Era uma sexta-feira quando Carlos decidiu que era hora de reabastecer a despensa. Como um homem que sempre se orgulhou de sua habilidade em fazer compras, ele vestiu sua melhor camiseta e calçou os tênis mais confortáveis, preparado para enfrentar a selva do supermercado.
Ao entrar no local, Carlos foi imediatamente confrontado pela primeira armadilha: o carrinho. Ele sempre achou que os carrinhos tinham vida própria, e hoje parecia que um deles tinha decidido que não queria ser empurrado.
Cada vez que Carlos tentava seguir em linha reta, o carrinho se desviava, como se quisesse explorar os corredores de produtos que ele não precisava.
“Ah, não, não, não! Não me faça passar vergonha novamente!” Carlos sussurrou para o carrinho, atraindo olhares curiosos de outros clientes. Mas ele decidiu ignorar, afinal, quem nunca teve uma conversa um tanto estranha com um objeto inanimado?
Após uma luta épica com o carrinho, Carlos finalmente conseguiu alcançar a seção de frutas. Ele sempre se considerou um expert em escolher abacates, mas naquele dia, parecia que os abacates estavam em um concurso de "quem é o mais maduro". Ele pegou um, apertou, e o fruto se despedaçou em sua mão, deixando um rastro de pasta verde em seus dedos.
“Maravilha! Agora sou o novo chef de cozinha, especialista em guacamole!” Carlos exclamou, rindo de si mesmo.
Seguindo para a seção de laticínios, Carlos avistou um grande cartaz: "Promoção de iogurtes! Leve 10 e pague 5!"
Ele pensou que essa era uma oferta que não poderia recusar. Então, em um momento de impulso, pegou dez potes de iogurte, suficientes para alimentar um pequeno exército. Ao tentar equilibrar os iogurtes no carrinho, ele percebeu que havia subestimado sua própria noção de equilíbrio. Um pote escorregou e, em câmera lenta, caiu no chão, explodindo em um banho de iogurte de morango.
"Parabéns, você acaba de se tornar o Picasso do iogurte!" gritou um jovem que passava, enquanto Carlos se encolhia de vergonha.
Ele se virou para limpar a bagunça com a mão, mas acabou espalhando ainda mais o iogurte com seus tênis, que agora pareciam ter se tornado uma obra-prima de arte moderna.
Determinado a não deixar que isso arruinasse seu dia, Carlos seguiu para a seção de congelados.
Ao abrir o freezer, ele encontrou uma pilha de pizzas congeladas. Ele ficou tão animado que decidiu fazer uma pequena festa em casa.
Enquanto examinava as opções, uma pizza de pepperoni escapuliu de suas mãos e foi parar em um carrinho ao lado, pertencente a um senhor idoso que olhava para Carlos com uma expressão de confusão.
“Desculpe, senhor! Parece que sua pizza está tendo uma vida própria!”
Carlos riu, mas o senhor não pareceu achar graça. Ele pegou a pizza de volta e a colocou de volta no freezer, como se estivesse lidando com uma criança travessa.
Finalmente, Carlos chegou ao caixa. Ele estava exausto, mas cheio de itens que provavelmente não precisaria.
Enquanto o caixa registrava suas compras, ele percebeu que havia esquecido de pegar o item mais importante: papel higiênico.
Ele olhou para a fila atrás dele e decidiu que não poderia voltar. O caixa, percebendo seu dilema, fez uma piada: “Parece que você vai ter um dia longo pela frente!”
Carlos riu, mas no fundo, sabia que estava em apuros. Ao sair do supermercado, com o carrinho cheio e a dignidade quase intacta, ele avistou um amigo que não via há tempos.
“Carlos! O que você está fazendo aqui?”
“Ah, você sabe, apenas dominando a arte da compra de supermercado,” respondeu Carlos, com um sorriso nervoso.
O amigo olhou para o carrinho, depois para Carlos, e disse: “Parece mais uma batalha perdida!”
Carlos suspirou, mas então deu uma risada forçada.
Ele se despediu do amigo e saiu do supermercado, pensando que, apesar de todos os imprevistos, tinha conseguido superar a batalha do supermercado.
Fontes: José Feldman. Peripécias de um jornalista de fofocas & outros contos. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul, 2024.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
Nenhum comentário:
Postar um comentário