Cândido Portinari (Lavrador de Café) 1934
Velho peão abandonado,
fez das tripas coração
para que seu rebento
fosse doutor.
Trabalhou dias a fio,
sem pensar em si somente,
tornou-se um galponeiro,
tendo como cenário,
as guampas dos novilhos,
que serviam de ouvidor
ao gaudério solitário.
Cada vintém que conseguia
mandava logo pro guri
pois queria
que ele trouxesse
muito mais do que lá havia,
queria conhecimento
muito mais do que sabia.
Os anos foram passando,
e o velho matungo,
que trabalhar não mais podia,
pensava que o investimento
era hora de voltar.
Uma carta bem saudosa
pediu ao capataz
que escrevesse,
pro filho pra cá voltar
e sua velhice amparar.
Os pilas que agora tinha
não chegavam para comer
e trocava seus pertences,
mano a mano,
cada vez que mais não tinha,
por comida e farinha,
pra poder sobreviver.
Filho ingrato que não vinha
ver o pai no fim da vida,
que já não mais podia
custear a mordomia
do pampeano migrador.
E no sopro do minuano,
o velho ancião sonhava
com a volta do filho pródigo,
que voltasse ao rincão e
trouxesse seu sustento
pois carecia descansar.
O tempo foi passando,
rasgando impiedosamente
dia após dia,
as folhas do calendário.
E o guerreiro solitário
foi chamado
pro galpão celestial.
Conta a lenda
que até hoje,
ouve-se a lamúria sangrenta
do respeitoso macanudo,
que na tapera abandonada
seu filho quer ver chegar.
E hoje, o filho do gaúcho,
vive infeliz a rezar,
pedindo a todos os santos,
para seu pai o perdoar.
Em noite de lua cheia,
um lamento rasga o ar,
pedindo, em gemidos,
em baixo do maricá,
volta pra casa, meu filho,
venha comigo matear.
––––––––––––––––-
fez das tripas coração
para que seu rebento
fosse doutor.
Trabalhou dias a fio,
sem pensar em si somente,
tornou-se um galponeiro,
tendo como cenário,
as guampas dos novilhos,
que serviam de ouvidor
ao gaudério solitário.
Cada vintém que conseguia
mandava logo pro guri
pois queria
que ele trouxesse
muito mais do que lá havia,
queria conhecimento
muito mais do que sabia.
Os anos foram passando,
e o velho matungo,
que trabalhar não mais podia,
pensava que o investimento
era hora de voltar.
Uma carta bem saudosa
pediu ao capataz
que escrevesse,
pro filho pra cá voltar
e sua velhice amparar.
Os pilas que agora tinha
não chegavam para comer
e trocava seus pertences,
mano a mano,
cada vez que mais não tinha,
por comida e farinha,
pra poder sobreviver.
Filho ingrato que não vinha
ver o pai no fim da vida,
que já não mais podia
custear a mordomia
do pampeano migrador.
E no sopro do minuano,
o velho ancião sonhava
com a volta do filho pródigo,
que voltasse ao rincão e
trouxesse seu sustento
pois carecia descansar.
O tempo foi passando,
rasgando impiedosamente
dia após dia,
as folhas do calendário.
E o guerreiro solitário
foi chamado
pro galpão celestial.
Conta a lenda
que até hoje,
ouve-se a lamúria sangrenta
do respeitoso macanudo,
que na tapera abandonada
seu filho quer ver chegar.
E hoje, o filho do gaúcho,
vive infeliz a rezar,
pedindo a todos os santos,
para seu pai o perdoar.
Em noite de lua cheia,
um lamento rasga o ar,
pedindo, em gemidos,
em baixo do maricá,
volta pra casa, meu filho,
venha comigo matear.
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Menção Honrosa (12º Prêmio Missões - Roque Gonzales/RS)
Fonte:
Colaboração da autora.
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Colaboração da autora.
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