ANITA GARIBALDI
(gravada em forma de canção por Marlene Pastro
com arranjo musical do Maestro Adolph Hülsberg)
Na beira da praia
na longínqua Itália
Anita contempla
as ondas do mar
A mão poderosa
de um louro pirata
levou-a pra longe
da terra natal
Anita morena
da pele macia
amante de noite
soldado de dia
um filho num braço
no outro um fuzil
Guerreira farrapa
guerreira uruguaia
guerreira italiana
rolando na cama
nos braços de um homem
com cheiro de mar
Anita morena
da pele macia
amante de noite
soldado de dia
um filho num braço
no outro um fuzil
Anita menina
da verde Laguna
mulher farroupilha
legaste teu sangue
fizeste tuas filhas
a todas mulheres
do sul do Brasil
Anita morena
da pele macia
amante de noite
soldado de dia
um filho num braço
no outro um fuzil
PAYADA DOS CHIMANGO
CHIMANGO é gavião campeiro
da planície americana,
ave nativa que irmana,
no lenço branco altaneiro,
um partido brasileiro
que abriu picadas na História,
dividindo sua glória
com o lenço colorado,
irmãos do mesmo passado
que vive em nossa memória.
CHIMANGO é também poesia,
o livro de um payador,
versos de ódio e amor,
gauchesca rebeldia.
Um protesto que recria,
cantada junto ao bandônio,
"a vida de um tal Antônio,
Chimango por sobrenome,
magro como o lobisomem,
mesquinho como o demônio.
Nos cerros de Caçapava
foi que viu a luz do dia
esta chucra confraria,
que há muito tempo sonhava
clavar a suerte na tava
da união continentina:
BRASIL irmão da ARGENTINA,
da BOLÍVIA e PARAGUAI,
irmanado ao URUGUAI e
à AMÉRICA LATINA.
CHIMANGOS são payadores,
dançarinos, mesnestréis.
Acima de tudo fiéis
à terra dos seus amores.
Mas voam com os condores
que passam na Cordilheira,
a montanha feiticeira
que vai unir nossa gente,
ELOS DA MESMA CORRENTE,
PÁTRIAS DA MESMA BANDEIRA.
ARGENTINA! Pátria amada
do grande José Hernandez.
Da Patagônia até os Andes,
a mesma terra adorada.
Milongas na madrugada
cruzando a nossa fronteira
e a DANÇA DA CHACARERA
erguendo pó nos fandangos.
Carlos Gardel e seus tangos
no rádio de cabeceira.
Teu nome é feito de prata,
teu nome é feito de luz.
A lança, a espada e a cruz,
que a tua História retrata.
Índios da pampa e da mata,
europeus vindos dos mares,
mesclando-se em avatares
de alma e sangue guerreiro:
El pueblo de Martín Fierro
que só ajoelha nos altares.
PARAGUAI das reduções
do socialismo cristão,
tua capital, Assunção,
arrebata os corações.
São lindas tuas canções,
no azul do Ipacaraí,
e o idioma guarani
conosco não tem fronteira:
bailando LA GALOPERA
llegamos cerca de ti.
BOLÍVIA! Das tuas alturas,
tradição Quíchua e Aimara.
Flautas feitas de taquara,
vento frio e pedra dura.
Misteriosas criaturas,
herdeiras de antigos templos
cantando amor e lamentos
na força de seus bailados.
Vestindo ponchos bordados
com as cores do firmamento.
Gauderiamos na cultura
das Nações do Continente,
não para ser diferentes,
mas em busca de água pura.
E a tradição que perdura,
mostrada em forma de dança,
é um bailado de esperança,
de fé e de liberdade,
unindo o campo à cidade,
num laço da mesma trança.
Do Forte da nossa terra,
nenhuma pedra rolou,
apenas se desgarrou
algum gaúcho na guerra.
E qual um touro que berra
no centro do seu rodeio,
o Forte ficou no meio
da cidade que se expande
testemunha do RIO GRANDE
nos tempos do pastoreio.
CAÇAPAVA! Terra linda
como as mulheres do pago!
Tua presença é um afago
em nossa paisagem infinda.
Voltar a ti é ainda
o que mais nos arrebata.
E se a saudade maltrata,
se dói no peito esta ausência:
VOLTA O CHIMANGO À QUERÊNCIA!
Verde Clareira da Mata.
QUE DIACHO! EU GOSTAVA DO MEU CUSCO
Entendo. Envelheci entendendo.
Bicho não tem alma, eu sei bem,
mas será que vivente tem?
Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Era uma guaipeca amarelo,
baixinho, de perna torta,
que me seguiu num domingo,
de volta de umas carreira.
Eu andava meio abichornado,
bebendo mais que o costume,
essas coisa de rabicho, de ciúme,
vocês me entendem, ele entendeu.
Passei o dia bebendo
e ele ali no costado
me olhando de atravessado,
esperando por comida.
Nesse tempo era magrinho
que aparecia as costela.
Depois pegou mais estado
mas nunca foi de engordá.
Quando veio meu guisado,
dei quase tudo prá ele.
Um pouco, por pena dele,
e outro, que nesse dia,
só bebida eu engolia
por causa dos pensamento.
Já pela entrada do sol,
ainda pensando na moça
e nas miséria da vida,
toquei de volta prás casa
e vi que o cusco magrinho
vinha troteando pertinho,
com um jeito encabulado.
Volta prá casa, guaipeca!
Ralhei e ralhei com ele.
Parava um puco, fugia,
farejava qualquer coisa,
depois voltava prá mim.
O capataz não gostou,
na estância só tinha galgo,
mas o guaipeca ficou.
Botei o nome de sorro,
as crianças, de brinquinho,
mas o nome que pegou
foi de guaipeca amarelo.
Mas nome não é o que importa.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?
Ficou seis anos na estância.
Lidava com gado e ovelha
sempre atento e voluntário.
Se um boi ganhava no mato,
o guaipeca só voltava
depois de tirá prá fora.
E nunca mordeu ninguém!
Nem as índia da cozinha
que inticava com ele.
Nem ovelha, nem galinha,
nem quero-quero, avestruz.
Com lagarto, era o primeiro
e mesmo piquininho
corria mais do que um pardo.
E tudo ia tão bem...
Até que um dia azarado
o patrãozinho noivou
e trouxe a noiva prá estância.
Era no mês de janeiro,
os patrão tava na praia,
e veio um mundo de gente,
tudo em roupa diferente,
até colar, home usava,
e as moça meio pelada,
sem sê na hora do banho,
imagino lá no arroio,
o retoço da moçada.
Mas bueno, sou doutro tempo,
das trança e saia rodada,
até aí não tem nada,
que a gente respeita os branco,
olha e finge que não vê.
O pior foi o meu cusco,
que não entendeu, por bicho,
a distância que separa
um guaipeca de peão
da cachorrinha mimosa
da noiva do meu patrão.
Era quase de brinquedo
a cachorrinha da moça.
Baixinha, reboladera,
pêlo comprido e tratado,
andava só na coleira
e tinha medo de tudo,
por qualquer coisa acoava.
Meu cusco perdeu o entono
quando viu a cachorrinha.
E les juro que a bichinha
também gostou do meu baio.
Mas namoro, só de longe
que a cusca era mais cuidada
que touro de exposição.
Mas numa noite de lua,
foi mais forte a natureza.
A cadela tava alçada
e o guaipeca atrás dela
entrou por uma janela
e foi uma gritaria
quando encontraram os dois.
Achei graça na aventura,
até que chegou o mocito,
o filho do meu patrão,
e disse prá o Vitalício
que tinha fama de ruim:
Benefecia o guaipeca
prá que respeite as família!
Parecia até uma filha
que o cusco tinha abusado.
Perdão, le disse, o coitado
não entende dessas coisa.
Deixe qu'eu leve prá o posto
do fundo, com meu cumpadre,
depois que passá o verão.
Capa o cusco, Vitalício!
E tu, pega os teus pertence
e vai buscá teu cavalo.
Me deu uma raiva por dentro
de sê assim despachado
por um piazito mijado
e ainda usando colar.
Mas prometi aqui prá dentro:
mesmo filho do patrão,
no meu cusco ninguém toca.
Pego ele, vou m'embora
e acabou-se a função.
Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?
Campiei ele no galpão,
nos brete, pelas mangueira
e nada do desgraçado.
No fim, já meio cansado,
peguei o ruano velho
e fui buscá o meu cavalo.
Com o tordilho por diante,
vinha pensando na vida.
Posso entrá numa comparsa,
mesmo no fim das esquila.
Depois ajeito os apero
e busco colocação,
nem que seja de caseiro,
se nã me ajustam de peão.
E levo o cusco comigo
pois foi o único amigo
que nunca negou a mão.
Nisso, ouvi a gritaria
e os ganido do meu cusco
que era um grito de susto,
de medo, um grito de horror.
Toquei a espora no ruano
mas era tarde demais.
Tinham feito a judiaria
e o pobrezinho sangrava,
sangrava de fazê poça
e já chorava fraquinho.
Peguei o cusco no colo
e apertei o coração.
O sangue tava fugindo,
não tinha mais esperança.
O cusco foi se finando
e os meus olho chorando,
chorando como criança.
Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?
Nessa hora desgraçada
o tal mocito voltou
prá sabê pelo serviço.
Botei o cusco no chão,
passei a mão no facão
e dei uns grito com ele,
com ele e com o Vitalício!
Ele puxô do revólver
mas tava perto demais.
Antes que a bala saísse,
cortei ele prá matá.
Foi assim, bem direitinho.
Não tô aqui prá menti.
É verdade qu'eu fugi
mas depois me apresentei.
Me julgaram e condenaram
mas o pior que assassino,
foi dizerem que o motivo
era pouco prá o que fiz...
Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?
Fonte:
http://www.alcycheuiche.com.br/poesias.htm
(gravada em forma de canção por Marlene Pastro
com arranjo musical do Maestro Adolph Hülsberg)
Na beira da praia
na longínqua Itália
Anita contempla
as ondas do mar
A mão poderosa
de um louro pirata
levou-a pra longe
da terra natal
Anita morena
da pele macia
amante de noite
soldado de dia
um filho num braço
no outro um fuzil
Guerreira farrapa
guerreira uruguaia
guerreira italiana
rolando na cama
nos braços de um homem
com cheiro de mar
Anita morena
da pele macia
amante de noite
soldado de dia
um filho num braço
no outro um fuzil
Anita menina
da verde Laguna
mulher farroupilha
legaste teu sangue
fizeste tuas filhas
a todas mulheres
do sul do Brasil
Anita morena
da pele macia
amante de noite
soldado de dia
um filho num braço
no outro um fuzil
PAYADA DOS CHIMANGO
CHIMANGO é gavião campeiro
da planície americana,
ave nativa que irmana,
no lenço branco altaneiro,
um partido brasileiro
que abriu picadas na História,
dividindo sua glória
com o lenço colorado,
irmãos do mesmo passado
que vive em nossa memória.
CHIMANGO é também poesia,
o livro de um payador,
versos de ódio e amor,
gauchesca rebeldia.
Um protesto que recria,
cantada junto ao bandônio,
"a vida de um tal Antônio,
Chimango por sobrenome,
magro como o lobisomem,
mesquinho como o demônio.
Nos cerros de Caçapava
foi que viu a luz do dia
esta chucra confraria,
que há muito tempo sonhava
clavar a suerte na tava
da união continentina:
BRASIL irmão da ARGENTINA,
da BOLÍVIA e PARAGUAI,
irmanado ao URUGUAI e
à AMÉRICA LATINA.
CHIMANGOS são payadores,
dançarinos, mesnestréis.
Acima de tudo fiéis
à terra dos seus amores.
Mas voam com os condores
que passam na Cordilheira,
a montanha feiticeira
que vai unir nossa gente,
ELOS DA MESMA CORRENTE,
PÁTRIAS DA MESMA BANDEIRA.
ARGENTINA! Pátria amada
do grande José Hernandez.
Da Patagônia até os Andes,
a mesma terra adorada.
Milongas na madrugada
cruzando a nossa fronteira
e a DANÇA DA CHACARERA
erguendo pó nos fandangos.
Carlos Gardel e seus tangos
no rádio de cabeceira.
Teu nome é feito de prata,
teu nome é feito de luz.
A lança, a espada e a cruz,
que a tua História retrata.
Índios da pampa e da mata,
europeus vindos dos mares,
mesclando-se em avatares
de alma e sangue guerreiro:
El pueblo de Martín Fierro
que só ajoelha nos altares.
PARAGUAI das reduções
do socialismo cristão,
tua capital, Assunção,
arrebata os corações.
São lindas tuas canções,
no azul do Ipacaraí,
e o idioma guarani
conosco não tem fronteira:
bailando LA GALOPERA
llegamos cerca de ti.
BOLÍVIA! Das tuas alturas,
tradição Quíchua e Aimara.
Flautas feitas de taquara,
vento frio e pedra dura.
Misteriosas criaturas,
herdeiras de antigos templos
cantando amor e lamentos
na força de seus bailados.
Vestindo ponchos bordados
com as cores do firmamento.
Gauderiamos na cultura
das Nações do Continente,
não para ser diferentes,
mas em busca de água pura.
E a tradição que perdura,
mostrada em forma de dança,
é um bailado de esperança,
de fé e de liberdade,
unindo o campo à cidade,
num laço da mesma trança.
Do Forte da nossa terra,
nenhuma pedra rolou,
apenas se desgarrou
algum gaúcho na guerra.
E qual um touro que berra
no centro do seu rodeio,
o Forte ficou no meio
da cidade que se expande
testemunha do RIO GRANDE
nos tempos do pastoreio.
CAÇAPAVA! Terra linda
como as mulheres do pago!
Tua presença é um afago
em nossa paisagem infinda.
Voltar a ti é ainda
o que mais nos arrebata.
E se a saudade maltrata,
se dói no peito esta ausência:
VOLTA O CHIMANGO À QUERÊNCIA!
Verde Clareira da Mata.
QUE DIACHO! EU GOSTAVA DO MEU CUSCO
Entendo. Envelheci entendendo.
Bicho não tem alma, eu sei bem,
mas será que vivente tem?
Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Era uma guaipeca amarelo,
baixinho, de perna torta,
que me seguiu num domingo,
de volta de umas carreira.
Eu andava meio abichornado,
bebendo mais que o costume,
essas coisa de rabicho, de ciúme,
vocês me entendem, ele entendeu.
Passei o dia bebendo
e ele ali no costado
me olhando de atravessado,
esperando por comida.
Nesse tempo era magrinho
que aparecia as costela.
Depois pegou mais estado
mas nunca foi de engordá.
Quando veio meu guisado,
dei quase tudo prá ele.
Um pouco, por pena dele,
e outro, que nesse dia,
só bebida eu engolia
por causa dos pensamento.
Já pela entrada do sol,
ainda pensando na moça
e nas miséria da vida,
toquei de volta prás casa
e vi que o cusco magrinho
vinha troteando pertinho,
com um jeito encabulado.
Volta prá casa, guaipeca!
Ralhei e ralhei com ele.
Parava um puco, fugia,
farejava qualquer coisa,
depois voltava prá mim.
O capataz não gostou,
na estância só tinha galgo,
mas o guaipeca ficou.
Botei o nome de sorro,
as crianças, de brinquinho,
mas o nome que pegou
foi de guaipeca amarelo.
Mas nome não é o que importa.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?
Ficou seis anos na estância.
Lidava com gado e ovelha
sempre atento e voluntário.
Se um boi ganhava no mato,
o guaipeca só voltava
depois de tirá prá fora.
E nunca mordeu ninguém!
Nem as índia da cozinha
que inticava com ele.
Nem ovelha, nem galinha,
nem quero-quero, avestruz.
Com lagarto, era o primeiro
e mesmo piquininho
corria mais do que um pardo.
E tudo ia tão bem...
Até que um dia azarado
o patrãozinho noivou
e trouxe a noiva prá estância.
Era no mês de janeiro,
os patrão tava na praia,
e veio um mundo de gente,
tudo em roupa diferente,
até colar, home usava,
e as moça meio pelada,
sem sê na hora do banho,
imagino lá no arroio,
o retoço da moçada.
Mas bueno, sou doutro tempo,
das trança e saia rodada,
até aí não tem nada,
que a gente respeita os branco,
olha e finge que não vê.
O pior foi o meu cusco,
que não entendeu, por bicho,
a distância que separa
um guaipeca de peão
da cachorrinha mimosa
da noiva do meu patrão.
Era quase de brinquedo
a cachorrinha da moça.
Baixinha, reboladera,
pêlo comprido e tratado,
andava só na coleira
e tinha medo de tudo,
por qualquer coisa acoava.
Meu cusco perdeu o entono
quando viu a cachorrinha.
E les juro que a bichinha
também gostou do meu baio.
Mas namoro, só de longe
que a cusca era mais cuidada
que touro de exposição.
Mas numa noite de lua,
foi mais forte a natureza.
A cadela tava alçada
e o guaipeca atrás dela
entrou por uma janela
e foi uma gritaria
quando encontraram os dois.
Achei graça na aventura,
até que chegou o mocito,
o filho do meu patrão,
e disse prá o Vitalício
que tinha fama de ruim:
Benefecia o guaipeca
prá que respeite as família!
Parecia até uma filha
que o cusco tinha abusado.
Perdão, le disse, o coitado
não entende dessas coisa.
Deixe qu'eu leve prá o posto
do fundo, com meu cumpadre,
depois que passá o verão.
Capa o cusco, Vitalício!
E tu, pega os teus pertence
e vai buscá teu cavalo.
Me deu uma raiva por dentro
de sê assim despachado
por um piazito mijado
e ainda usando colar.
Mas prometi aqui prá dentro:
mesmo filho do patrão,
no meu cusco ninguém toca.
Pego ele, vou m'embora
e acabou-se a função.
Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?
Campiei ele no galpão,
nos brete, pelas mangueira
e nada do desgraçado.
No fim, já meio cansado,
peguei o ruano velho
e fui buscá o meu cavalo.
Com o tordilho por diante,
vinha pensando na vida.
Posso entrá numa comparsa,
mesmo no fim das esquila.
Depois ajeito os apero
e busco colocação,
nem que seja de caseiro,
se nã me ajustam de peão.
E levo o cusco comigo
pois foi o único amigo
que nunca negou a mão.
Nisso, ouvi a gritaria
e os ganido do meu cusco
que era um grito de susto,
de medo, um grito de horror.
Toquei a espora no ruano
mas era tarde demais.
Tinham feito a judiaria
e o pobrezinho sangrava,
sangrava de fazê poça
e já chorava fraquinho.
Peguei o cusco no colo
e apertei o coração.
O sangue tava fugindo,
não tinha mais esperança.
O cusco foi se finando
e os meus olho chorando,
chorando como criança.
Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?
Nessa hora desgraçada
o tal mocito voltou
prá sabê pelo serviço.
Botei o cusco no chão,
passei a mão no facão
e dei uns grito com ele,
com ele e com o Vitalício!
Ele puxô do revólver
mas tava perto demais.
Antes que a bala saísse,
cortei ele prá matá.
Foi assim, bem direitinho.
Não tô aqui prá menti.
É verdade qu'eu fugi
mas depois me apresentei.
Me julgaram e condenaram
mas o pior que assassino,
foi dizerem que o motivo
era pouco prá o que fiz...
Que diacho! Eu gostava do meu cusco.
Bicho não tem alma, eu sei bem.
Mas será que vivente tem?
Fonte:
http://www.alcycheuiche.com.br/poesias.htm
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