quinta-feira, 24 de julho de 2008

Manuel Bastos Tigre (1882 - 1957)

Escritor, (poeta e prosador), engenheiro, jornalista e bibliotecário, nasceu em Recife, Pernambuco, a 12 de março de 1882 e faleceu em 2 de agosto de 1957 no Rio de Janeiro.

Freqüentou, aos cinco anos de idade, a Aula Pública Mista da Rua Santo Elias, no Recife, e em seguida, o Colégio Diocesano da histórica Olinda, revelando, desde cedo, seu talento literário na composição de odes cívicas e sonetos humorísticos, onde mestres e colegas eram satirizados.

Líder estudantil encabeçou movimento em prol da obrigatoriedade de ensino, campanha que viria trazer inestimáveis serviços a população.

Formou-se engenheiro civil, em 1906 na Escola Nacional de Engenharia, no Rio de Janeiro. Mais tarde especializou-se em eletricidade nos Estados Unidos, onde permaneceu cerca de três anos, diplomando-se pela Bliss School de Washington. Regressando, trabalhou como engenheiro do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil.

Da sua vida universitária e de uma época trepidante do Rio de Janeiro, tudo revelou, através de seus poemas satíricos, um prenúncio de seu extraordinário humorismo.

Sua vida de jornalista iniciou-se em 1902, quando colaborou na revista humorística “Tagarela”. Prestou depois seus serviços nos principais órgãos da imprensa carioca como: “A Noite”, “Gazeta de Notícias”, “A Rua”, “Careta”, “O Malho”, etc. .

Foi fundador da revista “D. Xiquote”. No “Correio da Manhà”, manteve durante mais de 50 anos, “Pingos e Respingos”, uma das mais conhecidas seções da imprensa citadina, na qual, glosava com sadio humor, os fatos pitorescos do Rio, do país e até do mundo. (Usava, então, o pseudônimo Cyrano e Cia).

Emilio de Menezes introduziu-o nas rodas literárias do Rio Antigo, o que o fez tornar-se grande amigo de Olavo Bilac, Martins Fontes, Guimarães Passos, Plácido Junior, Henrique de Orlando e outros.

Suas atividades como escritor, fizeram-no conquistar o 1O. Prêmio de Poesias da Academia Brasileira de Letras, com a obra “Meu Bebê”. Deixou, como poeta, uma bela obra educativa, dedicada à infância. Sob o pseudônimo de “D. Xiquote” publicou muitos livros de versos humorísticos: Saguão da Posteridade, Poesias Humorísticas, Versos Perversos, Moinhos de Vento, etc.

Ocupou ainda o cargo de Inspetor Federal do Ensino Secundário. Foi primeiro como “publicitário”. Com dignidade e muito raciocínio, foi mestre e fez escola nesta moderna arma de negócios: a publicidade. Criou vários slogans publicitários que, ainda hoje, são usados e que ficarão para sempre na lembrança do povo. Bastos Tigre amava os livros e não podia viver sem eles.

Por volta de 1915 devotou-se inteiramente aos livros, não mais abandonando as estantes das bibliotecas. Inscreveu-se no 1o. Concurso realizado em nosso País para o cargo de Bibliotecário conquistou brilhantemente o 1o. Lugar, demonstrando seus autênticos conhecimentos da técnica da Biblioteconomia, quando da apresentação da tese sobre a aplicação do Sistema de Classificação Decimal, na organização lógica dos conhecimentos em trabalhos de Bibliografia e Biblioteconomia.

Como Bibliotecário serviu no Museu Nacional depois na Biblioteca da Associação Brasileira de Imprensa e finalmente na Biblioteca Central da Universidade do Brasil, onde exerceu o cargo de 1o Diretor. Trabalhou por mais de 20 anos quando a morte veio interromper a sua magistral carreira. Decano dos Bibliotecários brasileiros foi agraciado com uma das maiores distinções da classe, sendo-lhe conferido o premio “Paula Brito” ou Premio Gutenberg” e a Resolução no. 5 de 11 de março de 1958 do Poder Legislativo do Distrito Federal, que instituiu o Dia do Bibliotecário, a 12 de março, data de seu nascimento.

Pelo carinho que dedicava aos livros foi escolhido para Patrono da Semana da Biblioteca, escolha esta oficializada pelo Decreto Federal no. 884 de abril de 1962. Como Bibliotecário, Bastos Tigre foi um homem feliz e plenamente realizado. A Biblioteconomia foi realmente a sua carreira profissional. Seu grande entusiasmo e confiança no poder do livro é expresso nesta sua frase: Veículo de idéias, que trouxe o passado até o presente, levará o presente ao infinito dos tempos.

Fonte:
Informativo CRB-10, Porto Alegre, v. 11, n. 32, p.7, fev. 1998.
http://www.amigosdolivro.com.br

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