ITAPUÃ
(poema premiado em primeiro lugar no Concurso Literário do Jubileu de Ouro da Associação Bahiana de Medicina)
Minha mulher não sabe , mas
...às vezes,vou sòzinho a Itapuã
Às vezes de dia,
quando o sol faísca
sobre a espuma
Aqueles cardumes cintilantes,
falsos peixinhos prateados,
feitos de luz
Outras vezes, de noite.
Digo que vou ao plantão
E lá vou eu prá Itapuã
A Lua verte sobre as águas,
as comportas do seu clarão - e,
mansa, passeia à tona,
seu manto dourado e morno,
tecido de serenidade e paz
A brisa vôa,
diáfana gaivota,
vem beijar-me sem decoro
E as pedras bramem ,
entre as ondas,
como búzios
e conchas ressonantes
Um canto provocante de sereias.
Ouço a magia das fadas,
vejo o vento sussurrar
Vem,poeta,
vem comigo,sentir
o enlevo do mar
A sereia de pedra,
da praia de Itapuã
A todo mundo
graficamente saúda:
bem-vindo,
wellcome,
bienvenuto,
soyez
bienvenu
Mas a mim,
faceiramente me disse:
eu não sou de pedra,
isso é pura fantasia
E,garanto,me cantou!
Desde então eu volto lá –
sinto um gozo de adultério,
ouço a magia das fadas,
vejo o vento sussurrar
Vem poeta,
vem comigo,
ter as sereias do mar.
Desde então eu volto lá.
Minha mulher não sabe...
Mas,às vezes,
vou sòzinho a Itapuã.
Este poema foi escrito há muitos anos,quando eu ainda não morava em Itapuã.Hoje tenho este privilégio e não mais preciso de subterfúgios.Estou a 100 metros da praia de Itapuã,muito feliz com minha mulher,casadinho há mais de 40 anos,com 04 filhos e 06 netinhos.
versão de Itapuã é dedicada a duas figuras imortais deste paraíso:
Dorival Caymi e Vinicius de Morais,os poetas que a imortalizaram pela presença e pela difusão de seus encantos e belezas,de toda a poesia e eternidade que ela encerra.
LICOR DE ANIS
Licor de anis,azul,embriagante,
A cada gole meus desejos trais.
O vulto da singela e doce amante,
Fluidos perfumes, densas espirais.
Eu sorvo a tona desse anil bacante
E me inebrio em delírios tais...
Ouço o murmúrio dela, soluçante,
Em sintonia com meus mudos ais.
A timidez me prende, relutante
O coração reclama-segue avante,
Por que não quebras o temor e vais?
E quêdo embora, bafejou-me a graça,
Licor de anis sumiu da minha taça,
Mas ela... dos meus olhos... nunca mais!
AMORES DE POETA
A namorada do poeta cisma
e sofre longa noite no pensar...
se os versos que ele escreve sao mensagens
a outras tantas que deseja amar.
E como a noiva do poeta pena,
quantas lamurias penitente diz...
pressente em cada estrofe, sorrateiras
as outras noivas que o poeta quis.
A esposa do poeta tem pressagios,
tantos ciumes nao lhe ficam bem.
Descobre num soneto as mil pegadas
das aventuras que o poeta tem.
Mas a noiva, esposa, ou namorada,
melhor faria se o deixasse em paz
lá no reino dos sonhos e quimeras
das fantasias que o poeta faz.
E sentiria melhor a alegoria,
flagrante, bela, facil de se ver...
se existe nela própria a poesia
para a eleita de um poeta ser!...
O SUMIÇO DE BULE-BULE
I
Abro o jornal e me espanto
numa nota ali no canto
tomo um susto de lascar:
−;;;; Bule-Bule está sumido
e é preciso por sentido
para o poeta encontrar.
II
Diz a nota: −;;;; Foi em junho,
−;;;; invocando o testemunho
da companheira fiel −;;;;
que a caminho de brumado
destino mudou o fado
do famoso menestrel.
III
Refeito o susto me ponho
ante o relato medonho
a mim mesmo inquirir:
−;;;; Quando foi que vi o amigo
ou quando esteve comigo
antes da tela sumir?
IV
Mês de junho, tão distante,
festa, licor, tão bacante,
mês de fogueira e São João
...será que Bule-Bule se deu
a beber com Zebedeu
e queimou com um tição?
V
Ou será que foi bem longe
...converteu-se ...hoje é monge,
e talvez não volte mais?
Tem a barba de eremita
ar de profeta, recita
salmos, cantos e jograis.
VI
Será que Bule foi pêgo
por algum malvado nêgo
numa madrugada qualquer?
Depois da festa o dinheiro
exala do bolso um cheiro
que todo malandro quer.
VII
Ou será que simplesmente
Bule-Bule tão somente
cansou-se de tudo aqui
...arranjou uma loura chique,
tomou um chá de se pique
e mudou pro Havaí?
VIII
Mas... não! ...não! não é possível...
fora tudo isso crível
se me fugisse a memória
lembro porém, com presteza,
agora tenho certeza,
e a verdade é outra estória.
IX
Na Semana do Cavalo
Bule-Bule fez um calo
de tanto e tanto tocar.
Tenho o som cá na cachola
das coras da sua viola
para o mistério aclarar.
X
Isto foi no mês de agosto
fica portanto suposto
que o sumiço foi de um mês.
Outros dois, curtiu na cana
e em Feira de Santana
apareceu de uma vez.
XI
Apareceu de repente
mas só não disse pra gente,
como foi que ele sumiu
a companheira "deu parte"
mas a manha dessa arte
só ela mesma não viu.
XII
Todo poeta é boêmio
repentista é sempre gêmeo
do vento que o faz refém.
do vento que tomba e apára,
corre mundo, açoita, pára,
vai e volta, some e vem.
O BAR
O Bar, é o Bar ! ...
Não, o Bar não é somente Bar!
É profusão de sons,
e de cores
e de cheiros
e de gostos!
O Bar é um encontro dos anônimos,
dos sinônimos
e dos antônimos!
O Bar é a sinfônica do acaso,
um caso único de sintonia de luzes,
fumaças, goles, vozes,
tristezas, delírios, aplausos!
O Bar é um caleidoscópio
de vida urbana!
Pedaços de idéias,
pedaços de doutrinas,
pedaços de filosofia
pedaços de consciência.
Imanência, transcendência!
O Bar é um fragmento
e ao mesmo tempo um todo!
O silêncio dos deprimidos,
o alarido dos eufóricos.
A louçania da vida,
a introjeção do sofrer!
Um saco! Um balão!
O Bar é solo, espaço,
subterrâneo, atmosfera,
sufoco e respiração.
Agonia, exaltação!
entranhas e erupação.
É magma, é lava!
É quente, é frio.
É poeira das estrelas,
é profundeza da Terra.
Há tanta gente no Bar ...
Há tanto Bar na gente ! ...
... tenho ido pouco ao Bar.
Cada vez mais, o Bar vem menos a mim
--------
(poema premiado em primeiro lugar no Concurso Literário do Jubileu de Ouro da Associação Bahiana de Medicina)
Minha mulher não sabe , mas
...às vezes,vou sòzinho a Itapuã
Às vezes de dia,
quando o sol faísca
sobre a espuma
Aqueles cardumes cintilantes,
falsos peixinhos prateados,
feitos de luz
Outras vezes, de noite.
Digo que vou ao plantão
E lá vou eu prá Itapuã
A Lua verte sobre as águas,
as comportas do seu clarão - e,
mansa, passeia à tona,
seu manto dourado e morno,
tecido de serenidade e paz
A brisa vôa,
diáfana gaivota,
vem beijar-me sem decoro
E as pedras bramem ,
entre as ondas,
como búzios
e conchas ressonantes
Um canto provocante de sereias.
Ouço a magia das fadas,
vejo o vento sussurrar
Vem,poeta,
vem comigo,sentir
o enlevo do mar
A sereia de pedra,
da praia de Itapuã
A todo mundo
graficamente saúda:
bem-vindo,
wellcome,
bienvenuto,
soyez
bienvenu
Mas a mim,
faceiramente me disse:
eu não sou de pedra,
isso é pura fantasia
E,garanto,me cantou!
Desde então eu volto lá –
sinto um gozo de adultério,
ouço a magia das fadas,
vejo o vento sussurrar
Vem poeta,
vem comigo,
ter as sereias do mar.
Desde então eu volto lá.
Minha mulher não sabe...
Mas,às vezes,
vou sòzinho a Itapuã.
Este poema foi escrito há muitos anos,quando eu ainda não morava em Itapuã.Hoje tenho este privilégio e não mais preciso de subterfúgios.Estou a 100 metros da praia de Itapuã,muito feliz com minha mulher,casadinho há mais de 40 anos,com 04 filhos e 06 netinhos.
versão de Itapuã é dedicada a duas figuras imortais deste paraíso:
Dorival Caymi e Vinicius de Morais,os poetas que a imortalizaram pela presença e pela difusão de seus encantos e belezas,de toda a poesia e eternidade que ela encerra.
LICOR DE ANIS
Licor de anis,azul,embriagante,
A cada gole meus desejos trais.
O vulto da singela e doce amante,
Fluidos perfumes, densas espirais.
Eu sorvo a tona desse anil bacante
E me inebrio em delírios tais...
Ouço o murmúrio dela, soluçante,
Em sintonia com meus mudos ais.
A timidez me prende, relutante
O coração reclama-segue avante,
Por que não quebras o temor e vais?
E quêdo embora, bafejou-me a graça,
Licor de anis sumiu da minha taça,
Mas ela... dos meus olhos... nunca mais!
AMORES DE POETA
A namorada do poeta cisma
e sofre longa noite no pensar...
se os versos que ele escreve sao mensagens
a outras tantas que deseja amar.
E como a noiva do poeta pena,
quantas lamurias penitente diz...
pressente em cada estrofe, sorrateiras
as outras noivas que o poeta quis.
A esposa do poeta tem pressagios,
tantos ciumes nao lhe ficam bem.
Descobre num soneto as mil pegadas
das aventuras que o poeta tem.
Mas a noiva, esposa, ou namorada,
melhor faria se o deixasse em paz
lá no reino dos sonhos e quimeras
das fantasias que o poeta faz.
E sentiria melhor a alegoria,
flagrante, bela, facil de se ver...
se existe nela própria a poesia
para a eleita de um poeta ser!...
O SUMIÇO DE BULE-BULE
I
Abro o jornal e me espanto
numa nota ali no canto
tomo um susto de lascar:
−;;;; Bule-Bule está sumido
e é preciso por sentido
para o poeta encontrar.
II
Diz a nota: −;;;; Foi em junho,
−;;;; invocando o testemunho
da companheira fiel −;;;;
que a caminho de brumado
destino mudou o fado
do famoso menestrel.
III
Refeito o susto me ponho
ante o relato medonho
a mim mesmo inquirir:
−;;;; Quando foi que vi o amigo
ou quando esteve comigo
antes da tela sumir?
IV
Mês de junho, tão distante,
festa, licor, tão bacante,
mês de fogueira e São João
...será que Bule-Bule se deu
a beber com Zebedeu
e queimou com um tição?
V
Ou será que foi bem longe
...converteu-se ...hoje é monge,
e talvez não volte mais?
Tem a barba de eremita
ar de profeta, recita
salmos, cantos e jograis.
VI
Será que Bule foi pêgo
por algum malvado nêgo
numa madrugada qualquer?
Depois da festa o dinheiro
exala do bolso um cheiro
que todo malandro quer.
VII
Ou será que simplesmente
Bule-Bule tão somente
cansou-se de tudo aqui
...arranjou uma loura chique,
tomou um chá de se pique
e mudou pro Havaí?
VIII
Mas... não! ...não! não é possível...
fora tudo isso crível
se me fugisse a memória
lembro porém, com presteza,
agora tenho certeza,
e a verdade é outra estória.
IX
Na Semana do Cavalo
Bule-Bule fez um calo
de tanto e tanto tocar.
Tenho o som cá na cachola
das coras da sua viola
para o mistério aclarar.
X
Isto foi no mês de agosto
fica portanto suposto
que o sumiço foi de um mês.
Outros dois, curtiu na cana
e em Feira de Santana
apareceu de uma vez.
XI
Apareceu de repente
mas só não disse pra gente,
como foi que ele sumiu
a companheira "deu parte"
mas a manha dessa arte
só ela mesma não viu.
XII
Todo poeta é boêmio
repentista é sempre gêmeo
do vento que o faz refém.
do vento que tomba e apára,
corre mundo, açoita, pára,
vai e volta, some e vem.
O BAR
O Bar, é o Bar ! ...
Não, o Bar não é somente Bar!
É profusão de sons,
e de cores
e de cheiros
e de gostos!
O Bar é um encontro dos anônimos,
dos sinônimos
e dos antônimos!
O Bar é a sinfônica do acaso,
um caso único de sintonia de luzes,
fumaças, goles, vozes,
tristezas, delírios, aplausos!
O Bar é um caleidoscópio
de vida urbana!
Pedaços de idéias,
pedaços de doutrinas,
pedaços de filosofia
pedaços de consciência.
Imanência, transcendência!
O Bar é um fragmento
e ao mesmo tempo um todo!
O silêncio dos deprimidos,
o alarido dos eufóricos.
A louçania da vida,
a introjeção do sofrer!
Um saco! Um balão!
O Bar é solo, espaço,
subterrâneo, atmosfera,
sufoco e respiração.
Agonia, exaltação!
entranhas e erupação.
É magma, é lava!
É quente, é frio.
É poeira das estrelas,
é profundeza da Terra.
Há tanta gente no Bar ...
Há tanto Bar na gente ! ...
... tenho ido pouco ao Bar.
Cada vez mais, o Bar vem menos a mim
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Fonte:
Stammtisch Confrarias e Patotas http://www.stmt.com.br/mural.novembro.3.2008.html
Stammtisch Confrarias e Patotas http://www.stmt.com.br/mural.novembro.3.2008.html
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