ÁTILA SILVEIRA BRASIL
Cornélio Procópio/PR
Velha foto esmaecida
deixou lágrima de herança!
Hoje a vejo colorida
pelo cristal da lembrança!
= = = = = =
Folclore Brasileiro em Versos de
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
Matinta Pereira
Na bruma da noite, um canto a soar,
Matinta Pereira, sombra a vagar,
com penas de gaivota e mistérios a contar,
guardiã das almas, seu destino a traçar.
Canta para os mortos, em lamento profundo,
e em cada sussurro, um eco fecundo,
protege os perdidos, os que não têm voz,
e em seu olhar sábio, a dor se faz feroz.
Mas quem a desafia, deve ter temor,
pois a força da bruxa é de um grande amor,
que luta na sombra, em busca de paz,
e entre os mistérios, a vida se faz,
Matinta, a lenda, com seu eterno clamor,
nas noites de velas, seu canto é fervor.
= = = = = =
Trova de
LICÍNIO ANTONIO DE ANDRADE
Juiz de Fora/MG
Cai a tarde e a passarada
em gorjeios musicais
é orquestra desafinada
na algazarra dos pardais.
= = = = = =
Poema de
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Vila Velha/ES
Se
Se eu morresse hoje (agora)
Levaria comigo
A tristeza do seu adeus.
Depois de tudo que restou de mim
Sou a parte de você
Que se desprendeu de mim...
= = = = = =
Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Das culminâncias da serra
ao mais profundo grotão,
trago viva a minha terra,
dentro do meu coração!
= = = = = =
Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS
A Rua dos Cata-ventos (I)
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
= = = = = = = = =
Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/RN
As cordas desafinadas
e esta voz chegando ao fim!...
São mimos das madrugadas
guardados dentro de mim!
= = = = = =
Poema de
APOLÔNIA GASTALDI
Ibirama/SC
O vento
Um dia
bem à tardinha
bate o vento
a viração
e
varre ligeiro
as folhas secas do chão
Olhei bem aquela cena
do terreiro limpo
e
então
lembrei todos os sonhos
que eu tinha
na coração.
Se você tivesse visto
com os olhos da alma
a dor
não teria arrancado
de mim
aquele amor
Sonho com o terreiro limpo
depois de uma viração.
Um amor não mata outro
o que nos mata
é a dor.
= = = = = =
Trova humorística de
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
Belo Horizonte/MG
Arma um barulho no "ninho"
ao ver que a cara-metade
curte um som com o vizinho
em "alta-infidelidade!"
= = = = = =
Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Oh, tempo!
A rua onde brinquei na meninice,
período mais feliz de minha vida,
só fui revê-la agora, na velhice...
E ali... senti minha alma compungida!
Aquela que implorou que eu não partisse...,
que era tão bela e larga, tão comprida,
como pôde encolher? Foi vigarice
do tempo que a tornou tão espremida?
Meu grande espanto fez-me recordar
do imenso amor da minha juventude,
que então julguei ser o maior do mundo...
Mas quando a vida me obrigou provar
a imensidão daquele amor... Não pude,
tão diminuído estava... E moribundo!
= = = = = =
Trova de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP
O homem é tão insensato,
tanto na farsa delira,
que chega a viver, de fato,
o fato que era mentira!
= = = = = =
Hino de
ROSÁRIO DO SUL/RS
Terra fértil de ricas colheitas
de rebanhos e verdes cereais
tua praia de areias eleitas
lembra imenso lençol de cristais
Estribilho:
Rosário do Sul, Rosário do Sul
Do povo gaúcho contente e feliz
orgulho da gente, cidade bendita
que sonha e palpita no sul do país
O brasão da cidade retrata
as origens que a história traduz
em seus rios, a pureza da prata
sobre o verde à que o ouro dá luz
O rosário, a cabeça de touro
e as armas que em paz hoje estão
simbolizam no verde e no ouro
que Rosário engrandece a nação
Quem o rio contemplar das barrancas
vendo as águas e a vida passar
essas praias de areias tão brancas
dentro d'alma vai sempre levar
= = = = = =
Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
Velha casa, sonho alado
que a saudade hoje remonta
para mostrar meu passado
brincando de faz de conta.
= = = = = =
Recordando Velhas Canções
SAMBA TRISTE
(1960)
Billy Blanco e Baden Powell
Samba triste
A gente faz assim
Eu aqui
Você longe de mim, de mim
Alguém se vai
Saudade vem e fica perto
Saudade resto de amor
De amor que não deu certo
Samba triste
Que antes eu não fiz
Só porque
Eu sempre fui feliz, feliz
Agora eu sei
Que toda a vez que o amor existe
Há sempre um samba triste, meu bem
Samba que vem de você, amor
= = = = = = = = = = = = =
Nenhum comentário:
Postar um comentário