ABIGAIL RIZZINI
Nova Friburgo/RJ +
Olhar triste, é o da criança,
que olha a vitrina, e em segredo,
chora a morte da esperança
ante o preço de um brinquedo!
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Poema de
ARTHUR RIMBAUD
França, 1854 – 1891
A Eternidade
De novo me invade.
Quem? – A Eternidade.
É o mar que se vai
Como o sol que cai.
Alma sentinela,
Ensina-me o jogo
Da noite que gela
E do dia em fogo.
Das lides humanas,
Das palmas e vaias,
Já te desenganas
E no ar te espraias.
De outra nenhuma,
Brasas de cetim,
O Dever se esfuma
Sem dizer: enfim.
Lá não há esperança
E não há futuro.
Ciência e paciência,
Suplício seguro.
De novo me invade.
Quem? – A Eternidade.
É o mar que se vai
Com o sol que cai.
(Tradução: Augusto de Campos)
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Trova de
ARI SANTOS CAMPOS
Balneário Camboriú/SC
Do que vale o meu canteiro
de bom trigo, de primeira,
se joio dá mais dinheiro
na “cultura” brasileira ?!
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Soneto de
ALPHONSUS DE GUIMARAENS FILHO
Ouro Preto/MG, 1870 – 1921, Mariana/MG
Os cavalos de fogo
A luz dissolve as pedras. E os cavalos
de fogo se projetam contra o vento.
Lá se vão eles, potros de ar sangrento,
por entre os sóis que intentam sufocá-los.
Lá se vão eles, potros de ar cinzento,
como se a própria luz incendiária
lhes desse uma aparência imaginária
de cor, de som, de céu em movimento.
E então o céu me envolve. Eis que me arrasta
o seu raro esplendor, o trepidante
fremir de intenso azul. No alto me espera
uma forma incorpórea, a visão casta
do que fascina e queda agonizante...
— Campo do amor chamando a primavera.
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Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Com refulgências estranhas
de ternura e de calor,
são duas gemas castanhas
os olhos do meu amor!
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Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS
A Rua dos Cata-ventos (X)
Eu faço versos como os saltimbancos
Desconjuntam os ossos doloridos.
A entrada é livre para os conhecidos...
Sentai, Amadas, nos primeiros bancos!
Vão começar as convulsões e arrancos
Sobre os velhos tapetes estendidos...
Olhai o coração que entre gemidos
Giro na ponta dos meus dedos brancos!
"Meu Deus! Mas tu não mudas o programa!"
Protesta a clara voz das Bem-Amadas.
"Que tédio!" o coro dos Amigos clama.
"Mas que vos dar de novo e de imprevisto?"
Digo... e retorço as pobres mãos cansadas:
"Eu sei chorar... Eu sei sofrer... Só isto!"
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Trova do
PROFESSOR GARCIA
Caicó/RN
A liberdade do poeta,
está num verso... Num grito...
No equilíbrio se completa,
vencendo o próprio infinito!
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Poema de
REGINA MÉRCIA
Novo Horizonte/SP
Desilusão
É o maior mal a desilusão
Pois perdi o amor que
Tinha no coração
Perdi a esperança
Que decepção!
Ela demora passar
É um gosto amargo
Na boca que
Que demora passar!
O tempo não passa
Apesar dele ser
Meu aliado
Não sei como fazer
As horas passarem
Não sei como vou trabalhar
No dia-a-dia
Um dia a esperança
Voltou e trouxe me
Muita alegria
Ai comecei a relembrar
Os bons momentos
Que já vivi!
Eu me dei conta
Como fui boba
Em pensar que
A ilusão perduraria
Para sempre mas como
Um passo de mágica!
Mandei a desilusão
Embora e hoje
Sou muito feliz
Porque fui perseverante
E venci a desilusão!
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Trova de
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
Belo Horizonte/MG
De um amor que é só miragem
finjo agora ter o assédio,
para escapar da engrenagem
dessa moenda que é o tédio.
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Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
“Idem”
Se alguém me diz: “eu gosto de você”,
eu digo “idem”. Mas, bem ao contrário,
se outro me disser que sou otário,
lhe digo “um tudo bem”, sabe por que?
Porque por natureza eu sou hilário!
Jamais dei bola para “quelelê”...
Tenho este jeito por pura mercê
de Deus que à briga me fez refratário!
Nasci para viver só na amizade,
sem distinção..., com toda a sociedade.
Nem ligo à propensão de cada um...
Felicidade é o que desejo a todos,
para não ver ninguém vivendo em lodos...
mas com amor fadado ao bem comum!
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Trova de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP
Passei a vida cantando
minhas canções que eram dela...
e a ingrata, mesmo escutando,
nunca me abriu a janela!
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Hino de
SANTA INÊS/MA
Outrora no vale do Pindaré
Antes das vilas e dos canaviais
Predominava o Índio Amanajé
Em meios às sombras dos babaçuais.
Logrou após, o lugar mais projeção
Pela pesca, lavoura e pecuária
E pelo exemplo de dona Inez Galvão
Entre outras mestras extraordinárias.
Brava gente, terra amada!
Lar de paz hospitaleiro
Ó Santa Inês, prestigiada
Neste solo brasileiro.
Sua cultura é tradicional
Do bumba-boi ao folguedo junino
E do terreiro ao brio do carnaval
Da vaquejada a festa do divino.
Hoje, esbelta e tão modelar cidade,
Com o eixo rodoviário ativo
E a ferrovia dando prosperidade
Com o comércio a esse povo altivo.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
Busquei-O além do horizonte,
nas águas do mar sem fim,
mas curvando a minha fronte
senti Deus dentro de mim.
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Recordando Velhas Canções
SÚPLICA CEARENSE
Waldeck Artur de Macedo
Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar
Oh! Deus, será que o Senhor se zangou
E só por isso o sol se arretirou
Fazendo cair toda chuva que há
Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Meu Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará
Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Meu Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará
Que sempre queimou o meu Ceará
Que sempre queimou o meu Ceará
Que sempre queimou o meu Ceará
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Trova de
NEI GARCEZ
Curitiba/PR
Machucando a natureza,
sem pensar numa enxaqueca,
paga, o homem, na represa,
a imprudência pela seca.
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