Sexta feira à noite, programo a tevê para desligar após uma hora, encosto a cabeça na almofada, olhos pesados; de repente...
As palavras começam a chegar, há uma festa num recinto sóbrio e arejado. Os Numerais foram os primeiros, encarregados de colocar preços nas bebidas e quitutes.
A maioria dos vocábulos era formada por Substantivos, sempre acompanhados dos fiéis escudeiros, os Artigos Definidos. Gosto de ter gênero, número e grau bem definidos, murmurou o Substantivo Prosa, o Adjetivo Boa o acompanhava.
Logo os Verbos se fizeram presentes, trazendo ação e movimento ao ambiente; os Advérbios vieram também: Venha logo! Fale baixo! Ande elegantemente...implicavam com seus manos, e também com outros Verbos e Adjetivos. O Verbo Carregar derrubou um Objeto Direto no pé de uma Interjeição que gritou, ensandecida: ai!
Os Pronomes eram vistos em muitos locais, os de tratamento, finos, educados, tratavam as demais palavras por Vossa Excelência, a Senhora...tudo de acordo com o merecimento, lógico.
Preposições chegaram mais tarde, formando um elo fraternal entre algumas palavras; suas amigas, as Conjunções, desculparam-se pela ausência- havia muito trabalho a ser feito, inúmeros orações necessitavam delas para se tornarem Períodos Compostos.
Uma Vírgula enxerida quis lugar entre um Sujeito e seu Predicado, o primeiro gritou: -Que falta de educação! Você não pode se posicionar entre nós! Por acaso desconhece as etiquetas da língua? Tal sinal de pontuação saiu sem graça e ficou perto de um Aposto. Este sorriu e cochichou-lhe: seja bem-vinda. Logo ,ela avistou outras amigas elegantemente dispostas perto de palavras formadoras de Sujeitos Compostos, nas Datas...eram um luxo só!
O Parágrafo anunciava aos presentes que deixassem um espaço entre a parede e a pista, para evitar atropelos.
O Ponto de Interrogação indagou:
-Por que o Alfabeto ainda não chegou?
Os Dois Pontos adiantaram-se: -Houve uma briga entre Vogais e Consoantes, arrebentaram a Cedilha do C, o pobrezinho, depois disso, não quer mais saber de serviço na companhia da Letra U, diz que nada tem a ver com ela, teme ser mal interpretado. É lamentável....murmuraram as Reticências. O estrago foi maior! Muito maior, pois o M teve a última perninha arrancada , levaram-no para o ospital, pois o H, covarde e medroso, escondeu-se debaixo de um guardanapo.
-Qual o motivo da briga? Quis saber o Ponto de Interrogação.
-A turma das Consoantes rejeitou o K, W e Y, falou o Pingo do I, disseram tratar-se de letras de outra língua. As Vogais não aceitaram o preconceito alfabético e partiram pra pancadaria. Nessa confusão, as vogais A e O perderam seu único e insubstituível sinal nasalizador, Sr Til...o pobrezinho balançava-se freneticamente sobre as abas de um lampião que enfeitava o ambiente; assisti a tudo e nada pude fazer. –Que pena! Completou o Travessão.
O Neologismo “Encinderelar-se” discutia com o Arcaísmo “Pegar bonde” sobre as mudanças no sentido das palavras com o passar do tempo. O primeiro cheirava a talco, o segundo, a bolor. Tudo se resume numa ciranda frenética de palavras e idéias, falou Sra Metáfora, fantasiada de luar.
No final da festa as Aspas apareceram: “ Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”, citavam com desenvoltura . Lindas as palavras do Mestre Lusitano! Observou a Perífrase.
Dona Rima chegou no finalzinho, meio sem jeito ,deu os ares da graça: Se atirei o pau no gato/ e o danado não morreu/ é porque tem sete vidas/ somente uma perdeu. Uma turminha jovem de Interjeições quiseram apupá-la , contudo, foram contidas.
O Pronome Relativo apareceu falando alto: A festa, em cujas dependências todos se divertiram, chegou ao final.
Na porta, Mamãe Língua Portuguesa os esperava, com um sorriso latinizante.
Todos saíram devagar.
Nisto, ouvi um ruído diferente vindo do jardim. O Quilo discutia com o Grama, Frações acotovelavam-se...xiiiiiiii..confusão à vista!
Esta é uma outra história, quem vai escrevê-la é seu professor de Matemática, arrematou o Ponto Final.
Fonte:
http://www.portrasdasletras.com.br/
As palavras começam a chegar, há uma festa num recinto sóbrio e arejado. Os Numerais foram os primeiros, encarregados de colocar preços nas bebidas e quitutes.
A maioria dos vocábulos era formada por Substantivos, sempre acompanhados dos fiéis escudeiros, os Artigos Definidos. Gosto de ter gênero, número e grau bem definidos, murmurou o Substantivo Prosa, o Adjetivo Boa o acompanhava.
Logo os Verbos se fizeram presentes, trazendo ação e movimento ao ambiente; os Advérbios vieram também: Venha logo! Fale baixo! Ande elegantemente...implicavam com seus manos, e também com outros Verbos e Adjetivos. O Verbo Carregar derrubou um Objeto Direto no pé de uma Interjeição que gritou, ensandecida: ai!
Os Pronomes eram vistos em muitos locais, os de tratamento, finos, educados, tratavam as demais palavras por Vossa Excelência, a Senhora...tudo de acordo com o merecimento, lógico.
Preposições chegaram mais tarde, formando um elo fraternal entre algumas palavras; suas amigas, as Conjunções, desculparam-se pela ausência- havia muito trabalho a ser feito, inúmeros orações necessitavam delas para se tornarem Períodos Compostos.
Uma Vírgula enxerida quis lugar entre um Sujeito e seu Predicado, o primeiro gritou: -Que falta de educação! Você não pode se posicionar entre nós! Por acaso desconhece as etiquetas da língua? Tal sinal de pontuação saiu sem graça e ficou perto de um Aposto. Este sorriu e cochichou-lhe: seja bem-vinda. Logo ,ela avistou outras amigas elegantemente dispostas perto de palavras formadoras de Sujeitos Compostos, nas Datas...eram um luxo só!
O Parágrafo anunciava aos presentes que deixassem um espaço entre a parede e a pista, para evitar atropelos.
O Ponto de Interrogação indagou:
-Por que o Alfabeto ainda não chegou?
Os Dois Pontos adiantaram-se: -Houve uma briga entre Vogais e Consoantes, arrebentaram a Cedilha do C, o pobrezinho, depois disso, não quer mais saber de serviço na companhia da Letra U, diz que nada tem a ver com ela, teme ser mal interpretado. É lamentável....murmuraram as Reticências. O estrago foi maior! Muito maior, pois o M teve a última perninha arrancada , levaram-no para o ospital, pois o H, covarde e medroso, escondeu-se debaixo de um guardanapo.
-Qual o motivo da briga? Quis saber o Ponto de Interrogação.
-A turma das Consoantes rejeitou o K, W e Y, falou o Pingo do I, disseram tratar-se de letras de outra língua. As Vogais não aceitaram o preconceito alfabético e partiram pra pancadaria. Nessa confusão, as vogais A e O perderam seu único e insubstituível sinal nasalizador, Sr Til...o pobrezinho balançava-se freneticamente sobre as abas de um lampião que enfeitava o ambiente; assisti a tudo e nada pude fazer. –Que pena! Completou o Travessão.
O Neologismo “Encinderelar-se” discutia com o Arcaísmo “Pegar bonde” sobre as mudanças no sentido das palavras com o passar do tempo. O primeiro cheirava a talco, o segundo, a bolor. Tudo se resume numa ciranda frenética de palavras e idéias, falou Sra Metáfora, fantasiada de luar.
No final da festa as Aspas apareceram: “ Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”, citavam com desenvoltura . Lindas as palavras do Mestre Lusitano! Observou a Perífrase.
Dona Rima chegou no finalzinho, meio sem jeito ,deu os ares da graça: Se atirei o pau no gato/ e o danado não morreu/ é porque tem sete vidas/ somente uma perdeu. Uma turminha jovem de Interjeições quiseram apupá-la , contudo, foram contidas.
O Pronome Relativo apareceu falando alto: A festa, em cujas dependências todos se divertiram, chegou ao final.
Na porta, Mamãe Língua Portuguesa os esperava, com um sorriso latinizante.
Todos saíram devagar.
Nisto, ouvi um ruído diferente vindo do jardim. O Quilo discutia com o Grama, Frações acotovelavam-se...xiiiiiiii..confusão à vista!
Esta é uma outra história, quem vai escrevê-la é seu professor de Matemática, arrematou o Ponto Final.
Fonte:
http://www.portrasdasletras.com.br/
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