Oh, amiga leal, tua ausência é um tormento,
teu miado é um canto que não se apaga,
e a vida, sem ti é um triste lamento.
Nos dias nublados a dor é uma chaga,
em cada lembrança, um doce momento,
que me abraça e em lágrimas se embriaga.
Os nomes são fictícios, mas a história foi real.
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Na esquina de uma rua movimentada, sob a sombra de um velho carvalho, havia uma gata chamada Mia. Ela era apenas um filhote quando a vida a presenteou com uma dura realidade: o abandono. Junto com seu irmão, Max, Mia enfrentava o mundo desconhecido, cheio de perigos e solidão. Os dois se aconchegavam em caixas de papelão, buscando calor e proteção um no outro. Mas, à medida que os dias passavam, a vida na rua tornava-se cada vez mais insuportável.
Certa manhã, um casal, Giuseppe e Erin, que passava por ali notou os dois gatinhos. Erin, a mulher, de olhos suaves e coração gentil, não conseguiu resistir. “Olha, amor! Precisamos ajudar!” disse ela, apontando para os filhotes trêmulos. Giuseppe , que sempre teve um carinho especial pelos animais, concordou. Eles se aproximaram e, com cuidado, pegaram Mia e Max, levando-os para casa.
O novo lar era um lugar acolhedor. Mia e Max foram recebidos com carinho, comida e um espaço quentinho para dormir. Eles logo se adaptaram, explorando cada canto da casa, enquanto o casal se tornava a família que nunca souberam que precisavam.
Mas a felicidade não durou muito. Dois anos depois, Max começou a apresentar problemas de saúde. Giuseppe e Erin fizeram o possível para cuidar dele, levando-o ao veterinário, mas infelizmente a doença venceu a batalha. Mia estava ao lado do irmão quando ele deu seu último suspiro. A dor da perda foi insuportável. Ela não entendia por que seu pequeno mundo havia desmoronado tão rapidamente.
Com a partida de Max, a vida de Mia se transformou em um luto silencioso. O calor do lar agora parecia gelado. Ela se afastou de tudo e todos, passando horas em um canto escuro da casa. O casal, preocupado, tentava animá-la, mas a alegria que antes preenchia o lar havia se dissipado. Ela não parecia mais ser a mesma gata brincalhona.
Foi Giuseppe quem mais se dedicou a cuidar dela. Ele a cercou de amor, tentando atrair sua atenção com brincadeiras e petiscos.
“Mia, minha querida, você ainda tem a mim”, ele dizia, acariciando seu pelo macio. Com o tempo, ela começou a reagir, mas apenas em momentos fugazes. Ele sentava-se ao seu lado, contando histórias, e afagando seus pelos.
Com o passar dos meses, Mia começou a aceitar a presença dele, mas a tristeza nunca a abandonou por completo.
Giuseppe se tornara um amigo dedicado, compreendendo que a cura de Mia precisava vir do seu próprio ritmo.
Ele sempre dizia: “Estamos juntos nessa, meu amor.” E, assim, um novo laço foi formado, uma amizade silenciosa, mas profunda.
Os anos se passaram, e Mia envelheceu. Já não era mais a gata ágil e brincalhona que um dia foi. Com 15 anos, ela começou a enfraquecer.
Giuseppe, agora mais velho também, percebeu que o tempo estava se esgotando. Ele se dedicou ainda mais a cuidar dela, alimentando-a com carinho e dando-lhe amor nos momentos mais difíceis.
“Você é minha irmã, e eu estarei com você até o fim”, prometeu ele, segurando-a em seus braços.
Mia se aninhava em seu colo, buscando conforto. Giuseppe se lembrava de cada amassada de pão, cada momento feliz que passaram juntos, e seu coração se apertava ao pensar que tudo isso estava chegando ao fim.
Certa manhã, Giuseppe acordou e percebeu que Mia não havia se levantado. Ele se aproximou e viu que ela estava mais fraca do que nunca. Com delicadeza, a pegou no colo, acariciando seu pelo, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto.
“Você é tudo para mim, Mia. Eu te amo tanto”, ele sussurrou, com a voz embargada.
Enquanto Mia respirava lentamente, ele ofereceu um pouco de comida, ajudando-a a comer. Mas, naquela manhã, ela parecia tão cansada. Seu olhar, antes vibrante, agora estava distante. Giuseppe, com o coração pesado, sabia que o momento estava se aproximando. Ele segurou Mia mais apertado, como se pudesse transmitir todo o amor que sentia através daquele abraço.
E então, em um momento silencioso e sereno, Mia deu seu último suspiro. Giuseppe sentiu seu corpo relaxar em seus braços, e a dor da perda o atingiu como uma onda devastadora. Ele chorou como uma criança, deixando suas lágrimas caírem sobre o pelo dela, enquanto o vazio se instalava em seu coração.
Mia partiu, mas seu espírito permaneceria para sempre na vida de Giuseppe. Ele sabia que havia amado e sido amado de uma maneira pura e incondicional. A dor da perda seria eterna, mas as memórias dos momentos felizes que passaram juntos seriam seu consolo.
A casa, agora silenciosa, era um lembrete do amor que um dia habitou aqueles espaços. Giuseppe prometeu nunca esquecer a gata que entrou em sua vida em meio à dor e encontrou um lar. Ele sabia que, embora Mia não estivesse mais ali fisicamente, seu amor e a amizade que compartilharam viveriam para sempre em seu coração.
Fontes: José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Meta, do Whatsapp
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