ANTÔNIO JURACI SIQUEIRA
Belém/PA
Mata a revolta em teu peito,
não a deixes florescer:
rio com pedras no leito
não pode alegre correr!...
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Glosa de
JOSÉ FELDMAN
Campo Mourão/PR
MOTE:
Se a porta é larga, desvio,
sem luta não tem vitória.
Porta estreita é o desafio
de quem vence e faz história!
Rita Mourão
Ribeirão Preto/SP
GLOSA:
Se a porta é larga, desvio
dos sonhos que eu fui buscar.
Meus passos eu mesmo crio
pois sei que vou me encontrar.
O tempo é meu aliado,
sem luta não tem vitória,
desafio o inesperado,
meu caminho será a glória,
Com coragem eu me crio,
e toda a luz se abrirá.
Porta estreita é o desafio,
nada mais me deterá.
Transformando este meu mundo
com fé, sigo a trajetória,
o eco ressoa profundo,
de quem vence e faz história.
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Trova de
LEDA COSTA LIMA
Fortaleza/CE
Se a revolta me alucina
e a solidão me consome,
a saudade sempre assina
seu nome sobre o seu nome!...
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Poema de
LUCIANA SOARES
Rio de Janeiro/RJ
Ciclo das estações
O ritmo do tempo começa a dançar,
No inverno, o frio se faz escutar.
O vento assobia na rua vazia,
E a chuva cai lenta, trazendo calmaria.
O verão surge, com o sol abrasador,
O calor envolve, com força e ardor.
Mas no mar, as ondas trazem temperança,
Entre flores e frutos, a vida avança.
No outono, o vento espalha folhas no chão,
O céu cinza anuncia outra estação.
As flores descansam, os frutos se vão,
E o ritmo da vida encontra renovação.
Na primavera, a esperança floresce,
A natureza em cores renasce e aquece.
O frio e o calor encontram harmonia,
Num ciclo eterno de paz e poesia.
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Trova de
APARÍCIO FERNANDES
Acari/RN, 1934 – 1996, Rio de Janeiro/RJ
Amor - mistério profundo
que não se pode explicar.
Mesmo, assim, pobre do mundo
se ninguém soubesse amar…
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Soneto de
MÁRIO QUINTANA
Alegrete/RS (1906 – 1994) Porto Alegre/RS
A Rua dos Cata-ventos (II)
Dorme, ruazinha... É tudo escuro...
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos...
Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro...
Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos...
O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão...
Dorme, ruazinha... Não há nada...
Só os meus passos... Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração...
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Trova de
PROFESSOR GARCIA
Caicó/RN
Às vezes, me falta estima,
vendo a multidão que passa...
Muita gente se aproxima,
mas pouca gente se abraça!
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Soneto de
AMADEU RODRIGUES TORRES
Viana do Castelo/Costa Verde/Portugal (1924 – 2012) Braga/Portugal
Proesemar facilidades
Métrica, rima, ritmos, a parafernália
Usual, secular caiu de escantilhão
Nalguns, acaso e sorte tentam ritmação,
Mas os versos protestam como em represália.
Prosa e verso já calçam a mesma sandália
E aplaudem Mallarmé só por embirração
Co´a diferença e leis de discriminação,
Não obstante as lições da Fonte de Castália.
Mas quem quer lição hoje de outrem, afinal,
Se o raso quer assentar praça em general
E o poetrasto bisonho é Camões em Constância?
Fazem-me rir a crítica e a sua bitola:
Muita vez, não se sabe quem lidera a bola,
Se a amizade, a nesciência, a cor, a petulância.
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Trova humorística de
WANDA DE PAULA MOURTHÉ
Belo Horizonte/MG
– Barata em pinga?! Que horror!
E a garçonete “sensata”:
– Mas não pediu o senhor
a cachaça mais barata?
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Soneto de
AMILTON MACIEL MONTEIRO
São José dos Campos/SP
Amor
O amor possui incrível intuição,
que lhe permite ver o invisível
e também escutar com perfeição
os sons até de uma maneira incrível!
É que o amor é bem rico em expressão.
Nesse aspecto, aliás, ele é imbatível:
tem ternura que vem do coração
e um respeito mútuo que é infalível.
Quem diz que ama, mas não se decide
a amar de fato e para toda a vida,
mente em querer amar somente um dia...
Pois o amor de verdade é o que reside
no coração em que encontrou guarida,
e sabe que deixá-lo é covardia!
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Trova de
ZAÉ JÚNIOR
Botucatu/SP, 1929 – 2020, São Paulo/SP
Prendes a voz do meu canto,
minhas queixas, meu querer,
mas as gotas do meu pranto
tu não consegues prender!
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Hino de
QUISSAMÃ/RJ
Na imensidão desta terra altaneira,
Surge uma flor de singelo candor,
Sua beleza morena e brejeira,
Os nossos campos inunda de cor.
Ó Quissamã , terra boa e amiga,
Que a mão de Deus generosa ornou,
Tesouro aberto ao céu que abriga,
Banhada no azul deste mar que a embalou.
Em sua história assim revelada,
Que Maldonado em anais registrou,
A Freguesia em Vila elevada,
À Virgem do Desterro dedicou.
De povo simples, fiel desta terra,
De tradições de beleza sem par,
Relicário que a história encerra,
Motivo e encanto deste meu cantar.
Ó Quissamã, terra boa e amiga,
Que a mão de Deus generosa ornou,
Tesouro aberto ao céu que abriga,
Banhada no azul deste mar que a embalou.
Dourada ao sol que suas praias bronzeia
Beleza agreste, restinga em flor,
É Quissamã, terra que encandeia,
Berço de sonhos, deleites do amor.
É Quissamã essa flor pura e bela,
Que brota ao sol, em solo tão gentil,
Com galhardia o povo desta terra,
Sua glória canta aos rincões do Brasil.
Ó Quissamã, terra boa e amiga,
Que a mão de Deus generosa ornou,
Tesouro aberto ao céu que abriga,
Banhada no azul deste mar que a embalou.
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Trova Premiada de
RITA MARCIANO MOURÃO
Ribeirão Preto/SP
Tiro a máscara e ouço aflita,
de um mar de farsas sem fim,
meu outro eu que ainda grita
por vida dentro de mim.
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Recordando Velhas Canções
NOITE CHEIA DE ESTRELAS
(tango-canção, 1932)
Cândido das Neves
Noite alta, céu risonho
A quietude é quase um sonho
O luar cai sobre a mata
Qual uma chuva de prata
De raríssimo esplendor
Só tu dormes, não escutas
O teu cantor
Revelando à lua airosa
A história dolorosa desse amor.
Lua,
Manda a tua luz prateada
Despertar a minha amada
Quero matar meus desejos
Sufocá-la com os meus beijos
Canto
E a mulher que eu amo tanto
Não me escuta, está dormindo
Canto e por fim
Nem a lua tem pena de mim
Pois ao ver que quem te chama sou eu
Entre a neblina se escondeu.
Lá no alto a lua esquiva
Está no céu tão pensativa
As estrelas tão serenas
Qual dilúvio de falenas
Andam tontas ao luar
Todo o astral ficou silente
Para escutar
O teu nome entre as endechas
A dolorosas queixas
Ao luar.
Lua,
Manda a tua luz prateada
Despertar a minha amada
Quero matar meus desejos
Sufocá-la com os meus beijos
Canto
E a mulher que eu amo tanto
Não me escuta, está dormindo
Canto e por fim
Nem a lua tem pena de mim
Pois ao ver que quem te chama sou eu
Entre a neblina se escondeu.
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Poetrix de
LILIAN MAIAL
Rio de Janeiro/RJ
Auto-estima
o desamor não tem desculpa
tempo não é desabono
são folhas secas que enfeitam o outono
(Lembrete: O Poetrix é um terceto que não pode ultrapassar 30 sílabas poéticas, mas não determina normas para a distribuição destas sílabas dentro do poema. O poetrix tem temática livre e pode acontecer no passado, presente ou futuro)
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