domingo, 2 de maio de 2010

Sérgio Valério (Atraso)


Mariane acordou atrasada e foi tomar o seu banho.

Apertou o interruptor e nada! O bairro estava sem luz.

Ela teria que tomar um banho frio.

Respirou fundo e entrou.

Foi dificil, mas Mariane conseguiu.

Foi colocar as meias. de repente, crrriii!

Uma das meia rasgou.

Mariane depressa pegou outra, colocou o sapato de salto.

Nem tomou café. Não daria tempo.

Entrou no carro. Estranho. O carro estava torto.

Não! Pneu furado!

Olhou por toda a garagem do prédio.

Nenhuma viva alma para ajuda-la, mas Mariane era uma mulher de fibra. Trocou o pneu. Sujou as mãos, mas conseguiu.

Deu a partida. Nem bem andou alguns quarteirões, o carro foi parando, parando e poct! Parou de vez.

Gasolina! Ainda bem que tinha um posto ali perto.

Mais uma corrida. Comprou gasolina e voltou.

Quando estava chegando perto do carro, quebrou o salto do sapato.

Ah! Mas ela sempre tinha um sapato reserva no porta-malas.

Calçou. Entrou no carro e foi em frente!

Finalmente, conseguiu chegar ao trabalho.

Mariane estava morta de cansaço, mas se sentia uma heroína.

“Seu” Agenor, o guarda do estacionamento, cumprimentou-a:

– Bom dia, Dona Mariane! Como a senhora trabalha, hein?
Até no domingo!

– Domingo? Hoje é domingo? – perguntou pra si mesma.

Acelerou e quase atropelou o guarda, de tanta raiva…

Fonte:
VALÉRIO, Sérgio. O colecionador de histórias. São Paulo: Panorama, 1998.
Imagem = http://www.viajeaquibrasil.com.br

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