Aproveitei-me deste final de semana chuvoso, para colocar em ordem minha estante de arte-poética, separando os volumes que me servirão de ponto de referência no correr deste ano ímpar. Em meio desta tarefa encontrei o “Itinerário”- livro de autoria de Jacy Pacheco, premiado em 1972, pela secretaria da Cultura, Esporte e Turismo da Guanabara e, editado no ano seguinte elo Instituto Niteroiense de Cultura. O volume foi-me ofertado pelo autor, durante a minha estada em Nova Friburgo-RJ, participando dos Jogos Florais da localidade. O Itinerário tem 66 páginas, sendo que 51 estão divididas entre trovas, sonetos, poemas e haicais. No verso de uma das páginas de apresentação, encontrei um haicai de Luiz Antônio Pimentel:
“Que é um haicai?
É o cintilar das estrelas,
Num pingo de orvalho!”
Daí resolvi envolver-me um pouco mais neste poema e parti para a mineração da arte indo até Hêni Tavares (“Teoria Literária”, Ed.Itatiaia, BH,1971) onde consegui a afirmação de que “poema é o nome genérico de toda composição com intenção poética”. Folheando Aurélio B. Holanda encontrei: “ Haicai - poema japonês formado de três versos dos quais dois de cinco sílabas e um (o 2º) de sete sílabas poéticas”.
“Que é um haicai?
É o cintilar das estrelas,
Num pingo de orvalho!”
Daí resolvi envolver-me um pouco mais neste poema e parti para a mineração da arte indo até Hêni Tavares (“Teoria Literária”, Ed.Itatiaia, BH,1971) onde consegui a afirmação de que “poema é o nome genérico de toda composição com intenção poética”. Folheando Aurélio B. Holanda encontrei: “ Haicai - poema japonês formado de três versos dos quais dois de cinco sílabas e um (o 2º) de sete sílabas poéticas”.
Além, na “Antologia Luso Brasileira de Wagner Ribeiro”- FTD, Adelino R. Ricciardi (irmão do Sílvio Ricciardi, da ARL) diz-me que Guilherme de Almeida jurava que esse gênero tinha sido criado especialmente para
nós. Eis um exemplo:
“Noite. Um silvo no ar;
Ninguém na estação. E o trem
passa sem parar” (Guilherme)
Na mesma antologia, em crônica extraída do jornal dos Municípios, 1959, Altino de Castro informa que, coube a Guilherme de Almeida, a introduzir rimas (1º e 3º) na composição. Adiante escreve: “Quando foi eleita em Long Beach, miss Universo, a japonesa Akiko Kojima - nome que significa - alegre pequena ilha -, eu me lembrei que não existia melhor modo de homenageá-la, do que compondo, à feição do Oriente, um colar de haicais, para o seu lindo pescoço pagão”. Do colar prendo-me em duas das sete contas:
“Agora são ricos
quimponos, leques, o sonho,
os olhos oblíquos...”
“Na concha do verso
alegre pequena ilha,
o sol do Universo.”
Voltando ao Itinerário de Jacy Pacheco releio alguns deles com rimas ou sem elas:
“Livre é o pensamento,
é porém à flor dos lábios
pássaro detento”.
No exemplo acima o primeiro verso rima com o terceiro e, neste outro, há rima paralela no primeiro com o segundo verso:
“Com sabedoria,
tu pouparás alegria,
para as horas más”.
Já este outro não tem rimas:
nós. Eis um exemplo:
“Noite. Um silvo no ar;
Ninguém na estação. E o trem
passa sem parar” (Guilherme)
Na mesma antologia, em crônica extraída do jornal dos Municípios, 1959, Altino de Castro informa que, coube a Guilherme de Almeida, a introduzir rimas (1º e 3º) na composição. Adiante escreve: “Quando foi eleita em Long Beach, miss Universo, a japonesa Akiko Kojima - nome que significa - alegre pequena ilha -, eu me lembrei que não existia melhor modo de homenageá-la, do que compondo, à feição do Oriente, um colar de haicais, para o seu lindo pescoço pagão”. Do colar prendo-me em duas das sete contas:
“Agora são ricos
quimponos, leques, o sonho,
os olhos oblíquos...”
“Na concha do verso
alegre pequena ilha,
o sol do Universo.”
Voltando ao Itinerário de Jacy Pacheco releio alguns deles com rimas ou sem elas:
“Livre é o pensamento,
é porém à flor dos lábios
pássaro detento”.
No exemplo acima o primeiro verso rima com o terceiro e, neste outro, há rima paralela no primeiro com o segundo verso:
“Com sabedoria,
tu pouparás alegria,
para as horas más”.
Já este outro não tem rimas:
“Lagartas e tanques,
apagam sulcos de arados
e semeiam sangue”.
“Uma folha morta,
um galho no céu grisalho.
Fecho a minha porta”.
O verso leonino, como o segundo deste haicai, é o que tem rima nos hemistíquios ou nos membros métricos. Sendo o haicai pequeníssimo poema, o poeta se obriga a um grande poder de síntese para que dentro dessa forma possa revelar com originalidade, mensagem poética que cative o leitor e, perpetue-se através dos tempos.
Fonte:
O Autor
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