domingo, 17 de novembro de 2024

Vereda da Poesia = 160 =


Trova de
ÁTILA SILVEIRA BRASIL
Cornélio Procópio/PR

Velha foto esmaecida
deixou lágrima de herança!
Hoje a vejo colorida
pelo cristal da lembrança!
= = = = = =

Folclore Brasileiro em Versos de
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR

Matinta Pereira

Na bruma da noite, um canto a soar,
Matinta Pereira, sombra a vagar,
com penas de gaivota e mistérios a contar,
guardiã das almas, seu destino a traçar.

Canta para os mortos, em lamento profundo,
e em cada sussurro, um eco fecundo,
protege os perdidos, os que não têm voz,
e em seu olhar sábio, a dor se faz feroz.

Mas quem a desafia, deve ter temor,
pois a força da bruxa é de um grande amor,
que luta na sombra, em busca de paz,

e entre os mistérios, a vida se faz,
Matinta, a lenda, com seu eterno clamor,
nas noites de velas, seu canto é fervor.
= = = = = = 

Trova de
LICÍNIO ANTONIO DE ANDRADE
Juiz de Fora/MG

Cai a tarde e a passarada
em gorjeios musicais
é orquestra desafinada
na algazarra dos pardais.
= = = = = = 

Poema de
APARECIDO RAIMUNDO DE SOUZA
Vila Velha/ES

Se

Se eu morresse hoje (agora)
Levaria comigo
A tristeza do seu adeus.

Depois de tudo que restou de mim
Sou a parte de você
Que se desprendeu de mim...
= = = = = = 

Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ

Das culminâncias da serra
ao mais profundo grotão,
trago viva a minha terra,
dentro do meu coração!
= = = = = = 

Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS

A Rua dos Cata-ventos (I)

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
= = = = = = = = = 

Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/RN

As cordas desafinadas
e esta voz chegando ao fim!...
São mimos das madrugadas
guardados dentro de mim!
= = = = = = 

Poema de 
APOLÔNIA GASTALDI
Ibirama/SC

O vento
 
Um dia
bem à tardinha
bate  o  vento
a viração 
e
varre  ligeiro
as  folhas  secas  do  chão
 
Olhei bem aquela cena
do terreiro limpo
e
então
lembrei todos  os  sonhos
que  eu  tinha 
na  coração.
 
Se  você  tivesse  visto
com os olhos  da  alma
a dor
não teria  arrancado
de  mim
aquele  amor
 
Sonho  com o terreiro  limpo
depois de  uma viração.
Um  amor não mata  outro
o que  nos mata 
é a  dor.
= = = = = = 

Trova humorística de 
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
Belo Horizonte/MG

Arma um barulho no "ninho"
ao ver que a cara-metade
curte um som com o vizinho
em "alta-infidelidade!"
= = = = = = 

Soneto de 
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP

Oh, tempo!

A rua onde brinquei na meninice,
período mais feliz de minha vida,
só fui revê-la agora, na velhice...
E ali... senti minha alma compungida!

Aquela que implorou que eu não partisse...,
que era tão bela e larga, tão comprida,
como pôde encolher? Foi vigarice
do tempo que a tornou tão espremida?

Meu grande espanto fez-me recordar
do imenso amor da minha juventude,
que então julguei ser o maior do mundo...

Mas quando a vida me obrigou provar
a imensidão daquele amor... Não pude,
tão diminuído estava... E moribundo!
= = = = = = 

Trova de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP

O homem é tão insensato,
tanto na farsa delira,
que chega a viver, de fato,
o fato que era mentira!
= = = = = = 

Hino de 
ROSÁRIO DO SUL/RS

Terra fértil de ricas colheitas
de rebanhos e verdes cereais
tua praia de areias eleitas
lembra imenso lençol de cristais

Estribilho: 
Rosário do Sul, Rosário do Sul
Do povo gaúcho contente e feliz
orgulho da gente, cidade bendita
que sonha e palpita no sul do país

O brasão da cidade retrata
as origens que a história traduz
em seus rios, a pureza da prata
sobre o verde à que o ouro dá luz

O rosário, a cabeça de touro
e as armas que em paz hoje estão
simbolizam no verde e no ouro
que Rosário engrandece a nação

Quem o rio contemplar das barrancas
vendo as águas e a vida passar
essas praias de areias tão brancas
dentro d'alma vai sempre levar
= = = = = = 

Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO 
Ribeirão Preto/SP

Velha casa, sonho alado
que a saudade hoje remonta
para mostrar meu passado
brincando de faz de conta.
= = = = = = 

Recordando Velhas Canções
SAMBA TRISTE 
(1960) 
Billy Blanco e Baden Powell 

Samba triste 
A gente faz assim 
Eu aqui 
Você longe de mim, de mim 
Alguém se vai 
Saudade vem e fica perto 
Saudade resto de amor 
De amor que não deu certo 

Samba triste 
Que antes eu não fiz 
Só porque 
Eu sempre fui feliz, feliz 
Agora eu sei 
Que toda a vez que o amor existe 
Há sempre um samba triste, meu bem 
Samba que vem de você, amor
= = = = = = = = = = = = = 

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