quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Luiz Otávio e Carolina Ramos (Trovas Apaixonadas)

Em 1973, Luiz Otávio e Carolina Ramos trocam, em trovas, palavras de amor:

Que a este amor me consagre
– amor distante e sem calma -
e agradeço este milagre
de viver sem ter mais alma!
(LUIZ OTÁVIO)

Por te amar, tenho sofrido,
mas, não me arrependo: Vem!
– Quem ama as rosas, querido,
ama os espinhos, também.
(CAROLINA RAMOS)

Telefono… sempre em ânsia…
e ao ouvir a tua voz,
sinto que a longa distância
fica menor entre nós…
(LUIZ OTÁVIO)

Minha queixa é tão dorida,
ouve-a, suplico, Senhor!
Corta ao meio a minha vida,
dá metade ao meu amor!…
(CAROLINA RAMOS)

Um suplício que me aterra
e me torna quase incréu:
ter de perder-te na terra
para assim ganhar o Céu…
(LUIZ OTÁVIO)

Quando os meus olhos levanto,
vendo os teus junto dos meus,
vejo encanto em cada canto,
à luz do Amor, vejo um Deus!
(CAROLINA RAMOS)

Teus olhos nunca beijados,
terão, agora, a ventura,
de ver, embora orvalhados,
a Vida com mais ternura…
(LUIZ OTÁVIO)

Um amor que nada pede,
puro, intenso sublimado,
é benção que Deus concede
e não pode ser pecado.
(CAROLINA RAMOS)

Conversa com Deus, em prece…
Confiante enfrenta a procela!
– “Sempre o mau tempo parece
pior, se o vês da janela.”
(LUIZ OTÁVIO)

Tão rica eu sou… que ventura!
Deste-me um rico tesouro,
– um tesouro de ternura
que vale bem mais do que ouro!
(CAROLINA RAMOS)

No Céu, em vida mais bela,
na terra, seja onde for,
se eu estiver longe dela,
é tudo Inferno, Senhor!…
(LUIZ OTÁVIO)

Adormeceste em meus braços…
e eu pude ter a ventura
de ninar os teus cansaços,
no meu berço de ternura…
(CAROLINA RAMOS)

Eu tinha medo de amar,
previa que fosse assim:
minha alma e a vida entregar
sem limite sem ter fim…
(LUIZ OTÁVIO)

Quando a saudade me embala,
o teu nome a repetir,
o silêncio tanto fala,
que não me deixa dormir!
(CAROLINA RAMOS)

Em dois versos se resume
a nossa esplêndida história:
– amor que é sonho e perfume!
– amor que é cruz e que é glória!
(LUIZ OTÁVIO)

Nosso amor… e quem o entende?
– Sublime e grandioso amor!
Tão ferido, não se rende,
e é maior envolto em dor!
(CAROLINA RAMOS)

Fonte:
RAMOS, Carolina. Príncipe da Trova. SP: EditorAção, out 1999. p. 142-145.