Nota: Cuchulainn, nome do herói mitológico irlandês que aparece nas histórias do Ciclo de Ulster, bem como no folclore escocês e da Ilha de Man. O resto é ficção.
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Em tempos antigos, quando as lendas eram contadas ao redor das fogueiras e os deuses caminhavam entre os homens, havia um herói chamado Cuchulainn, da terra de Ulster. Ele era conhecido por sua coragem indomável e força sobre-humana, mas o que muitos não sabiam era que sua verdadeira força vinha de uma amizade profunda com um cão chamado Danned Dur (dentes de aço), um animal leal que sempre esteve ao seu lado.
Desde pequeno, Cuchulainn e Danned Dur eram inseparáveis. O cão, de pelagem dourada e olhos brilhantes, era mais do que um simples companheiro; era um guardião e amigo. Juntos, eles exploravam as florestas densas da Ulster, enfrentando desafios e desvendando mistérios. Danned Dur sempre estava lá, seja em momentos de alegria ou de tristeza.
Cuchulainn, ao crescer, passou a treinar com os mais valentes guerreiros e, durante suas aventuras, conquistou muitos inimigos poderosos. Mas Danned Dur estava sempre ao seu lado, defendendo seu mestre em batalhas e alertando-o sobre perigos iminentes. A conexão entre os dois era tão forte que muitos acreditavam que eles compartilhavam uma alma.
Certa manhã, enquanto Cuchulainn treinava nas margens do rio, uma voz ecoou em sua mente. Era a Deusa Morrigan, que se manifestava na forma de uma corvo negro. “Cuchulainn, herói de Ulster, um grande desafio se aproxima. Você deve preparar-se, pois os inimigos de sua terra estão a caminho, e você será o único a impedi-los.”
Ele sabia que o chamado da deusa não era em vão. Com Danned Dur ao seu lado, Cuchulainn preparou-se para a batalha, enfrentando não apenas guerreiros, mas também criaturas místicas que ameaçavam a paz de Ulster. Ele lutou bravamente, sua espada cortando o ar com precisão, e Danned Dur atacando ao seu lado, feroz e destemido.
A batalha culminante ocorreu em uma vasta planície, onde os inimigos de Ulster se reuniram em grande número. Cuchulainn, com a força dos deuses correndo em suas veias, enfrentou um inimigo de proporções titânicas, um gigante chamado Ferchtne, que vinha para desferir o golpe final em sua terra.
Durante a luta, Danned Dur lutou ao lado de Cuchulainn, atacando ferozmente, mas o gigante era forte. Em um momento de desespero, quando parecia que tudo estava perdido, Cuchulainn fez um sacrifício. Ele usou uma técnica secreta ensinada a ele por Morrigan, transformando-se em uma forma ainda mais poderosa, mas a um custo: seu corpo ficaria vulnerável após a transformação.
Com um grito de guerra, Cuchulainn derrotou Ferchtne, mas a vitória teve um preço alto. Danned Dur, ferido gravemente na batalha, caiu ao lado do herói.
A dor de perder Danned Dur foi insuportável. Cuchulainn, que havia enfrentado exércitos inteiros, agora se sentia completamente derrotado. Ele segurou a cabeça do cão em seu colo, lágrimas escorrendo pelo seu rosto. “Você foi mais do que um amigo, Danned Dur. Você foi minha alma gêmea. Sem você, estou perdido.”
Com o coração partido, Cuchulainn construiu um túmulo para Danned Dur nas margens do rio onde costumavam treinar. Ele fez um voto diante da sepultura: “Nunca esquecerei sua lealdade. Eu lutarei em sua memória até meu último suspiro.” As estrelas começaram a brilhar intensamente, como se os deuses estivessem chorando junto com ele.
Nos dias que se seguiram, Cuchulainn mergulhou em uma tristeza profunda. Ele abandonou a espada e se isolou, incapaz de enfrentar o mundo sem seu fiel amigo. Foi então que a Deusa Morrigan apareceu novamente, em um sonho envolto em névoa e mistério.
“Cuchulainn,” disse ela, sua voz suave como a brisa, “a dor que você sente é real, mas não deve deixá-la consumir você. Danned Dur é um espírito livre agora, e ele sempre estará ao seu lado, mesmo que você não o veja.”
Cuchulainn se levantou, a luz da deusa penetrando em sua tristeza. “Mas como posso viver sem ele? Ele foi minha força, minha luz.”
“Você carrega o espírito dele em seu coração. Lute não apenas por Ulster, mas por Danned Dur. Ele viverá através de suas ações, em cada batalha que você travar. A honra dele deve ser preservada, e sua memória deve ser celebrada.”
A sabedoria de Morrigan ressoou em Cuchulainn. Ele entendeu que não poderia permitir que a dor o paralisasse. Com um novo propósito, ele se preparou para a próxima batalha que se aproximava. A memória de Danned Dur agora o guiava, como uma luz nas trevas.
Na batalha seguinte, Cuchulainn lutou com uma fúria renovada. Ele se movia como uma tempestade, cada movimento carregando a força de seu companheiro perdido. Ele gritou o nome de Danned Dur em cada golpe, cada ataque, e a presença do cachorro parecia estar com ele, lutando ao seu lado.
Ao final da batalha, quando a poeira assentou e os inimigos foram derrotados, Cuchulainn ergueu sua espada em homenagem a Danned Dur. “Você não está perdido, amigo. Você vive em cada vitória, em cada lembrança que guardo.”
Com a bênção de Morrigan, Cuchulainn aprendeu a equilibrar sua dor com sua coragem. Ele sabia que a vida continuaria, mas a memória de Danned Dur sempre estaria presente em seu coração. As lendas de Cuchulainn se espalharam ainda mais, agora não apenas como um herói, mas como um homem que conhecia a dor e a perda, e que encontrou força na amizade e no amor.
E assim, entre as histórias de bravura e batalhas, o nome de Danned Dur tornou-se parte da lenda, eternamente ligado ao de Cuchulainn, o grande herói de Ulster, que nunca esqueceu o amigo que o acompanhou em cada passo de sua jornada.
Fontes: José Feldman. Labirintos da vida. Maringá/PR: IA Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem: criação de JFeldman com Microsoft Bing
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