Soneto de
JOÃO BATISTA XAVIER OLIVEIRA
Bauru/SP
...E a vida continua
Aos poucos meus amigos vão embora...
Saudade hospitaleira abre janelas
e os ares das paisagens amarelas
aumentam o vazio que devora.
As mãos saudosas ficam sem aquelas
que tanto me afagaram mundo afora
nas horas tristes bem fora de hora
e nos momentos das tertúlias belas.
E assim eu sinto que também vou indo
na esteira da fatal apoteose.
Sublime é caminhar sempre sorrindo
sabendo que ao beber da mesma dose
os planos das paisagens verdejantes
ressurgirão sorrindo como antes
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Folclore Brasileiro em Versos de
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
Curupira
Pequeno guardião, de cabelos a arder,
Curupira, a lenda das matas a zelar,
com pés ao contrário, faz o mundo tremer,
todo que se atreve a seu reino invadir.
Por entre as árvores, seu rugido ecoa,
desbravador feroz, com astúcia a guiar,
protege a floresta, a fauna e a lagoa,
e ao homem ganancioso, ensina a respeitar.
Mas não te enganes, ele é brincalhão,
faz do viajante um alvo de ilusão,
e em cada caminho, um truque a espreitar.
se o fogo da floresta queres apagar,
cuidado, amigo, o Curupira está à mão,
no riso do vento, a natureza a amar.
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Trova de
ANA MARIA GUERRIZE GOUVEIA
Santos/SP
Desperta-me a Paz de um grito:
quando os sonhos são diversos...
rebuscando no infinito,
o amor com Chuva de Versos!!!
(dedicado ao Almanaque Chuva de Versos, de josé Feldman)
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Spina de
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo / SP
Miragem
Relances do tempo
traduzem em ecos
sua suave história,
apenas resquícios de uma trajetória.
A memória não distingue momentos
futuros, talvez breve lacuna aleatória.
Um oásis reflete diversas passagens,
estremeço em cena, intuo dedicatória.
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Trova de
CAROLINA RAMOS
Santos/SP
Pequenino grão latente,
que brota e aos poucos se expande,
criança é humana semente,
na conquista de ser grande.
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Poema de
MARCOS ASSUMPÇÃO
(Marcos André Caridade de Assumpção)
Niterói/RJ
Casa Vazia
Falar de amor não é mistério
Nem tão difícil de explicar
A gente nunca faz por mal
Meu coração praia deserta
Morre de medo do inverno
E da solidão que me devora
Agora, a casa vazia,
Eu grito seu nome,
Só o silêncio me responde
Pensar que o amor é sempre eterno
Que é impossível ele se acabar,
Você bem que podia tentar, mas não, não, não.....
Então quero falar por um momento
(só por um momento)
Da tua ausência no meu corpo
E dessa lágrima no meu rosto
Agora, a casa vazia,
Eu grito seu nome,
Só o silêncio me responde
o fogo arde sob o nosso chão
nada é tão fácil assim
eu ando sozinho, no olho do furacão
você nem lembra mais de mim
Agora, a casa vazia,
Eu grito seu nome,
Só o silêncio me responde
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Poetrix de
ANTHERO MONTEIRO
São Paio de Oleiros, Santa Maria da Feira/Portugal
Morte
uma cadeira vazia na alameda
sentada numa tarde de outono
a olhar o meu ponto de fuga
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Soneto de
JOSÉ XAVIER BORGES JUNIOR
São Paulo/SP
Saudade
...e mesmo sem te ver quero-te tanto
que sinto-te em mim, e tua voz no pranto
que escapa-me em torrentes de tristeza.
Antes que dúvida, és minha certeza...
Quero-te na amenidade do poente,
No sol do fim de tarde, reluzente,
Quando nasces em mim, como uma flor.
...e mesmo sem te ver, és meu amor...
Quero-te tanto, que em minh’alma trago
O gosto do vinho em que me embriago
Nesses lábios sedentos que ofereces.
Algum anjo há de ouvir as minhas preces,
E há de entender a solidão que canto
Por não te ver e por amar-te tanto…
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Poema de
CECÍLIA MEIRELES
Rio de Janeiro/RJ, 1901 – 1964
Monólogo
Para onde vão minhas palavras,
se já não me escutas?
Para onde iriam, quando me escutavas?
E quando me escutaste? - Nunca.
Perdido, perdido. Ai, tudo foi perdido!
Eu e tu perdemos tudo.
Suplicávamos o infinito.
Só nos deram o mundo.
De um lado das águas, de um lado da morte,
tua sede brilhou nas águas escuras.
E hoje, que barca te socorre?
Que deus te abraça? Com que deus lutas?
Eu, nas sombras. Eu, pelas sombras,
com as minhas perguntas.
Para quê? Para quê? Rodas tontas,
em campos de areias longas
e de nuvens muitas.
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Trova Humorística de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP
Se tu buscas na partida
além do horizonte, a paz,
não fujas da própria vida,
que a vida sabe o que faz!
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Hino de
São Jerônimo da Serra/PR
Foi a fibra do valente pioneiro
Desbravando o sertão do Jatai
Que fez nascer neste solo alvissareiro
Junto às margens do rio Tibagi.
Tão formosa e fagueira cidade
Para orgulho de imparra gentil
Berço augusto de prosperidade
Que ornamenta o querido Brasil.
És a joia mais linda que há
neste recanto feliz do Paraná
São Jerônimo da Serra, meu torrão
viverás para sempre em meu coração.
Rio Tigre de alvura singular
Serra da Esperança, a mais linda que há
São tesouros a ornamentar
as riquezas que temos aqui.
São Jerônimo, adorado padroeiro
Abençoa com seu manto esta terra
Protegendo este povo hospitaleiro
Que impulsiona São Jerônimo da Serra.
Isto será passageiro
E verás, quando passar
que em lindo sol
Pioneiro em teu céu há de brilhar.
Por que em tua juventude
Em tuas sábias crenças
reside a maior virtude
Depósito de esperança.
São Jerônimo da Serra,
Simples e muito mais
Eu pisei em tua terra,
Não te esquecerei jamais.
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Trova de
ADELINO MOREIRA MARQUES
São Paulo/SP
Do livro da minha vida
arranquei, com mão irada,
tua página, fingida...
...e a guardo toda amassada!
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Soneto de
MARTINS FONTES
Santos/SP, 1884 – 1937
São Francisco e o Rouxinol
Um rouxinol cantava. Alegremente,
quis São Francisco, no frutal sombrio,
acompanhar o pássaro contente,
e começa a cantar, ao desafio.
E cantavam os dois, junto à corrente
do Arno sonoro, do lendário rio.
Mas São Francisco, exausto, finalmente,
parou, tendo cantado horas a fio.
E o rouxinol lá prosseguiu cantando,
redobrando as constantes cantilenas,
os trilados festivos redobrando.
E o santo assim reflete, satisfeito,
que feito foi para escutar, apenas,
e o rouxinol para cantar foi feito.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
Nesta espera em que me farto
só dispenso a nostalgia,
é quando a porta do quarto
tua chegada anuncia!
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Recordando Velhas Canções
FOI ASSIM
(samba-canção, 1963)
Foi assim,
eu tinha alguém que comigo morava
Mas tinha um defeito que brigava
Embora com razão,
ou sem razão
Encontrei um dia uma pessoa diferente
Que me tratava carinhosamente
Dizendo resolver minha questão
Mas não foi assim,
Troquei essa pessoa que eu morava
Por essa criatura que eu julgava
Pudesse compreender todo meu eu
Mas no fim fiquei na mesma coisa em que estava
Porque a criatura que eu sonhava
Não fez aquilo que me prometeu
Não sei se é meu destino, não sei se meu azar
Mas tenho que viver brigando
Todos no mundo encontram seu par
Porque só eu vivo trocando
Se deixo alguém por falta e carinho
Por brigas e outras coisas mais
Quem aparece no meu caminho
tem os defeitos iguais
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