesia lírica, o poeta passa a idéia de que o amor só vale a pena quando é complexo, e contraditório. Nos poemas de medida velha, Camões está mais próximo da poesia popular medieval, já nos de média nova aproxima-se de grandes vultos clássicos como o italiano Petrarca, por exemplo.
Exemplos de Poesias Líricas de Camões:
Medida Velha:
Descalça vai para a fonte
Mote
Mote
Descalça vai para a fonte
Lianor, pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Voltas
Leva na cabeça o pote,
Os textos nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamalote;
Trás a vasquinha de cote,
Mais Branco que a neve pura;
Vai fermosa, e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro o entrançado,
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura:
Vai fermosa, e não segura.
Medida Nova
A parte mais representativa das poesias líricas camonianas são os seus sonetos – todo em versos decassílabos – e que apresenta um verdadeiro ideário do amor.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferente em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto
E, afora esta mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de amor espanto,
Que não se muda já como soía.
Abordagem sobre o Trabalho de Camões
Da obra de Camões foram publicados, em vida do poeta, três poemas líricos, uma ode ao Conde de Redondo, um soneto a D. Leonis Pereira, capitão de Malaca, e o poema épico Os Lusíadas. Foram ainda representadas as peças teatrais Comédia dos Anfitriões, Comédia de Filodemo e Comédia de El-Rei Seleuco. As duas primeiras peças foram publicadas em 1587 e a terceira, apenas em 1645, integrando o volume das Rimas de Luís de Camões, compilação de poesias líricas antes dispersas por cancioneiros, e cuja atribuição a Camões foi feita, em alguns casos, sem critérios rigorosos. Um volume que o poeta preparou, intitulado Parnaso, foi-lhe roubado.
Na poesia lírica, constituída por redondilhas, sonetos, canções, odes, oitavas, tercetos, sextinas, elegias e éclogas, Camões conciliou a tradição renascentista (sob forte influência de Petrarca, no soneto) com alguns aspectos maneiristas. Noutras composições, aproveitou elementos da tradição lírica nacional, numa linha que vinha já dos trovadores e da poesia palaciana, como por exemplo nas redondilhas «Descalça vai para a fonte» (dedicadas a Lianor), «Perdigão perdeu a pena», ou «Aquela cativa» (que dedicou a uma sua escrava negra).
É no tom pessoal que conferiu às tendências de inspiração italiana e na renovação da lírica mais tradicional que reside parte do seu gênio.
Na poesia lírica avultam os poemas de temática amorosa, em que se tem procurado solução para as muitas lacunas em relação à vida e personalidade do poeta. É o caso da sua relação amorosa com Dinamene, uma amada chinesa que surge em alguns dos seus poemas, nomeadamente no conhecido soneto «Alma minha gentil que te partiste», ou de outras composições, que ilustram a sua experiência de guerra e do Oriente, como a canção «Junto dum seco, duro, estéril monte».
No tratamento dado ao tema do amor é possível encontrar, não apenas a adoção do conceito platônico do amor (herdado da tradição cristã e da tradição e influência petrarquista) com os seus princípios básicos de identificação do sujeito com o objeto de amor («Transforma-se o amador na cousa amada»), de anulação do desejo físico («Pede-me o desejo, Dama, que vos veja / Não entende o que pede; está enganado.») e da ausência como forma de apurar o amor, mas também o conflito com a vivência sensual desse mesmo amor. Assim, o amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, tão bem expressas no justamente célebre soneto «Amor é fogo que arde sem se ver», entre a vida e a morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano, inefável, mas, assim mesmo, fundamental à vida humana.
A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e com o tratamento dado à natureza (que, classicamente vista como harmoniosa e amena, a ela se associa, como fonte de imagens e metáforas, como termo comparativo de superlativação da beleza da mulher, e, à maneira das cantigas de amigo, como cenário e/ou confidente do drama amoroso), oscila igualmente entre o pólo platônico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior, manifestação no mundo sensível da Beleza do mundo inteligível), representado pelo modelo de Laura, que é predominante (vejam-se a propósito os sonetos «Ondados fios de ouro reluzente» e «Um mover d'olhos, brando e piedoso»), e o modelo renascentista de Vénus.
Temas mais abstratos, como o do desconcerto do mundo (expresso no soneto “Verdade, Amor, Razão, Merecimento” ou na esparsa “Os bons vi sempre passar/no mundo graves tormentos”), a passagem inexorável do tempo com todas as mudanças implicadas, sempre negativas do ponto de vista pessoal (como observa Camões no soneto «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades»), as considerações de ordem autobiográfica (como nos sonetos «Erros meus, má fortuna, amor ardente» ou «O dia em que eu nasci, moura e pereça», que transmitem a concepção desesperançada, pessimista, da vida própria), são outros temas dominantes da poesia lírica de Camões.
No entanto, foi com Os Lusíadas que Camões, embora postumamente, alcançou a glória. Poema épico, seguindo os modelos clássicos e renascentistas, pretende fixar para a posteridade os grandes feitos dos portugueses no Oriente. Aproveitando a mitologia greco-romana, fundindo-a com elementos cristãos, o que, na época, e mesmo mais tarde, gerou alguma controvérsia, Camões relata a viagem de Vasco da Gama, tomando-a como pretexto para a narração da história de Portugal, intercalando episódios narrativos com outros de cariz mais lírico, como é o caso do da «Linda Inês». Os Lusíadas veio a ser considerado o grande poema épico nacional. Toda a obra de Camões, de resto, influenciou a posterior literatura portuguesa, de forma particular durante o Romantismo, criando muitos mitos ligados à sua vida, mas também noutras épocas, inclusivamente a atual. No século XIX, alguns escritores e pensadores realistas colaboraram na preparação das comemorações do terceiro centenário da sua morte, pretendendo que a figura de Camões permitisse uma renovação política e espiritual de Portugal.
Amplamente traduzido e admirado, é considerado por muitos a figura cimeira da língua e da literatura portuguesas. São suas a coletânea das Rimas (1595, obra lírica), o Auto dos Anfitriões, o Auto de Filodemo (1587), o Auto de El-Rei Seleuco (1645) e Os Lusíadas (1572)
Fontes:
- Salomão de Oliveira Júnior. Camões. Trabalho de Literatura. Escola Técnica Virgínia Patrick.
- http://www.astormentas.com/
Lianor, pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Voltas
Leva na cabeça o pote,
Os textos nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamalote;
Trás a vasquinha de cote,
Mais Branco que a neve pura;
Vai fermosa, e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro o entrançado,
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura:
Vai fermosa, e não segura.
Medida Nova
A parte mais representativa das poesias líricas camonianas são os seus sonetos – todo em versos decassílabos – e que apresenta um verdadeiro ideário do amor.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferente em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto
E, afora esta mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de amor espanto,
Que não se muda já como soía.
Abordagem sobre o Trabalho de Camões
Da obra de Camões foram publicados, em vida do poeta, três poemas líricos, uma ode ao Conde de Redondo, um soneto a D. Leonis Pereira, capitão de Malaca, e o poema épico Os Lusíadas. Foram ainda representadas as peças teatrais Comédia dos Anfitriões, Comédia de Filodemo e Comédia de El-Rei Seleuco. As duas primeiras peças foram publicadas em 1587 e a terceira, apenas em 1645, integrando o volume das Rimas de Luís de Camões, compilação de poesias líricas antes dispersas por cancioneiros, e cuja atribuição a Camões foi feita, em alguns casos, sem critérios rigorosos. Um volume que o poeta preparou, intitulado Parnaso, foi-lhe roubado.
Na poesia lírica, constituída por redondilhas, sonetos, canções, odes, oitavas, tercetos, sextinas, elegias e éclogas, Camões conciliou a tradição renascentista (sob forte influência de Petrarca, no soneto) com alguns aspectos maneiristas. Noutras composições, aproveitou elementos da tradição lírica nacional, numa linha que vinha já dos trovadores e da poesia palaciana, como por exemplo nas redondilhas «Descalça vai para a fonte» (dedicadas a Lianor), «Perdigão perdeu a pena», ou «Aquela cativa» (que dedicou a uma sua escrava negra).
É no tom pessoal que conferiu às tendências de inspiração italiana e na renovação da lírica mais tradicional que reside parte do seu gênio.
Na poesia lírica avultam os poemas de temática amorosa, em que se tem procurado solução para as muitas lacunas em relação à vida e personalidade do poeta. É o caso da sua relação amorosa com Dinamene, uma amada chinesa que surge em alguns dos seus poemas, nomeadamente no conhecido soneto «Alma minha gentil que te partiste», ou de outras composições, que ilustram a sua experiência de guerra e do Oriente, como a canção «Junto dum seco, duro, estéril monte».
No tratamento dado ao tema do amor é possível encontrar, não apenas a adoção do conceito platônico do amor (herdado da tradição cristã e da tradição e influência petrarquista) com os seus princípios básicos de identificação do sujeito com o objeto de amor («Transforma-se o amador na cousa amada»), de anulação do desejo físico («Pede-me o desejo, Dama, que vos veja / Não entende o que pede; está enganado.») e da ausência como forma de apurar o amor, mas também o conflito com a vivência sensual desse mesmo amor. Assim, o amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, tão bem expressas no justamente célebre soneto «Amor é fogo que arde sem se ver», entre a vida e a morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano, inefável, mas, assim mesmo, fundamental à vida humana.
A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e com o tratamento dado à natureza (que, classicamente vista como harmoniosa e amena, a ela se associa, como fonte de imagens e metáforas, como termo comparativo de superlativação da beleza da mulher, e, à maneira das cantigas de amigo, como cenário e/ou confidente do drama amoroso), oscila igualmente entre o pólo platônico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior, manifestação no mundo sensível da Beleza do mundo inteligível), representado pelo modelo de Laura, que é predominante (vejam-se a propósito os sonetos «Ondados fios de ouro reluzente» e «Um mover d'olhos, brando e piedoso»), e o modelo renascentista de Vénus.
Temas mais abstratos, como o do desconcerto do mundo (expresso no soneto “Verdade, Amor, Razão, Merecimento” ou na esparsa “Os bons vi sempre passar/no mundo graves tormentos”), a passagem inexorável do tempo com todas as mudanças implicadas, sempre negativas do ponto de vista pessoal (como observa Camões no soneto «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades»), as considerações de ordem autobiográfica (como nos sonetos «Erros meus, má fortuna, amor ardente» ou «O dia em que eu nasci, moura e pereça», que transmitem a concepção desesperançada, pessimista, da vida própria), são outros temas dominantes da poesia lírica de Camões.
No entanto, foi com Os Lusíadas que Camões, embora postumamente, alcançou a glória. Poema épico, seguindo os modelos clássicos e renascentistas, pretende fixar para a posteridade os grandes feitos dos portugueses no Oriente. Aproveitando a mitologia greco-romana, fundindo-a com elementos cristãos, o que, na época, e mesmo mais tarde, gerou alguma controvérsia, Camões relata a viagem de Vasco da Gama, tomando-a como pretexto para a narração da história de Portugal, intercalando episódios narrativos com outros de cariz mais lírico, como é o caso do da «Linda Inês». Os Lusíadas veio a ser considerado o grande poema épico nacional. Toda a obra de Camões, de resto, influenciou a posterior literatura portuguesa, de forma particular durante o Romantismo, criando muitos mitos ligados à sua vida, mas também noutras épocas, inclusivamente a atual. No século XIX, alguns escritores e pensadores realistas colaboraram na preparação das comemorações do terceiro centenário da sua morte, pretendendo que a figura de Camões permitisse uma renovação política e espiritual de Portugal.
Amplamente traduzido e admirado, é considerado por muitos a figura cimeira da língua e da literatura portuguesas. São suas a coletânea das Rimas (1595, obra lírica), o Auto dos Anfitriões, o Auto de Filodemo (1587), o Auto de El-Rei Seleuco (1645) e Os Lusíadas (1572)
Fontes:
- Salomão de Oliveira Júnior. Camões. Trabalho de Literatura. Escola Técnica Virgínia Patrick.
- http://www.astormentas.com/
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