quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Rafael Castellar das Neves (Terra Firme)

Foto por Dias dos Reis (Cais das Colunas - Lisboa)
Há tempos me cansei daquela infindável busca por tudo o que sempre entendi e defini como meu complemento, como minha razão de existência.

Há tempos desisti de me aventurar por montanhas, desfiladeiros, desertos, florestas, abrindo caminho, abrindo feridas, me rasgando, me mutilando e me diminuindo nessa busca insana.

Há tempos reneguei a tudo, não por me julgar incapaz; mas por ter entendido que eu mudava a paisagem e me corrompia na busca de algo utópico, absurdamente idealizado.

Há tempos parei e sentei para chorar meu último e mais impotente choro, escondido em uma caverna apertada, onde espantei todos os meus fantasmas e curei todas as minhas feridas.

Há tempos me levantei forte e me dei à luz, de peito aberto, passos firmes e coração limpo.

Há tempos me lancei sorridente ao mar em minha canoa, não em busca, mas avulso à maré e aos ventos, apenas sendo deliciosamente levado e saboreando sedento cada batalha – com os mais diversos monstros marinhos – da mesma forma que a cada por do sol que me era oferecido.

Hoje acordei náufrago em uma terra desconhecida e, ainda desorientado e assustado, entendi que atingira minha tal utopia, absurdamente em minha própria realidade!

São Paulo, 02 de julho de 2010.

Fonte:
Colaboração do autor

Um comentário:

Rafael Castellar das Neves disse...

Muito pela oportunidade de divulgação do meu trabalho, Feldman!!

Aproveito para convidar os leitores que gostarem a visitar meu blog Desce Mais Uma! que é a fonte deste e de outros trabalhos meus.

Abraço,

Rafael