Recolhendo fragmentos no baú de minhas memórias fui trazendo lembranças a tanto esquecidas que foram narradas por meu pai, ainda vivo, e que tem muita coisa pra contar.
Sempre que o visito em Bauru, cidade onde nasci e por lá fiquei até meus trinta e pouco anos, ele passa a rememorar seus arquivos antigos e me brindar com histórias que só quem viveu é capaz de contar.
A que mais me recordo é sobre um tal galo de estimação, que tanto ele gostava e que para sua tristeza era manco com defeito em uma das pernas.
Foi em São Manoel, cidade próxima a Bauru, que papai nasceu e lá viveu sua infância simples e humilde. Ele conta que sempre que voltava da escola correndo e esbaforido gritava já da calçada: Chico, cadê você? Vem cá Chico!!!!! Chico! Chico! E lá vinha o Chico correndo e mancando pelo quintal atrás daquele que o chamava e ele nem sabia o porquê.
Papai tinha certeza que ele era o único na família que prezava tanto o Chico. “Eu tinha dó do pobre galo. Peguei carinho por ele”, diz condoído.
Como nada na vida que a gente ama dura pra sempre, assim também foi com o querido galo Chico.
Um dia papai chega da escola e grita: Chico! Vem cá. Grita mais uma vez: Chico! vem cá. Cadê você!!! E grita mais uma centena de vezes e nada do Chico aparecer. Ele achou estranho, e preferiu pensar que o galo estivesse em algum momento melancólico e não quisesse brincar. Exclamou: “Deixa pra lá!”
Na hora do jantar, o cheiro apetitoso da comida da vovó Izabel, do qual o meu nome originou-se, faz meu pai sair correndo para a mesa garantir um naco daquilo que parecia estar muito gostoso. Eis que para a sua surpresa era um ensopado de frango.
Desconfiado lhe vem a mente, mais que de repente, a lembrança do galo Chico, correndo pelo quintal e atendendo ao seu chamado.
Naquela noite papai não quis comer o ensopado. Perdeu a fome. Nem quis perguntar pra vovó de onde vinha aquele frango. Ele conta que ela era brava demais e com certeza ia lhe dar uma bronca. Só sabe que o galo Chico nunca mais apareceu. E ele não quis nem ouvir o lhe era difícil e dolorido de aceitar.
––––––––––––––––-
(*) Izabel Leão é jornalista em São Paulo, SP.
Fontes:
Jornal Guata. Foz do Iguaçu.
Imagem = http://sotaodaines.chrome.pt
Sempre que o visito em Bauru, cidade onde nasci e por lá fiquei até meus trinta e pouco anos, ele passa a rememorar seus arquivos antigos e me brindar com histórias que só quem viveu é capaz de contar.
A que mais me recordo é sobre um tal galo de estimação, que tanto ele gostava e que para sua tristeza era manco com defeito em uma das pernas.
Foi em São Manoel, cidade próxima a Bauru, que papai nasceu e lá viveu sua infância simples e humilde. Ele conta que sempre que voltava da escola correndo e esbaforido gritava já da calçada: Chico, cadê você? Vem cá Chico!!!!! Chico! Chico! E lá vinha o Chico correndo e mancando pelo quintal atrás daquele que o chamava e ele nem sabia o porquê.
Papai tinha certeza que ele era o único na família que prezava tanto o Chico. “Eu tinha dó do pobre galo. Peguei carinho por ele”, diz condoído.
Como nada na vida que a gente ama dura pra sempre, assim também foi com o querido galo Chico.
Um dia papai chega da escola e grita: Chico! Vem cá. Grita mais uma vez: Chico! vem cá. Cadê você!!! E grita mais uma centena de vezes e nada do Chico aparecer. Ele achou estranho, e preferiu pensar que o galo estivesse em algum momento melancólico e não quisesse brincar. Exclamou: “Deixa pra lá!”
Na hora do jantar, o cheiro apetitoso da comida da vovó Izabel, do qual o meu nome originou-se, faz meu pai sair correndo para a mesa garantir um naco daquilo que parecia estar muito gostoso. Eis que para a sua surpresa era um ensopado de frango.
Desconfiado lhe vem a mente, mais que de repente, a lembrança do galo Chico, correndo pelo quintal e atendendo ao seu chamado.
Naquela noite papai não quis comer o ensopado. Perdeu a fome. Nem quis perguntar pra vovó de onde vinha aquele frango. Ele conta que ela era brava demais e com certeza ia lhe dar uma bronca. Só sabe que o galo Chico nunca mais apareceu. E ele não quis nem ouvir o lhe era difícil e dolorido de aceitar.
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(*) Izabel Leão é jornalista em São Paulo, SP.
Fontes:
Jornal Guata. Foz do Iguaçu.
Imagem = http://sotaodaines.chrome.pt
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