Paulo Vinheiro, é o pseudônimo de Paulo Vieira Pinheiro, poeta de Monteiro Lobato/SP
ATENÇÃO
Recordo, lembrança, achado
Um conto criado de fato suposto
Que é? Não sei. Só sei que perfaz
Completo, segue caminho seu
Por quê? Não interessa mais
Só peço atenção...
Uma delicadeza, afeto
Isso feito, um universo talvez.
POESIA
Quanta força os dedos fazem para digitar?
Pra qual objetivo eles trabalham?
O que querem dizer quando dizem?
Qual conteúdo emocional tem os dedos?
Escrever só com o corpo é incompleto
Escrever só com letras é muito pouco
Poetizar não é o mesmo que historiar
Relatar um fato e depois esquecê-lo
Há razão entre a intenção e a ação
Uma revelação depois da reflexão
Propor uma leitura maior que a grafia
Provocar encanto no exercício de ler
Ligar sem escravizar o leitor ao sentido
Da página, linhas, palavras, letras, sinais
Não há por que complicar o tão simples
Para ler temos de ter mais que os olhos
Para se fazer poesia há de um que a leia
VIVER DÓI
Mais que querer
Mais que bem-me-quer
Respirando fundo
Amando demais
Andando pela vida com a venda
Tateando os caminhos
Vencendo os medos
Transformando horrores
Menos horrores
Seja qual idade se tenha
O mais cruel de tudo
É viver sem saber por quê.
MONARKA
Esquece intensa e leve pelas veredas
Azulando e crispando o tempo espaço
Zero é seu nome, ou será, quem sabe
Dentro, tudo ou nada, ambicionam ser
Sem projetos, sem programas, ela só
É borboleta azul que natural impera
É sutil o processo que nos encasula
Fecho a porta e abocanho a chave
Para transformar o padecer é certo
Por isso não pode haver uma rotina
Nada paira como ela monarca alada
Que remanchada volta a seu casulo
Liga a sua TV e atualiza o programa
Uma noite mal dormida e está findo
Muitos traumas ajustarão sua psique
Um dia intenso cumprindo instruções
Dizem quanto vai viver e onde morar
Data de ativação e expectativa de vida
Tamanho da prole, número do sapato
Limite de crédito, carro de uso, e mais
Sem sentido, sem porque, sem sossego
Sem propósito seu, assim, mais nada
Sem poder só preenche o desígnio
Um dever sem motivo seu, apenas isso
Um estímulo do nada e faz tudo diligente
Um click, um plim, um splash, e aí vai
Às vezes é rápido, outras é progressivo
Um gatilho, estopim, estouro, finalmente
Sem cura, e por isso que a cura é o final
Aguarda um comando para se desfazer
Integral, não linear, partido, sem sentido
Morto desde o berço pode, até, se libertar
TIRANA
Tomar uma coca-cola, adorando, ingenuamente
Ir ao “maquedonalde” num fim de tarde e talvez comer
Ir ao teatro e assistir mais que uma peça
Ler Amado, Oswald, Saramago e se alimentar
Ouvir uma tirana a nos cantar sem encantos
Dobrar-nos às ordens de um tio distante
Darmos atenção à infâmia do dia
Mentiras que diminuem o nosso tamanho
Entendo que não entendamos os porquês
Ignorar os porquês é importante
Não viver alienado ou alienante
Instrumentos do indizível abandono
O nosso destino é o abandono programado
Para repetirmos aquilo que ouvirmos
Para vivermos a mentira ditada
Acreditarmos num salvador que não virá
Transformaram-nos ateus e foi escolhido um novo deus
Aquele que adoramos e adoraremos
Nos dias escuros e noites em claro
Dobrados, insanos, dementes... nos querem
O que queremos? Ninguém se importa
Você se importa? Mesmo? Será?
Não fomos criados para pensar
Afinal pensar cansa e temos quem pense por nós
Para que nascemos? Pra que nasceu todo esse gado?
Garantidos estão os votos e os consumidores, só
Não servimos a nós mesmos e sim ao novo deus
Incorpórea figura quem dita as regras e nos amaldiçoa
Enquanto isso no reino da pastelândia
Nos McColas da vida e da morte
Recolhendo os mortos entre os fracos
Há quem pense em você e em mim
Será você também?
SABOR
Uma sucessão de palavras
Ásperas macias, quentes frias
Salgadas doces, noites dias
Grandes pequenas, brancas negras
Formando a vida e a poesia
Desafiando o possível até o limite
Até que desalente a fantasia
Uma porta aberta leva as palavras
Leves as palavras voam soltas
Há quem as junte, quem dê sentido
Um bêbado do bê-a-bá
Contador de letras
Caçador das palavras perdidas
Você ou eu quando escreve
Um sentido que alucina e lancina
Outra forma de ver o vulgar
Explica e dá sentido à sombra
Quem vai ou quem vem de algum lugar
Ensina, divulga, assombra
Canta e conta o chão que se pisa
E faz mais macio o caminho
Ilumina com poesia
O poeta é um herege
Fonte:
Textos enviados pelo autor
ATENÇÃO
Recordo, lembrança, achado
Um conto criado de fato suposto
Que é? Não sei. Só sei que perfaz
Completo, segue caminho seu
Por quê? Não interessa mais
Só peço atenção...
Uma delicadeza, afeto
Isso feito, um universo talvez.
POESIA
Quanta força os dedos fazem para digitar?
Pra qual objetivo eles trabalham?
O que querem dizer quando dizem?
Qual conteúdo emocional tem os dedos?
Escrever só com o corpo é incompleto
Escrever só com letras é muito pouco
Poetizar não é o mesmo que historiar
Relatar um fato e depois esquecê-lo
Há razão entre a intenção e a ação
Uma revelação depois da reflexão
Propor uma leitura maior que a grafia
Provocar encanto no exercício de ler
Ligar sem escravizar o leitor ao sentido
Da página, linhas, palavras, letras, sinais
Não há por que complicar o tão simples
Para ler temos de ter mais que os olhos
Para se fazer poesia há de um que a leia
VIVER DÓI
Mais que querer
Mais que bem-me-quer
Respirando fundo
Amando demais
Andando pela vida com a venda
Tateando os caminhos
Vencendo os medos
Transformando horrores
Menos horrores
Seja qual idade se tenha
O mais cruel de tudo
É viver sem saber por quê.
MONARKA
Esquece intensa e leve pelas veredas
Azulando e crispando o tempo espaço
Zero é seu nome, ou será, quem sabe
Dentro, tudo ou nada, ambicionam ser
Sem projetos, sem programas, ela só
É borboleta azul que natural impera
É sutil o processo que nos encasula
Fecho a porta e abocanho a chave
Para transformar o padecer é certo
Por isso não pode haver uma rotina
Nada paira como ela monarca alada
Que remanchada volta a seu casulo
Liga a sua TV e atualiza o programa
Uma noite mal dormida e está findo
Muitos traumas ajustarão sua psique
Um dia intenso cumprindo instruções
Dizem quanto vai viver e onde morar
Data de ativação e expectativa de vida
Tamanho da prole, número do sapato
Limite de crédito, carro de uso, e mais
Sem sentido, sem porque, sem sossego
Sem propósito seu, assim, mais nada
Sem poder só preenche o desígnio
Um dever sem motivo seu, apenas isso
Um estímulo do nada e faz tudo diligente
Um click, um plim, um splash, e aí vai
Às vezes é rápido, outras é progressivo
Um gatilho, estopim, estouro, finalmente
Sem cura, e por isso que a cura é o final
Aguarda um comando para se desfazer
Integral, não linear, partido, sem sentido
Morto desde o berço pode, até, se libertar
TIRANA
Tomar uma coca-cola, adorando, ingenuamente
Ir ao “maquedonalde” num fim de tarde e talvez comer
Ir ao teatro e assistir mais que uma peça
Ler Amado, Oswald, Saramago e se alimentar
Ouvir uma tirana a nos cantar sem encantos
Dobrar-nos às ordens de um tio distante
Darmos atenção à infâmia do dia
Mentiras que diminuem o nosso tamanho
Entendo que não entendamos os porquês
Ignorar os porquês é importante
Não viver alienado ou alienante
Instrumentos do indizível abandono
O nosso destino é o abandono programado
Para repetirmos aquilo que ouvirmos
Para vivermos a mentira ditada
Acreditarmos num salvador que não virá
Transformaram-nos ateus e foi escolhido um novo deus
Aquele que adoramos e adoraremos
Nos dias escuros e noites em claro
Dobrados, insanos, dementes... nos querem
O que queremos? Ninguém se importa
Você se importa? Mesmo? Será?
Não fomos criados para pensar
Afinal pensar cansa e temos quem pense por nós
Para que nascemos? Pra que nasceu todo esse gado?
Garantidos estão os votos e os consumidores, só
Não servimos a nós mesmos e sim ao novo deus
Incorpórea figura quem dita as regras e nos amaldiçoa
Enquanto isso no reino da pastelândia
Nos McColas da vida e da morte
Recolhendo os mortos entre os fracos
Há quem pense em você e em mim
Será você também?
SABOR
Uma sucessão de palavras
Ásperas macias, quentes frias
Salgadas doces, noites dias
Grandes pequenas, brancas negras
Formando a vida e a poesia
Desafiando o possível até o limite
Até que desalente a fantasia
Uma porta aberta leva as palavras
Leves as palavras voam soltas
Há quem as junte, quem dê sentido
Um bêbado do bê-a-bá
Contador de letras
Caçador das palavras perdidas
Você ou eu quando escreve
Um sentido que alucina e lancina
Outra forma de ver o vulgar
Explica e dá sentido à sombra
Quem vai ou quem vem de algum lugar
Ensina, divulga, assombra
Canta e conta o chão que se pisa
E faz mais macio o caminho
Ilumina com poesia
O poeta é um herege
Fonte:
Textos enviados pelo autor
Criação da Imagem por José Feldman
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