Era uma vez um casal muito peculiar: Epitáfio e Etelvina. Eles decidiram que era hora de uma aventura e, com isso, embarcaram em um cruzeiro para as deslumbrantes Ilhas Gregas. O barco, o "Navegador do Sol", estava repleto de passageiros animados, todos prontos para desfrutar do calor e das belezas naturais. Mas, como todos sabem, quando Epitáfio está por perto, a aventura nunca é apenas uma simples viagem, não consegue ficar quieto, parece que tem tachinhas nos pés.
Assim que embarcaram, Epitáfio, sempre entusiasmado, começou a explorar o navio como se fosse uma criança em uma loja de doces.
— Olha, Etelvina! — exclamou ele, apontando para uma escada em espiral. — Vamos ver onde isso nos leva!
— Epitáfio, espera! — gritou Etelvina, mas ele já tinha desaparecido. Quando ela finalmente o encontrou, ele estava em cima de uma mesa de sinuca, tentando “fazer um truque”.
— Epitáfio, desça daí! Você vai quebrar alguma coisa! — disse ela, com a mão na cabeça.
— Não se preocupe, querida! Eu sou um mestre do equilíbrio! — ele respondeu, e, claro, assim que se inclinou para mostrar isso, escorregou e caiu de costas no chão, fazendo a mesa balançar e as bolas de sinuca rolarem pelo convés.
Os passageiros que assistiam à cena começaram a rir. Um senhor idoso até comentou:
— Olha, o novo esporte do cruzeiro: sinuca acrobática!
No dia seguinte, na hora do almoço, Epitáfio decidiu que era sua vez de ajudar. Ele foi até o buffet e, com toda a sua boa intenção, começou a servir comida para os dois.
— Aqui está, Etelvina! Uma especialidade grega! — disse ele, colocando uma porção generosa de tzatziki* no prato dela.
— Epitáfio, isso é demais! — reclamou ela, mas ele não a ouviu. Em um movimento desastrado, ele derrubou um jarro de azeite, que escorreu pelo chão como um rio dourado.
Os passageiros ao redor começaram a rir novamente. Uma senhora, com um olhar divertido, comentou:
— Acho que o Epitáfio está tentando criar um novo prato: “Azeite à la Epitáfio”.
Depois do almoço, Epitáfio decidiu que era hora de se divertir na piscina. Ele pulou na água de forma tão exagerada que fez uma onda gigantesca, que molhou todos os que estavam próximos.
— Epitáfio! Você não pode fazer isso! — gritou Etelvina, que estava secando o cabelo com uma toalha.
— Relaxa, amor! É só um pouco de diversão! — respondeu ele, enquanto tentava nadar, mas em vez disso, começou a se debater como um peixe fora d'água.
Os passageiros, entre risadas e sustos, começaram a se afastar da borda, enquanto um marinheiro observava tudo com uma expressão de incredulidade.
Eventualmente, o capitão do navio, um homem robusto com uma voz que poderia fazer uma tempestade silenciar, decidiu intervir.
— Senhor Epitáfio! — chamou ele, enquanto se aproximava. — Eu preciso que o senhor fique em sua cabine por um tempo. Você está causando caos!
— Mas eu só estava me divertindo! — respondeu Epitáfio, fazendo uma careta.
— Sua diversão está deixando os passageiros um pouco… nervosos! — disse o capitão, tentando manter a compostura.
— Tudo bem, capitão! — Epitáfio se rendeu, enquanto Etelvina soltava um suspiro de alívio.
No entanto, Epitáfio não estava disposto a ficar em sua cabine. Assim que o capitão se afastou, ele viu uma oportunidade e escapuliu.
— Ah, eu só quero dar uma volta! — murmurou ele para si mesmo, caminhando pelo convés. Sem perceber, ele se aproximou da borda do navio e, ao tentar se esconder de um grupo de marinheiros, escorregou e caiu direto no mar.
O grito que ele deu ecoou pelo navio:
— Etelvina! Socorro! Estou afundando!
Os passageiros, agora em um misto de choque e riso, correram até a borda para ver o que estava acontecendo. Etelvina, horrorizada, gritou:
— Epitáfio! Volte aqui!
Os marinheiros, já acostumados com as trapalhadas de Epitáfio, entraram em ação. Um deles, um jovem chamado João, pulou na água e nadou até Epitáfio.
— Calma, amigo, eu estou aqui! — disse João, enquanto puxava Epitáfio de volta para o barco.
Ao ser resgatado, Epitáfio estava todo encharcado, mas com um sorriso no rosto.
— Eu sempre quis experimentar a natação em alto-mar! — exclamou ele, enquanto todos ao redor caíam na risada.
Quando finalmente conseguiram voltar ao convés, o capitão, agora com um sorriso no rosto, não pôde deixar de comentar:
— Bem, senhor Epitáfio, você definitivamente trouxe um novo significado para o "cruzeiro".
Etelvina, com a cabeça nas mãos, não sabia se ria ou chorava. Mas, no fundo, sabia que, com Epitáfio, cada dia seria uma nova aventura.
— Apenas não me faça passar por isso novamente, por favor! — pediu ela, enquanto abraçava o marido.
Epitáfio piscou:
— Prometo que na próxima vez, eu só vou fazer trapalhadas em terra firme!
E assim, o casal continuou sua viagem pelas Ilhas Gregas.
O casal, agora um pouco mais consciente das reações dos passageiros, tentou se comportar, mas a natureza atrapalhada de Epitáfio estava longe de ser domada.
Na primeira parada, Santorini, a beleza das casas brancas e das vistas deslumbrantes deixou Etelvina encantada. No entanto, Epitáfio estava mais interessado na comida local.
— Vamos experimentar aquele prato que dizem que é uma delícia! — sugeriu ele, apontando para uma taverninha.
Etelvina hesitou:
— Epitáfio, lembre-se da última vez que você decidiu experimentar algo novo.
Mas Epitáfio já estava na porta, e em um instante estava pedindo uma moussaka** gigantesca. Quando o prato chegou, ele não conseguiu conter a empolgação e, em sua pressa, derrubou a bandeja, cobrindo o garçom e a mesa ao lado com molho quente.
— Desculpe! — gritou ele, enquanto todos ao redor se esquivavam.
Na segunda parada, o casal decidiu fazer uma excursão de barco para explorar as caldeiras. O guia, um homem charmoso, começou a falar sobre a história da ilha, mas Epitáfio, distraído pelo movimento do barco, decidiu que era hora de tirar fotos.
Ele se levantou abruptamente para captar a vista e, ao fazer isso, quase derrubou a câmera de um passageiro.
— Olha, pessoal! É uma selfie em alto-mar! — exclamou ele, tentando equilibrar a câmera. O resultado foi um álbum de fotos com Epitáfio em posições hilárias, com o fundo das caldeiras sempre desfocado.
Etelvina não sabia se ria ou se ficava envergonhada. Mas, no final, todos estavam se divertindo e tirando selfies com Epitáfio.
Na última noite do cruzeiro, o navio organizou uma festa de gala. Todos estavam elegantes, e Etelvina, em um vestido deslumbrante, parecia uma verdadeira deusa grega. Epitáfio, por outro lado, decidiu que uma gravata borboleta colorida seria o toque final do seu traje.
Durante o jantar, enquanto a orquestra tocava, Epitáfio tentou dançar, mas acabou pisando no pé de um dos dançarinos profissionais, que estava fazendo uma apresentação. O homem, surpreso, girou e, sem querer, acabou arrastando Epitáfio para o centro da pista.
— Vamos lá, Epitáfio! Mostre o seu talento! — gritou um dos passageiros, incentivando-o.
Epitáfio, sem saber o que fazer, começou a dançar de forma desajeitada, fazendo movimentos engraçados que rapidamente contagiou a plateia. Todos começaram a rir e aplaudir, e logo ele se tornou o centro das atenções.
Quando o cruzeiro finalmente chegou ao seu fim, Epitáfio e Etelvina se sentaram no convés, observando o sol se pôr sobre o mar.
— Apesar de tudo, foi uma viagem incrível, não foi? — disse Etelvina, com um sorriso.
— Com certeza! — respondeu Epitáfio, olhando para ela com adoração. — E quem diria que eu seria o rei no final?
— E o herói das selfies! — brincou Etelvina.
Enquanto o navio se afastava das ilhas, o casal percebeu que cada trapalhada de Epitáfio se tornara uma lembrança especial. Eles não apenas viveram uma aventura, mas também aprenderam a rir juntos, mesmo nas situações mais embaraçosas.
Ao desembarcarem, Epitáfio olhou para Etelvina e disse:
— O que você acha de planejarmos outra viagem? Quem sabe para… as montanhas?
Etelvina riu, balançando a cabeça:
— Apenas se você prometer não escorregar em nenhuma trilha!
E assim, com o coração leve e o espírito divertido, Epitáfio e Etelvina embarcaram em novos planos, prontos para mais aventuras, sabendo que, independentemente das desventuras, o mais importante era estarem juntos.
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* Tzatziki = é um acepipe típico da culinária da Grécia e da Turquia, mas também difundido entre outros países da Europa Oriental, Oriente Médio e Índia, sob diferentes denominações e com inúmeras variações regionais: seja quanto à consistência, seja quanto às ervas e especiarias adicionadas à preparação básica, que se compõe de iogurte, pepino e alho.
** Moussaka = Mussaca ou Mussacá é uma especialidade gastronômica do Oriente Médio, típico das culinárias grega e turca, entre outras, sendo, na versão árabe, um cozido de grão de bico com berinjelas, muito comum na culinária vegana. Pode ser também uma variação de lasanha italiana, só que grega, muitíssimo saborosa. Essa versão é originalmente feita com carne de carneiro, berinjelas, e tomate, sempre condimentado com azeite, cebola, ervas e fortemente temperado com pimenta ou malagueta.
Fontes:
José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
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