quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Jaqueline Machado (Olhai os lírios do campo)

"Olhai os lírios do campo" é uma importante obra literária, escrita pelo gaúcho Érico Veríssimo.

O livro faz um retrato da sociedade brasileira, usando Porto Alegre como cenário principal, no ano de 1938, período marcado pelas consequências do golpe do então presidente Getúlio Vargas, golpe esse, que  marcaria o início de uma ditadura inclemente, claramente inspirada no regime Mussolini, intitulada de Estado Novo. Tendo de contraponto o socialismo de Stálin. Nesse período o mundo estava às vésperas do início da segunda grande guerra e, com isso, surge a crise da democracia liberal.

Abalado com a dramática situação do mundo,  Veríssimo, num ato de desabafo, dá início a essa obra, que segundo ele disse, não estava entre suas obras favoritas, ao contrário, esse livro foi rejeitado por ele, pois trazia pensamentos muito humanitários por parte da personagem Olívia, que mais parecia santa do que gente. Revoltado, Érico Veríssimo se percebeu tolo, pois tais virtudes descritas pela personagem, não pareciam pertencer à raça humana (desumana).

O protagonista da história é Eugênio, um rapaz de origem humilde, filho de um alfaiate e de uma lavadeira de roupas. Ele sabia da bondade dos pais, mesmo assim, sentia vergonha da família. Queria ter nascido rico. Não entendia porque Deus dava tudo para uns, e nada para outros, já que todos eram seus filhos, frutos de sua obra.

Eugênio ganhou uma bolsa da escola onde sua mãe trabalhava e, por isso, teve uma boa educação, tornou-se médico. Gostava de Olívia, sua colega de faculdade. A única mulher em meio a um bando de rapazes a cursar medicina. Mas Olívia, também era de origem muito humilde. Por isso, Eugênio preferiu casar com Eunice, uma mulher de posses, porque assim, finalmente faria parte da elite da sociedade.

Nos jantares e almoços de família assuntos ligados à situação mundial, especialmente sobre a perseguição aos judeus, estavam sempre  presentes. Uns contra as atrocidades ocorrentes, outros, a favor.

Durante as discussões, por vezes, se dispersava e se deixava levar pelas palavras de Olívia, que com suavidade, ressoavam em sua mente. Ele a amava e não podia esquecê-la.  Os dois tiveram uma espécie de “amizade colorida”. Ele não sabia, mas desse relacionamento, a jovem teve uma filha. Olívia adoece, e prestes a morrer, o chama, fala sobre as vontades de Deus, sobre a beleza da vida, ensina-lhe que as verdadeiras riquezas não estão nas conquistas materiais e que todos deveriam dar atenção ao que Jesus disse no Sermão da Montanha. Disse ele: “Olhem os lírios do campo, que não trabalham nem tecem! E contudo nem Salomão em toda a sua glória se vestiu tão bem como eles”.

 A amada morre, ele separa-se de Eunice. Passa a viver o que realmente importa, ajudando os doentes necessitados, relendo as cartas que Olívia lhe escrevia quando estavam separados, e buscando ser um bom pai, à filha órfã. Herança de Olívia.

Fonte:
Texto enviado pela autora.

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