FILHA DA AMAZÔNIA
Nasci d’água marajoara,
Moreno-jambo na cor,
Filha do luar paroara,
Com a vitória-régia em flor.
Saias estampadas coloridas,
Danço o sensual carimbó,
Nas cadências já conhecidas,
Que aprendi com minha avó.
Como maniçoba e tapioca,
Comidas típicas gostosas:
Viva a sagrada mandioca,
Das raízes às folhas venenosas!
Samaumeira do meu bem,
De tucupi e açaí sou regada,
Nos rios que cortam Belém,
Vôo junto às passaradas.
Nasci d’água marajoara,
Moreno-jambo na cor,
Filha do luar paroara,
Com vitória-régia a flor!
SOB VÉU RENDADO
Sob rendado véu do silêncio escuto,
Colho palavras ditas pelos ventos,
Apontamentos que na mão perscruto,
Para unir momentos e sentimentos.
Luto por fazer um verso impoluto,
Livre, solto, de melhores caimentos:
Aos olhares, poemas sacros e bentos,
Aos tristes corações - luz e tributo.
Entrelinhas, eu preencho com alentos,
De letras, sons e outros elementos,
Para de o escrito germinar bom fruto...
As letras dos versos são condimentos,
D’alma e corpo puros contentamentos:
Alimentos que sob renda desfruto!
PARA QUEM AMOU SEM SER AMADO
Um grande tapete florido e belo,
Tingido pela vermelha paixão,
Para essa louca rainha sem castelo,
Expuseste o teu nobre coração.
Com ouro puro, do mais amarelo,
Respeito, carinho e muita atenção,
Beijos, doces olhares em anelo,
Ungiste-a de mágica poção...
Deste-lhe a tua vida, amor em elo,
Tanto apego, zelo e dedicação,
Aos teus bons olhos: só desilusão.
Bela na aparência, jeito singelo,
O peito era só fel e perdição,
Amar sem ser amado: maldição!
POEMA DE MAR E AMAR
Ondas espumam em desenhos no ar,
Harmonia, leveza, pura magia,
Eu rubro barco na costa a remar,
Coração acelerado, em euforia...
Lanço minhas mãos ao clarão do luar,
Com os braços abertos e alegria,
Rogo ao Deus e Senhor do meu Altar,
Orientação através de um Anjo-Guia.
Sou uma pobre e pecadora Maria,
A suplicar aqui deste triste lugar,
Que na tua vida possas me aceitar...
Teu calor aquecer-me a noite fria,
Navegar ao bel prazer do teu mar:
Ah, doce felicidade de amar!…
BORBOLETA DE PAPEL
Admiro-te! Voas leve e linda folha,
Trazes ao corpo letras desenhadas,
Para que minha imaginação as colha,
E as pinte nas cores d’alma encantadas.
Bates asas para lá e para cá,
Espalhas mágicos polens de versos,
Semeias poemas flores de manacá,
Dos tons brancos aos lilases diversos...
Que pena tua vida seja tão breve,
E com o repentino cair das chuvas,
A correnteza na sarjeta a leve!...
Ó, borboleta de papel que turvas,
Por águas ora barrentas da verve,
Acode meu amor e suas doces curvas!
O COLECIONADOR DE PAIXÔES
Gajo gentil e de mui boa conversa,
Intelectual que vive em Portugal,
Manhoso e esperto feito gato persa,
Conquista a ala feminina geral.
Seu sorriso aberto é uma arma letal.
Pobre da moça que ele se interessa,
E com desapego e emoção fatal,
O rútilo coração lhe arremessa!...
Descolado, sem nem uma promessa,
Com jeito cordial de fazer corar,
Envolve as raparigas bem depressa.
Réu confesso e isento de compaixões,
Nem foi julgado por colecionar,
E matar a queima-roupa as paixões!
MATA-BORRÃO
Vem calado, achega-te e me beija!
Apazigua a chama que me incendeia,
Para que com olhos de amor te veja,
E caia como tola presa em tua teia...
Carente e licenciosa prisioneira,
Além do limite dos teus abraços,
Seja eu maga ou malvada feiticeira,
Para deixar no teu corpo os meus traços.
Livre da teia, mágicos poemas em penhor,
Que eu escrevi na tua mui amada presença,
Queimaram-se e perderam o valor...
Estrelas decadentes e sem cor,
Caíram ao solo da tua indiferença,
Como mata-borrão do nosso amor.
MINHAS LÁGRIMAS
Desses meus olhos de muitas tristezas,
Colhi lágrimas das dores distantes,
Guardei-as no cântaro das belezas,
E delas tu provaste por instantes...
Ah, que não adoeças da minha loucura,
Nem agregues as minhas incertezas!
Que elas te banhem d’águas de ternura,
E libertem tua alma das impurezas!
Ao teu peito cansado dêem leveza,
Os luzeiros dos mais puros diamantes,
E tirem do teu coração a fraqueza...
Voes além da vilania e pequeneza,
Das nuvens cinza tais véus errantes...
E abre-te para a vida em grandeza!
SEMENTES DE ILUSÕES
Eu plantei fumaças de mil odores,
Palavras licores com chocolates,
Doces olhares das mais belas cores,
Do branco bem calmo ao tenso escarlate.
Arei terras frágeis em plantações,
Adubei-as de afetos sorrateiros,
Até fecundei em negros corações,
Grãos d’amores-perfeitos altaneiros.
Reguei com as melhores intenções,
Usei de puras águas aos canteiros,
E aguardei muito ansiosa as florações...
Nesse tempo de falsas impressões,
Nasceram pés mal-me-queres inteiros:
As sementes eram grãos de ilusões!
MIGALHAS DALMA
Na estrada já fui para ti “a bendita”,
Deixei passos marcados nesse chão,
Tal pedaços d’alma que vaga aflita,
Sou escombros de um amor que foi vão.
Só migalhas eu guardo nessa vida,
De pequenos vôos da imaginação,
Grande parte minha está perdida,
Escondida sob gestos da tua mão...
Mesmo com tuas migalhas iludida,
Eu vivia feliz entre o sim e o não:
A tua boca que me dava a guarida.
Ora alimenta-me a sobra devida...
O teu doce afeto que foi meu pão,
Alivia-me a fome recém-nascida.
COLCHA DE RETALHOS
Cada parte de uma grande amizade,
Coloquei nas mãos do melhor alfaiate:
Amor, paciência e solidariedade,
E faça-me uma colcha em arremate!
Tecida em ponto que nunca desate,
Que seja abrigo contra insanidade,
Amorteça a dor de qualquer embate,
E aqueça-me do frio da soledade.
Cuidadoso fez o artesão sua arte,
Dos fios mais delicados de bondade,
Teceu com a dedicação de um vate.
Por anos eu congelei sem piedade,
Minha tristeza não teve resgate:
A coberta ficou pronta mui tarde…
Fontes:
http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=12056
1a. Antologia Poética Momento Lítero-Cultural
Nasci d’água marajoara,
Moreno-jambo na cor,
Filha do luar paroara,
Com a vitória-régia em flor.
Saias estampadas coloridas,
Danço o sensual carimbó,
Nas cadências já conhecidas,
Que aprendi com minha avó.
Como maniçoba e tapioca,
Comidas típicas gostosas:
Viva a sagrada mandioca,
Das raízes às folhas venenosas!
Samaumeira do meu bem,
De tucupi e açaí sou regada,
Nos rios que cortam Belém,
Vôo junto às passaradas.
Nasci d’água marajoara,
Moreno-jambo na cor,
Filha do luar paroara,
Com vitória-régia a flor!
SOB VÉU RENDADO
Sob rendado véu do silêncio escuto,
Colho palavras ditas pelos ventos,
Apontamentos que na mão perscruto,
Para unir momentos e sentimentos.
Luto por fazer um verso impoluto,
Livre, solto, de melhores caimentos:
Aos olhares, poemas sacros e bentos,
Aos tristes corações - luz e tributo.
Entrelinhas, eu preencho com alentos,
De letras, sons e outros elementos,
Para de o escrito germinar bom fruto...
As letras dos versos são condimentos,
D’alma e corpo puros contentamentos:
Alimentos que sob renda desfruto!
PARA QUEM AMOU SEM SER AMADO
Um grande tapete florido e belo,
Tingido pela vermelha paixão,
Para essa louca rainha sem castelo,
Expuseste o teu nobre coração.
Com ouro puro, do mais amarelo,
Respeito, carinho e muita atenção,
Beijos, doces olhares em anelo,
Ungiste-a de mágica poção...
Deste-lhe a tua vida, amor em elo,
Tanto apego, zelo e dedicação,
Aos teus bons olhos: só desilusão.
Bela na aparência, jeito singelo,
O peito era só fel e perdição,
Amar sem ser amado: maldição!
POEMA DE MAR E AMAR
Ondas espumam em desenhos no ar,
Harmonia, leveza, pura magia,
Eu rubro barco na costa a remar,
Coração acelerado, em euforia...
Lanço minhas mãos ao clarão do luar,
Com os braços abertos e alegria,
Rogo ao Deus e Senhor do meu Altar,
Orientação através de um Anjo-Guia.
Sou uma pobre e pecadora Maria,
A suplicar aqui deste triste lugar,
Que na tua vida possas me aceitar...
Teu calor aquecer-me a noite fria,
Navegar ao bel prazer do teu mar:
Ah, doce felicidade de amar!…
BORBOLETA DE PAPEL
Admiro-te! Voas leve e linda folha,
Trazes ao corpo letras desenhadas,
Para que minha imaginação as colha,
E as pinte nas cores d’alma encantadas.
Bates asas para lá e para cá,
Espalhas mágicos polens de versos,
Semeias poemas flores de manacá,
Dos tons brancos aos lilases diversos...
Que pena tua vida seja tão breve,
E com o repentino cair das chuvas,
A correnteza na sarjeta a leve!...
Ó, borboleta de papel que turvas,
Por águas ora barrentas da verve,
Acode meu amor e suas doces curvas!
O COLECIONADOR DE PAIXÔES
Gajo gentil e de mui boa conversa,
Intelectual que vive em Portugal,
Manhoso e esperto feito gato persa,
Conquista a ala feminina geral.
Seu sorriso aberto é uma arma letal.
Pobre da moça que ele se interessa,
E com desapego e emoção fatal,
O rútilo coração lhe arremessa!...
Descolado, sem nem uma promessa,
Com jeito cordial de fazer corar,
Envolve as raparigas bem depressa.
Réu confesso e isento de compaixões,
Nem foi julgado por colecionar,
E matar a queima-roupa as paixões!
MATA-BORRÃO
Vem calado, achega-te e me beija!
Apazigua a chama que me incendeia,
Para que com olhos de amor te veja,
E caia como tola presa em tua teia...
Carente e licenciosa prisioneira,
Além do limite dos teus abraços,
Seja eu maga ou malvada feiticeira,
Para deixar no teu corpo os meus traços.
Livre da teia, mágicos poemas em penhor,
Que eu escrevi na tua mui amada presença,
Queimaram-se e perderam o valor...
Estrelas decadentes e sem cor,
Caíram ao solo da tua indiferença,
Como mata-borrão do nosso amor.
MINHAS LÁGRIMAS
Desses meus olhos de muitas tristezas,
Colhi lágrimas das dores distantes,
Guardei-as no cântaro das belezas,
E delas tu provaste por instantes...
Ah, que não adoeças da minha loucura,
Nem agregues as minhas incertezas!
Que elas te banhem d’águas de ternura,
E libertem tua alma das impurezas!
Ao teu peito cansado dêem leveza,
Os luzeiros dos mais puros diamantes,
E tirem do teu coração a fraqueza...
Voes além da vilania e pequeneza,
Das nuvens cinza tais véus errantes...
E abre-te para a vida em grandeza!
SEMENTES DE ILUSÕES
Eu plantei fumaças de mil odores,
Palavras licores com chocolates,
Doces olhares das mais belas cores,
Do branco bem calmo ao tenso escarlate.
Arei terras frágeis em plantações,
Adubei-as de afetos sorrateiros,
Até fecundei em negros corações,
Grãos d’amores-perfeitos altaneiros.
Reguei com as melhores intenções,
Usei de puras águas aos canteiros,
E aguardei muito ansiosa as florações...
Nesse tempo de falsas impressões,
Nasceram pés mal-me-queres inteiros:
As sementes eram grãos de ilusões!
MIGALHAS DALMA
Na estrada já fui para ti “a bendita”,
Deixei passos marcados nesse chão,
Tal pedaços d’alma que vaga aflita,
Sou escombros de um amor que foi vão.
Só migalhas eu guardo nessa vida,
De pequenos vôos da imaginação,
Grande parte minha está perdida,
Escondida sob gestos da tua mão...
Mesmo com tuas migalhas iludida,
Eu vivia feliz entre o sim e o não:
A tua boca que me dava a guarida.
Ora alimenta-me a sobra devida...
O teu doce afeto que foi meu pão,
Alivia-me a fome recém-nascida.
COLCHA DE RETALHOS
Cada parte de uma grande amizade,
Coloquei nas mãos do melhor alfaiate:
Amor, paciência e solidariedade,
E faça-me uma colcha em arremate!
Tecida em ponto que nunca desate,
Que seja abrigo contra insanidade,
Amorteça a dor de qualquer embate,
E aqueça-me do frio da soledade.
Cuidadoso fez o artesão sua arte,
Dos fios mais delicados de bondade,
Teceu com a dedicação de um vate.
Por anos eu congelei sem piedade,
Minha tristeza não teve resgate:
A coberta ficou pronta mui tarde…
Fontes:
http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=12056
1a. Antologia Poética Momento Lítero-Cultural
Um comentário:
Muito grata pela divulgação dos meus textos! Abençoado 2014!Abraço.
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