Num dia de sol ardente, estava o José Pinoca a fazer umas escavações numa terra em Riba d’Aves, para a construção de uma casa.
(Riba d’Aves, para aqueles que não sabem, fica a cerca de 10 Km da cidade de Leiria)
(Riba d’Aves, para aqueles que não sabem, fica a cerca de 10 Km da cidade de Leiria)
A certa altura das escavações, o Pinoca começou a encontrar uns ossos "olha que engraçado encontrei uns ossos... Mas eles têm formas esquisitas...". Voltando-se para os trabalhadores que o estavam a ajudar nas escavações, disse-lhes: "Podem ir para as vossas casas descansar!".
Muito intrigado com o achado, o Pinoca dirigiu-se rapidamente a casa para ir contar a sua mulher, a D. Piquita, a boa nova, pois, se fosse aquilo que ele julgava ser, ia-lhe dar uns tostões na sua exploração.
“Piquita, Piquita... Oh mulher, estás aí?” A mulher quando o ouviu assim tão aflito, começou logo a descer as escadas e por fim respondeu-lhe: "Sim, homem, estou aqui. Aonde é que querias que eu estivesse?!"
“Oh mulher, tu nem calculas o que é que eu encontrei nas escavações que estou a fazer!" tentando dizer alguma coisa com graça, a Piquita respondeu-lhe: "Pela tua cara... deixa cá ver, deixa cá ver: já sei, encontraste uma cobra!" - disse-lhe a mulher em tom de gozação.
“Qual cobra, qual carapuça! Encontrei uns ossos que não sei de quem poderão ser. Percebeste mulher?!"
“Oh, homem, eu não sou estúpida de todo e já compreendi há muito tempo o que tu encontraste. Mas diz-me uma coisa: já foste falar com o coveiro?"
José Pinoca, antes de responder à mulher, sentou-se num banco e só depois lhe respondeu: "Minha esposa esperta, é lógico que não fui falar com o coveiro, pois vim logo para casa e além disso, estou muito cansado. Talvez amanhã vá. Entretanto, estava a esquecer-me de algo muito importante. Peço à minha querida "comandante" que não vá contar isto a ninguém."
A D. Piquita tirou o avental, compôs o cabelo a pôs-se em posição de sentido, respondendo ao marido: "Muito bem, meu comandante! O meu excelentíssimo e digníssimo comandante quer que eu guarde mais alguma coisa, ou esta chega?" O Pinoca sorriu.
No outro dia logo pela manhã, o José Pinoca foi ter com o seu compadre Malaquias, que ao avistá-lo, logo o saudou: "Olha o compadre José Pinoca! então o que o trás por cá ?"
“Compadre, nem sei como hei de começar...”. O Malaquias começou a ficar muito curioso e desconfiado com aquela visita do Pinoca e, em determinada altura disse-lhe:
"Não sei o que me quer, mas desde já peço-lhe que esteja à vontade comigo. Vá lá, diga-me lá o que me quer!"
"Então aqui vai... Sabe que eu tenho andado a fazer uns alicerces para uma casa e, qual o meu espanto quando em determinada altura encontrei uns ossos. Ora, como você é perito nesta matéria de ossos, gostaria de saber se aqueles ossos são ou não humanos."
Embora algo admirado, o Malaquias não "desarmou" e com uma certa vaidade, respondeu ao Tinoca: "Fez muito bem em vir ter comigo, pois como diz (e muito bem) eu sou um grande especialista em ossos! Vamos então lá ver esse seu achado."
E lá foram os dois compadres a caminho das fundações. Ao chegar ao local, logo o Malaquias se meteu na vala para melhor examinar os ossos. Depois de um demorado exame, saltou da vala, encarou o compadre, tossiu, piscou os olhos e com ar de pessoa "muito entendida" expressou-lhe a sua avalizada opinião: "Compadre... São ossadas de dinossauro!"
“Oh, compadre, estou tão nervoso que nem sei se choro ou se rio! ... Olhe lá, e se fossemos contar o sucedido à D. Fúfia?".
“Sou da sua opinião, Pinoca!"
E os dois compadres dirigiram-se a casa da D.Fúfia, uma senhora de certa idade, que não era nada bonita, mas que há muito tinha aprendido a comer com faca e garfo.
Chegaram e logo bateram à porta. Do outro lado respondeu-lhes uma voz muito rouca e autoritária: "Quem é ?!" Depois dos compadres se terem identificado, a D.Fúfia veio abrir-lhes a porta com o seu ar quase marcial, olhando-os por cima dos seus óculos encarapitados no seu quase adunco nariz.
“Olá! Entrem, entrem e ponham-se à vontade. Querem um chazinho?... Pelas vossas caras estou mesmo a ver o que vocês queriam era aquilo que eu, para o conseguir beber, tenho sempre que fechar os olhos, ou seja, vinho! Mas infelizmente bebi ainda há pouco a última pinguinha que tinha cá em casa".
"D.Fúfia, por favor não se incomode, cá com a gente" - disse-lhe o Malaquias, e logo o Pinoca concluiu: "Para não incomodar muito a senhora, podemos ir já à questão que cá nos trouxe?"
A senhora mais uma vez os convidou a sentarem-se, sentando-se em seguida, tirando antes de um cesto a sua enorme jiboia de estimação que a pôs ao pescoço.
"Digam-me lá então que questão é essa... será dinheiro?"
Os compadres sorriram e o Pinoca adiantou-se:
"A questão desta vez não é de dinheiro. É o seguinte, eu estava a fazer um buraco numa construção que ando a fazer perto da Lameira, e qual o meu espanto que em determinada altura encontrei umas ossadas, que aqui o nosso distinto coveiro diz que são ossos de dinossauro".
Ao ouvir isto, a D.Fúfia quase que deu um pulo na cadeira e, agarrando a jiboia com a mão esquerda e espetando o dedo indicador em direção dos compadres, logo deu a sua opinião:
"Oh, pessoal!... Vocês tomem muito cuidado, pois o que encontraram pode ser uma manobra política/desportiva. Tomem muito cuidado!".
O Pinoca ficou um tanto ou quanto atrapalhado e foi o seu compadre Malaquias que ousou perguntar à D.Fúfia:
"Então o que é que podemos fazer com as ossadas?!"
"Pois é... deixem-me cá ver, deixem-me cá ver... Ah já sei! Vocês vão já falar com o diretor do Museu de Arte Natural de Riba d` Aves, e apresentem este caso."
Em princípio, o Pinoca não estava nada, mas mesmo nada disposto a ir falar com o diretor do Museu, pois chegou a pensar que aquelas ossadas de dinossauro lhe podiam dar-lhe umas boas coroas (notas...). Mas por fim e aproveitando a sugestão da D.Fúfia, lá foram os compadres falar com o diretor.
Algum tempo depois vieram uns técnicos de Lisboa e, ao fim de alguns meses o enorme esqueleto já se encontrava montado.
No dia da exposição para a apresentação ao público das ossadas do dinossauro, a D.Fúfia, embrulhada na sua enorme echarpe bolorenta e já com alguns buracos de traça, orgulhosamente dizia a toda a gente que tinha sido dela a iniciativa para que as ossadas fossem entregues ao Museu.
Nisto aproximou-se mais do esqueleto para o melhor poder admirar, quando perante a estupefação geral deu um enorme grito e exclamou:
“Mas... Mas estas ossadas são do meu querido e único namorado que morreu há mais de 60 anos!!!"
E dizendo isto, caiu redondamente no chão.
Muito intrigado com o achado, o Pinoca dirigiu-se rapidamente a casa para ir contar a sua mulher, a D. Piquita, a boa nova, pois, se fosse aquilo que ele julgava ser, ia-lhe dar uns tostões na sua exploração.
“Piquita, Piquita... Oh mulher, estás aí?” A mulher quando o ouviu assim tão aflito, começou logo a descer as escadas e por fim respondeu-lhe: "Sim, homem, estou aqui. Aonde é que querias que eu estivesse?!"
“Oh mulher, tu nem calculas o que é que eu encontrei nas escavações que estou a fazer!" tentando dizer alguma coisa com graça, a Piquita respondeu-lhe: "Pela tua cara... deixa cá ver, deixa cá ver: já sei, encontraste uma cobra!" - disse-lhe a mulher em tom de gozação.
“Qual cobra, qual carapuça! Encontrei uns ossos que não sei de quem poderão ser. Percebeste mulher?!"
“Oh, homem, eu não sou estúpida de todo e já compreendi há muito tempo o que tu encontraste. Mas diz-me uma coisa: já foste falar com o coveiro?"
José Pinoca, antes de responder à mulher, sentou-se num banco e só depois lhe respondeu: "Minha esposa esperta, é lógico que não fui falar com o coveiro, pois vim logo para casa e além disso, estou muito cansado. Talvez amanhã vá. Entretanto, estava a esquecer-me de algo muito importante. Peço à minha querida "comandante" que não vá contar isto a ninguém."
A D. Piquita tirou o avental, compôs o cabelo a pôs-se em posição de sentido, respondendo ao marido: "Muito bem, meu comandante! O meu excelentíssimo e digníssimo comandante quer que eu guarde mais alguma coisa, ou esta chega?" O Pinoca sorriu.
No outro dia logo pela manhã, o José Pinoca foi ter com o seu compadre Malaquias, que ao avistá-lo, logo o saudou: "Olha o compadre José Pinoca! então o que o trás por cá ?"
“Compadre, nem sei como hei de começar...”. O Malaquias começou a ficar muito curioso e desconfiado com aquela visita do Pinoca e, em determinada altura disse-lhe:
"Não sei o que me quer, mas desde já peço-lhe que esteja à vontade comigo. Vá lá, diga-me lá o que me quer!"
"Então aqui vai... Sabe que eu tenho andado a fazer uns alicerces para uma casa e, qual o meu espanto quando em determinada altura encontrei uns ossos. Ora, como você é perito nesta matéria de ossos, gostaria de saber se aqueles ossos são ou não humanos."
Embora algo admirado, o Malaquias não "desarmou" e com uma certa vaidade, respondeu ao Tinoca: "Fez muito bem em vir ter comigo, pois como diz (e muito bem) eu sou um grande especialista em ossos! Vamos então lá ver esse seu achado."
E lá foram os dois compadres a caminho das fundações. Ao chegar ao local, logo o Malaquias se meteu na vala para melhor examinar os ossos. Depois de um demorado exame, saltou da vala, encarou o compadre, tossiu, piscou os olhos e com ar de pessoa "muito entendida" expressou-lhe a sua avalizada opinião: "Compadre... São ossadas de dinossauro!"
“Oh, compadre, estou tão nervoso que nem sei se choro ou se rio! ... Olhe lá, e se fossemos contar o sucedido à D. Fúfia?".
“Sou da sua opinião, Pinoca!"
E os dois compadres dirigiram-se a casa da D.Fúfia, uma senhora de certa idade, que não era nada bonita, mas que há muito tinha aprendido a comer com faca e garfo.
Chegaram e logo bateram à porta. Do outro lado respondeu-lhes uma voz muito rouca e autoritária: "Quem é ?!" Depois dos compadres se terem identificado, a D.Fúfia veio abrir-lhes a porta com o seu ar quase marcial, olhando-os por cima dos seus óculos encarapitados no seu quase adunco nariz.
“Olá! Entrem, entrem e ponham-se à vontade. Querem um chazinho?... Pelas vossas caras estou mesmo a ver o que vocês queriam era aquilo que eu, para o conseguir beber, tenho sempre que fechar os olhos, ou seja, vinho! Mas infelizmente bebi ainda há pouco a última pinguinha que tinha cá em casa".
"D.Fúfia, por favor não se incomode, cá com a gente" - disse-lhe o Malaquias, e logo o Pinoca concluiu: "Para não incomodar muito a senhora, podemos ir já à questão que cá nos trouxe?"
A senhora mais uma vez os convidou a sentarem-se, sentando-se em seguida, tirando antes de um cesto a sua enorme jiboia de estimação que a pôs ao pescoço.
"Digam-me lá então que questão é essa... será dinheiro?"
Os compadres sorriram e o Pinoca adiantou-se:
"A questão desta vez não é de dinheiro. É o seguinte, eu estava a fazer um buraco numa construção que ando a fazer perto da Lameira, e qual o meu espanto que em determinada altura encontrei umas ossadas, que aqui o nosso distinto coveiro diz que são ossos de dinossauro".
Ao ouvir isto, a D.Fúfia quase que deu um pulo na cadeira e, agarrando a jiboia com a mão esquerda e espetando o dedo indicador em direção dos compadres, logo deu a sua opinião:
"Oh, pessoal!... Vocês tomem muito cuidado, pois o que encontraram pode ser uma manobra política/desportiva. Tomem muito cuidado!".
O Pinoca ficou um tanto ou quanto atrapalhado e foi o seu compadre Malaquias que ousou perguntar à D.Fúfia:
"Então o que é que podemos fazer com as ossadas?!"
"Pois é... deixem-me cá ver, deixem-me cá ver... Ah já sei! Vocês vão já falar com o diretor do Museu de Arte Natural de Riba d` Aves, e apresentem este caso."
Em princípio, o Pinoca não estava nada, mas mesmo nada disposto a ir falar com o diretor do Museu, pois chegou a pensar que aquelas ossadas de dinossauro lhe podiam dar-lhe umas boas coroas (notas...). Mas por fim e aproveitando a sugestão da D.Fúfia, lá foram os compadres falar com o diretor.
Algum tempo depois vieram uns técnicos de Lisboa e, ao fim de alguns meses o enorme esqueleto já se encontrava montado.
No dia da exposição para a apresentação ao público das ossadas do dinossauro, a D.Fúfia, embrulhada na sua enorme echarpe bolorenta e já com alguns buracos de traça, orgulhosamente dizia a toda a gente que tinha sido dela a iniciativa para que as ossadas fossem entregues ao Museu.
Nisto aproximou-se mais do esqueleto para o melhor poder admirar, quando perante a estupefação geral deu um enorme grito e exclamou:
“Mas... Mas estas ossadas são do meu querido e único namorado que morreu há mais de 60 anos!!!"
E dizendo isto, caiu redondamente no chão.
Fonte:
Portal CEN.
Portal CEN.
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