Dentro em pouco, ficarei um tempo assim, sem escrever. Sabe-se lá se voltarei, mas espero, sim, voltar. Escrever e cantar, para mim, são como formas de vida. Por mais que não gostem, ou repilam o que tenho a dizer, também escrevo para mim. Foi assim que forjei degraus para os meus pés, tão fortes, tão frágeis, como tudo na vida que temos, ou melhor, que nos tem.
O VELHO MENINO
Há um velho menino
nos porões de minhalma
que inda insiste
em ficar
ao pé da vitrola,
esperando companhia.
Há um velho menino
nos portões de minhalma
que inda insiste
em tirar
o sol da cartola,
esperando quem sorria.
Há um velho menino
nos porões de minhalma
que inda insiste
em levar
nos pés uma bola,
celebrando companhia.
Há um velho menino
nos portões de minhalma
que inda insiste
em velar
o sol na gaiola,
esperando quem só ria.
Há um velho menino
nos verões de minhalma,
que inda existe
no quintal
que se desenrola,
espreitando o dia a dia.
Moji Guaçu, SP, 1° de outubro de 2012.
NÃO SOMOS AMIGOS
Não somos amigos,
mas é bom sentir sua mão
quando a gente
se esbarra nos espaços
do presente.
Não somos amigos,
mas é bom sentir seu abraço
quando a gente
se encontra no portão
do passado.
Não somos amigos,
mas é bom sentir-se irmão
quando a gente
se esquina nos mil passos
do futuro.
MÚSICA PARA UM MISTÉRIO
Quero música para um mistério,
embora não haja mistério nenhum
em ser quem sou,
em ver quem és.
Quero música para um mistério,
embora não caiba mistério algum
no crer em mim,
no meu convés.
O convés de um homem
é sua forma de inventar
um novo jeito de ser hoje
o que ele vai abandonar.
Quero música,
quero mímica,
quero método
para lágrimas,
verso tão ébrio
quanto a voz
no meu cérebro.
Quero música para um mistério,
que o maior mistério
é gostar demais
de quem faz miséria
deste seu rapaz.
Moji Guaçu, SP, 1° de outubro de 2012.
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O Autor
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