sábado, 28 de abril de 2018

Olivaldo Júnior (Três Microcontos sobre Ilusão Amorosa)

FLOR DE LARANJEIRA 

Maria tinha vinte e cinco anos de idade e morava na roça, num velho ranchinho, à beira de Deus. Seu destino era o altar. Não, não era ser santa, mas noiva. Sonhava com isso. 

José não sabia de nada a não ser capinar e sonhar com sua noiva, a Maria. Homem bom, mandava ver no trabalho, para ver se juntava o suficiente para começar a vida em paz. 

Faltavam três dias para o segundo grande dia na vida de Maria e José. A igreja, tomada de flor de laranjeira, não sabia de nada. José caiu no mundo com Rosa e sem Maria. 

A ESTRELA D'ALVA 

Cristiano era um fã incondicional de histórias de ficção científica. Sonhava em ser astronauta desde sempre. Hoje, em época de pré-vestibular, não sabe bem o que quer ser. 

Nosso amigo, na verdade, era mesmo um fã incondicional das estrelas. De uma delas, em especial, a primeira que vemos mal cai o sol e sobe a lua: a tão cantada estrela d'alva! 

Formar-se em Astronomia parecia um salto concreto demais para um amor tão abstrato quanto o seu pela estrela vésper. Decidiu-se por Letras. Da d'alva, ele fará poesia. 

O CRAVO E A ROSA 

Era um homem sem rosa que o quisesse afagar. Sabia que quase toda rosa tem espinhos, mas era homem e não se importava em quebrar o pote para ter o mel. Era firme. 

A rosa daquele homem não havia chegado. Talvez já tivesse nascido, mas ele não sabia onde. Olhava de esguelho pelas ruas enquanto fingia ter apenas um rumo: a solidão. 

Um dia, embaixo de uma velha laranjeira, já de noite, viu um pé de cravo solitário e triste como ele. Num átimo, roubou um pé de rosa do lado e o plantou juntinho do cravo!... 

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