terça-feira, 15 de julho de 2008

Adalberto Nascimento (Manias matemáticas)

Tenho uma mania esquisita, entre outras tantas das quais nem me dou conta. Fora os vícios, quem não as tem?

Quanto a mim, não posso ver números que fico criando associações entre eles ou uma forma de correlacioná-los. Basta ver a chapa de um carro e fico divagando, tentando verificar se com os ímpares, pares e primos consigo uma fórmula que os relacione. E quando, num curto prazo de tempo, não consigo nada, não desisto – faço o “noves fora” do dito cujo número da chapa.

E, por incrível que pareça, guardo números de telefones, por exemplo, criando alguma regrinha. Exemplo: 325712 - para mim: 3 + 2 = 5; 5 + 7 = 12. E pronto: está registrado. Isso vale para senhas, carteira de identidade, título de eleitor e outras tantas coisas do gênero que nos perseguem e que são quase motivo de suicídio quando perdemos algum desses algozes.

Muitas vezes, fico exultante quando dou de cara com números palíndromos ou capicuas – aqueles que são os mesmos quando lidos nos dois sentidos, da esquerda para a direita e vice-versa. Exemplo: 3443. A propósito, números desse tipo com número par de dígitos são sempre divisíveis por 11.

E, por falar em 11, volta e meia quando olho para o relógio do computador e ele marca 11:11. Em rigor não é volta e meia. É quando realmente é 11:11.

Um amigo ficou intrigado porque com ele isso acontece na configuração 22:22. Pensou em até se benzer por isso!

A explicação que tenho é de que se trata de uma dada configuração numérica que, por alguma razão inconsciente, é marcante para os olhos de cada um. Só isso.
Já fiz algumas apostas usando os uns do meu computador, somando-os, multiplicando-os (11x11) e com outras expressões. Nada aconteceu. “Nadica de nada”, como dizemos em Sorocaba.

Recentemente, além dos números, passei a observar formas geométricas. Tirante as curvas, verifiquei que somos cercados por retângulos.

Você já se deu conta disso? Camas, mesas, livros, talões, cartões, bandeiras, boletos, dinheiro, etc. Só retângulos...

Embora o quadrado seja um caso particular de retângulo, essa figura não é tão recorrente em nossas vidas. Virou até termo pejorativo – “fulano é um quadrado”. Menos recorrente ainda é o círculo, com toda sua perfeição mística. Só dá retângulo. Até o fim – caixão e sepultura.

E nós, brasileiros, que curtimos o futebol – campo, pequena área, grande área, trave: só retângulos. É bem verdade que temos o círculo central. E a bola... Detalhes, no meio de tantas bandeiras e cartazes de propaganda... retangulares.
Talvez por isso os brasileiros nem dêem bola para a meia-lua que “enfeita” a grande área. Pergunte aos muitos esportistas e até aos praticantes para que serve aquela tal de meia-lua. Seguramente um porcentual próximo de 90% dos entrevistados não saberá dizer. Pode testar, no país pentacampeão do esporte bretão.

Isso talvez também deva ser creditado à nossa “mania” de não ler bulas ou manuais de instruções. “Vamos que vamos”, na prática – sem teoria –, mesmo que levando choques ou derretendo equipamentos. Ah, esses badulaques chineses...

Afinal, o leitor, no meio de tantos retângulos, sabe para que serve a meia-lua da grande área?

Aposto que não.

Fonte:
http://matemagia.blogspot.com/

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