domingo, 29 de abril de 2018

Olivaldo Júnior (4 Sonetilhos e 2 Glosas)


ESSA VIDA E SEUS MILAGRES
Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria não faz mais do que existir. 
Oscar Wilde

Dos milagres dessa vida,
o maior foi ver a mim,
tão pequeno e sem saída,
ter o sol desse jardim. 

Dos milagres dessa vida,
o melhor foi crer no fim
dessa (e)terna despedida
e no início do "Sem-fim".

Pois milagres acontecem
com os servos que resistem
e confiam no que tecem!...

Que o tecido dessa prece
seja leve aos que persistem
nos milagres que Ele tece!
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UM AMOR PRA RECORDAR
(Sobre o romance de Nicholas Sparks)

Num enredo de cinema,
num romance juvenil,
um casal se torna o tema
dum amor primaveril...

Ele custa a compreender
que ela é luz em sua vida;
e os dois custam a saber
que viver tem despedida...

Da canção que enluarar
Jamie e Landon no salão,
uma estrada vai brilhar!...

Quando Deus os separar,
vão ser dois num coração:
- "Um amor pra recordar".
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DAS ESTRELAS QUE CRIEI

Das estrelas que criei,
uma delas inda brilha
e me faz lembrar do rei
que ficou naquela ilha...

Que ficou naquela ilha,
sem saber o que eu já sei
e pressinto nessa trilha
que, plebeu, me destinei.

Das estrelas que criei,
a mais velha sei que serve
de lanterna para o rei,

este ser que destronei,
mas me dera toda a verve
desse reino, que forjei.
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NO CANTEIRO DA MEMÓRIA

No jardim da consciência,
no canteiro da memória,
nasce a flor da paciência,
flor aberta para a glória.

Para aguá-la, a sapiência
se fez água (Que vitória!),
no jardim da consciência,
no canteiro da memória.

Pelo 'espelho' dessa flor,
vejo a face de quem fui
e de quem se fez rancor.

Na verdade, aquela flor,
paciente, em si conclui
que ser flor exige amor.
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Glosando Luiz Otávio 
(18/07/1916 - 31/01/1977)

MÁGOA SECRETA

MOTE:
Nessas angústias que oprimem,
que trazem o medo e o pranto,
há gritos que nada exprimem,
silêncios que dizem tanto!
(Luiz Otávio)

GLOSA:
Nessas angústias que oprimem
o coração do Poeta,
nascem as trovas que imprimem
a sua mágoa secreta...

Com as lágrimas que se impõe,
que trazem o medo e o pranto,
faz versos e enfim compõe
com redondilhas seu canto...

Nos lábios que se comprimem
contra os da voz predileta,
há gritos que nada exprimem
da mágoa atroz do Poeta...

Que a mágoa se decompõe 
nas trovas... num acalanto,
segredos que o bem dispõe,
silêncios que dizem tanto!
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Glosando Vanda Alves da Silva

MINHA ESPERANÇA

MOTE:
Em meus tempos de criança,
pelas poças, num tropel...
lançava minha esperança
em barquinhos de papel...
(Vanda Alves da Silva/Curitiba-PR)

GLOSA:
Em meus tempos de criança,
sossegado e até baldio,
só queria ser quem lança
novas redes para o rio!...

Numa intrépida "ignorãça",
pelas poças, num tropel,
tropeçava em quem alcança
seu sertão num carrossel...

Na calçada, Sancho Pança
sem Quixote (tão vazio!),
lançava minha esperança,
minha rede, ao meio-fio!...

Céu azul que não se cansa,
nuvens brancas a granel,
dava a vida em confiança,
em barquinhos de papel...

Fonte: O Autor

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