sábado, 12 de junho de 2010

Emilio Germani (O Velho)


Sol poente, crepúsculo calmo e sereno,
Na varanda em sua cadeira de balanço sentado,
Cabelos brancos, olhar perdido no horizonte pleno,
O velho sozinho meditava com seus botões, calado.

Pensando nas ansiedades da juventude,
As rocambolescas idéias de melhorar o mundo,
Voar às alturas com sentimentos de virtude,
Amizade, tolerância, coragem e valor fecundo.

Aprendera na rude escola da vida a peleja
De abominar a injustiça como uma meta;
Quis distância do ódio, do orgulho e da inveja,
Sempre pelo caminho mais curto, a linha reta.

Depois da labuta de uma vida quase consumida,
Remédios contínuos, ouvidos curtos, visão menos clara,
Dentes de pôr e tirar e energia reduzida,
Meditou que a crise moral no mundo piorara.

De repente uma luz interior o iluminou,
Levantou o rosto sulcado pelo tempo;
Lembrando das venturas que teve, acordou,
Na alegria da linda família que criou.
Seu tristonho semblante se iluminou.

Apareceu diante dele a visão de uma figura radiante,
Cheia de doçura, recordações, conforte e bondade,
Companheira daquele que não tem acompanhante,
O velho lagrimoso a reconheceu: era a Saudade!
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Fonte:
Emílio Germani. Folhas Esparsas: ensaios, poesias. Maringá: Edição do Autor, 2009.
Foto = por Gi Pinto, disponível em http://olhares.aeiou.pt/

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