domingo, 14 de agosto de 2022

Lairton Trovão de Andrade (Enxurrada de Poemas) – 7 -

CANÇÃO DE AMOR

 
"Vem, formosa minha, vem!"
(CL 2.10)


Volta, amada minha,
Vem pra junto de mim,
Que uma canção de amor
Te cantarei.

Eu te espero sempre,
Sempre com ansiedade,
E com canção de amor
Te embalarei.

És toda minha vida,
És tudo para mim,
És tudo,
Tudo o que sonho!
Tudo, tudo,
Meu bem,
Meu bem!

Eu não suporto mais
Este exílio sem fim;
E com canção de amor
Te esperarei.

Tão só estou no mundo,
No mundo tão deserto;
E com canção de amor
Te buscarei.

És toda a minha vida,
És tudo para mim,
És tudo,
Tudo o que sonho!
Tudo, tudo,
Meu bem,
Meu bem!
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DOCE ESPERANÇA

"Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu."
(Ct. 6.3)


Longo tempo de espera passou,
Novo dia raiou na estação;
Trago n'alma o nosso passado,
Pra revê-la com toda emoção.

Na memória, bem viva, a guardei,
Eu só tive você na saudade;
Suspirei encontrá-la de novo
- Casarei com a felicidade.

Vou dizer-lhe que o amor é maior,
Ele é puro tal como o marfim;
Ele sabe que digo a verdade
- É o amor que jamais terá fim.
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MINHA
 
"Graciosa é tua boca!"
(Ct. 4.3)


Bela menina, atraentes olhos,
Com quanto ardor me procuras tanto;
Essa maneira do teu olhar
Faz-me sonhar e compor meu canto.

Lindo botão de rosa vermelha
É tua boca tão redondinha;
Deixa eu te dar, de leve, um beijinho
E, com jeitinho, hás de ser minha.

Que encanto um dia poder beijar-te,
Co'aquele beijo lá d'outro mundo;
Da tua entranha viria um gemido
Estremecido num "ai" profundo.

A brisa iria sentir na tua boca,
Na tua boca tão redondinha;
Suave aroma de puro amor,
Com que calor irias ser minha.

Meiguice estranha deste teu ser
Que, embora em chama, me dá frescor;
És refrigério de sensação,
Rara paixão que fecunda o amor.

Oh, não me deixes, quero-te muito!
Venhas saciar este sonho meu!
Será que alguém te dá mais calor?!
- Maior amor quem te dá sou eu!
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POMBAL
 
"Ali te darei minhas delícias."
(Ct. 7.13)


Rósea pombinha, contempla a alvorada!
Voa pra mim! - É hora da revoada
Para o pombal amigo.
Voarei contigo, no teu doce lado!
Felicidade é o Éden procurado
Que será nosso abrigo.

Não demores mais! - O ágave* te chama
Com voz tangente... O teu ser se inflama
Num idílio de amor.
Voejarei contigo!… Dar-me-ás a mão...
Como ninguém, serás feliz então,
Bem longe do pavor.

Além das vagas, no pombal distante,
O Sol, da Lua, eternamente amante,
Em namoro sem fim,
Contigo ficarei - assim juntinho,
Para te dar amor no mesmo ninho...
E arrulharás pra mim...

Irás repousar em seguros ombros,
Acalentando carícias dos pombos
Do alvejante pombal.
Do mundo esquecerás por um instante,
Reclinarás no ninho aconchegante
- Delícia sem igual.
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* ágave = Planta ornamental. Fig: algo de extrema raridade.
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Fonte:
Lairton Trovão de Andrade. Madrigais: poesias românticas. Londrina/PR: Ed. Altha Print, 2005.
Livro enviado pelo autor.

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