domingo, 29 de setembro de 2013

Aparecido Raimundo de Souza (Meu Anjo)

Eu tenho um anjo.

Um ente espiritual que me guarda os passos, que me guia dia e noite onde quer que vá ou esteja. Esse anjo é minha luz sempre acesa, a estrela maior no infinito, o sol mavioso que aquece o meu frio e a água pura e cristalina que mata a minha sede.

Eu tenho um anjo.

Não um desses comuns que se compram nessas lojinhas de R$ 1.99, espalhadas pela cidade, mas um anjo de verdade, com asinhas nas costas, vestida de azul (embora brigue com ela pedindo que use o branco), os cabelos à Jennifer Garner (aquela da série “Aliás”).  Esse meu anjo anda numa carruagem de cristal com dois bonitos cavalos brancos — tão alvos como as nuvens de um céu de brigadeiro. É ela, meu anjo encantado, que todas as manhãs me acorda e toma café ao meu lado. É ela que me faz ajoelhar antes de sair para o trabalho e pedir com a mão direita posta sobre a Bíblia, proteção ao Pai numa oração silenciosa endereçada ao Altíssimo.

Eu tenho um anjo.

Da falange de Jesus, da legião que presta serviços constantes a Deus. Um anjo que lembra Viviane Araújo por causa da sua meiguice, da sua ternura e do seu sorriso constante. Um anjo inteligente como a Carol Trentini que entende de moda e chega a arriscar alguns palpites nas roupas que devo usar. Eu tenho um anjo, tenho sim, um anjo autônomo, perfeito, incansável, senhora de si, cabeça feita. Vive a proteger minha vida, quer seja na rua, no trânsito, no carro, dentro da condução. Um anjo que caminha lado a lado, que marcha ombro a ombro, que segue comigo, de mãos dadas, um anjo que me desvia da estrada ruim evitando que siga em frente e caia num precipício sem volta.

Pois é: eu tenho um anjo.

Um anjo, eu tenho, acreditem. Um anjo de luz intensa. É ela que enfrenta, em meu lugar, as balas perdidas, que se põe à frente dos malfeitores e dos assaltantes que tentam cruzar meu caminho. É ela que, igualmente, me orienta, protege, vigia, aconselha, ensina, governa e dirige os meus passos. É também esse meu anjo bom, essa criatura com poderes divinos, que me ampara nas viagens longas e não me perde de vista um minuto sequer — mesmo quanto baixinho, lhe implore, que me espere, do lado de fora, no corredor. Meu anjo é bonito. Seu rosto não me parece com ninguém conhecido, embora diga a ela, de vez em quando, ter uma leve aparência com a Sabrina Petraglia.

Quando isso acontece, ela se limita a sorrir e ralhar com ares maternais, observando que deixe de lado as bobagens, que amadureça e encare com mais seriedade o viço que me cerca. Foi com esse anjo que aprendi a comer a fondue de carne em garfos compridos, mergulhados na panela de óleo quente. Com ela conheci o verdadeiro sentido da paz, pois o meu anjo é todo feito de Paz!

O meu anjo tem os traços de Jesus, age como Ele, e, como tal, caminha comigo em direção à felicidade que procuro a cada nova manhã, para mudar de uma vez para sempre os destinos da minha vida.

Eu tenho um anjo!

Fontes:
SOUZA, Aparecido Raimundo de. Havia uma ponte lá na fronteira. São Paulo: Ed. Sucesso, 2012.
Imagem = Gisele Santos da Silva

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