sábado, 1 de maio de 2010

Lairton Trovão de Andrade (Pinhalão)


PINHALÃO, MINHA TERRA

Quisera cantar minha terra natal
E muito acender deste povo a paixão;
Por certo, não há no Brasil terra igual,
Que possa atrair a qualquer coração.


Em solo tão rico de plena poesia,
Com graça, surgiu e se ergueu Pinhalão;
E o seu mui glorioso futuro teria
História heróica e sem par tradição.

Situada no norte setentrional,
Outrora região de soberbo pinheiro,
Nasceu silenciosa, também natural,
No último dia do mês fevereiro.

Menina dos olhos do pinhalonense,
Irmã natural da araucária do sul;
Saudável torrão – solo paranaense –
Dos dobres festivos da gralha azul.

Com ruas tão amplas, bem arborizadas,
De muita esperança sorri Pinhalão;
Seus dias são sempre canções de alvoradas,
Que prendem os filhos ao seu coração.

Existe centelha de felicidade,
Que vida feliz tem-se neste lugar!
E quem se mudou para outra cidade,
Espera, em breve, poder regressar.

Pra mistificar esta bela paisagem,
Jovial serpenteia seu rio, Pinhalão;
Levando em seu curso a voz da mensagem,
Que espera da gente vital proteção.

O “Boa Vista” altivo, qual dedo de Deus,
No alto insuflado – beleza da serra –
Parece trazer opulência aos plebeus,
Que vivem o nobre labor desta terra.

Região benfazeja, por Deus, abençoada,
Aqui já prosperam sutis morangais;
E a sua lavoura é prenda dourada,
Perante a altivez dos rubis cafezais.

Verdejam, à margem da estrada, amoreiras,
Da seda é fonte de orgulho tão vasto;
Além, na colina, estão vacas leiteiras,
Tranquilas vivendo da seiva do pasto.

Estâncias floridas de clima ameno,
Jardim-paraíso em perene maná;
A brisa suave balança, em aceno,
Cheirosa ramagem de maracujá.

“Cidade querida, feliz Pinhalão,
Tremulam as cores da tua Bandeira;
E o teu Hino Pátrio só traz emoção
E orgulho à Pátria gentil brasileira”.

Pinhalão, 20 de setembro de 1993.

DIA DE PINHALÃO

Alegra-se minha terra
Com sua emancipação;
Nasceu este município
Com nome de Pinhalão.

Foi no século passado
Que surgiu belo rincão;
Pequeno entre os municípios,

Mas grande para a Nação.

É 14 de dezembro
O dia deste torrão;
Com senso de patriotismo
Digo: Viva, Pinhalão!

Salve, Leonardo Nogueira!
Salve, primeira gestão!
Homem do rico e do pobre
Que governou Pinhalão.

Não se aborreça jamais
Com tantas rimas em “ao”,
Pinhalão é a melhor rima
Da seiva do coração.

Cheio de vida feliz
Bato palmas, doce chão;
És nossa pequena pátria,
És mesmo grande paixão!

Enquanto no meu viver
Tiver imaginação,
Hei de louvar e dizer:
Oh, querida, Pinhalão!
***

RIO PINHALÃO
(RIBEIRÃO GRANDE)

Águas mansas, mansas águas,
Que descem pelas encostas,
Brincando com redemoinhos,
Levam sonhos, levam mágoas,
Decepções cheias de crostas,
Em chorosos burburinhos.

Do Rio, em cada paragem,
De alegria ou de tristeza,
Há história pra contar;
A enchente que alaga a vargem,
Com a forte correnteza,
Arrasta histórias pro mar.

Como é imensa a saudade
Dos infantes gorjeios tantos
Em águas do Ribeirão!
Foram-se a felicidade
Que trouxera seus encantos
Às ondas do Pinhalão!

As flores das quaresmeiras
Povoam suas barrancas,
Matizando águas do Rio.
Sobre as verdes trepadeiras
Pousavam garcinhas brancas
Que voavam pro céu de anil.

Na altura do “Lavador”
Senhoras branqueavam roupas,
Num festival de alegria.
O ágil Martim Pescador
Prendia-se nas garoupas
Da pujante cercania.

E a tranqüila criançada
Saltitava em algazarra
Na prainha do “Razão”.
Os gritos da petizada,
Como canto de cigarra,
Zumbiam no Ribeirão.

O “Poção”, a “Corredeira”,
A velha “Ponte-de-Pedra”
O lago ameno da “Usina”!
A brIsa da “Amoreira”,
Beleza que ainda medra
Até a saudosa “Turbina””

Extensa aguada em represa
Na “Ponte da Serraria”
– Cevada região pesqueira!
Ali, havia a certeza
De pródiga pescaria
De segunda à sexta-feira.

O Rio declina o planalto...
É mais bravio na ladeira
– Protegido pela mata.
Tomba, espumejante, do alto,
Criando linda cachoeira,
Em dobres de serenata.

Que saudade eu tenho agora
Dos meus tempos de esperança
Nas margens do Pinhalão.
Saudade tanta se aflora
Dos dias quando, em criança,
Sonhava meu coração.

... E descem as mansas águas,
Descem pelas encostas,
Águas do rio que se expande...
Leva sonhos, leva mágoas,
Decepções cheias de crostas,
O calmo Ribeirão Grande.

Pinhalão, 03 de novembro de 2003.

VILA GOMES
(Memória de Pinhalão)

Nesta Vila, onde moro,
Passaram-se muitos nomes;
Quem deu origem à Vila
Foi um tal de Chico Gomes.

Havia, então, só uma rua,
Com casas à beira chão;
Foi esta rua a primeira
Que surgiu em Pinhalão.

Na memória há moradores,
Num bel desfilar sem fim:
Zé Floriano, nhá Frosina
E Caetano Terezin...

Dito Machado, Zezico,
Tião Moreira, Malaquias,
“Joaquim, Pedro e Antônio Melo”,
Seu Bonejo e Dito Dias...

O tio Nório, Zé Bocaina,
Seu Leonide, nhô Servino,
João Marcondes, siá Nardina,
E, na rima, o tio Josino.

Pedro Rita, Zé Estevo,
Tião Maia, nhô Bacelar,
Seu Reni, Liseu Machado
E outros que se viu passar...

Esta rua , no futuro,
Ia cruzar Pinhalão;
Por ela, na linha reta,
Chegar-se-ia à estação.

Era dono de alguns lotes
O pioneiro Chico Gomes;
Morava na mesma rua,
Antes de ser Vila Gomes.

Junto da sua morada,
Inda em terra sertaneja,
Determinou o lugar
Pra construir a igreja.

Ao registrar a promessa,
Lavrou o mais nobre madeiro
E, em sinal de devoção,
Ergueu ali o cruzeiro.

No fundo da propriedade,
Havia silêncio sério;
Poucos são os que hoje sabem
Que ali era o cemitério.

Portanto, pinhalonenses,
A mesma Vila, onde moro,
É ancestral de Pinhalão,
Cidade que comemoro.

No início deste milênio,
A praça de Pinhalão
É feliz co´as sete vilas
E a Estrela Setentrião!

Pinhalão, 21 de março de 2005.

CRUZEIRO DA VILA GOMES
(Memórias de Pinhalão)

O cristão do Chico Gomes
Lavrou o mais nobre madeiro
E, em sinal de devoção,
Ergueu, na Vila, o Cruzeiro.

Mas, um dia seu terreno
Caiu nas mãos de um tacanho;
Sem respeito à religião,
Houve lá horror tamanho.

Pois, comprou, sem crer na cruz,
Aquele local ungido;
Tomou posse pra morar,
Com direito adquirido.

A madeira do Cruzeiro
Foi, com escárnio, serrada,
Para humilhante baldrames
Duma maldita “privada”.

Mas muçurungas bravias,
Testemunhas contra o herege,
Invadiram a privada,
Antes das humanas fezes.

Transformou-se em grande caixa
De himenópteras sem mel
– Venenosas e mortais –
Só por castigo do céu.

Eram guardiãs da relíquia
As muçurungas ferozes;
Todos que ali se achegavam
Bramiam “ais” em suas vozes.

Pra exterminar o tormento,
A colméia foi queimada;
E o blasfemo jamais viu
A privada inaugurada.

Não fosse a ignorância ímpia,
Nossa cultura de fé
Veria o Cruzeiro, ainda,
Contando histórias, de pé.

E a Vila Gomes chorou
O fim de uma santa cruz,
Símbolo da Redenção,
Sinal da crença em Jesus.

Pinhalão, 27 de março de 2005.

HINO DA PADROEIRA DE PINHALÃO

I

Soberana divina dos céus,
Linda rosa de encanto eternal,
O perfume da graça trazeis,
Pra solver os odores do mal.

ESTRIBILHO

Pinhalão protegei, ó Padroeira,
E cobri-nos com o azul do seu véu;
Transformai esta terra querida
Em feliz ante-sala do céu!

II

E surgistes nas águas do rio,
Mas viveis na mansão celestial;
Água viva, que alveja, sois vós,
Pra nos dar coração virginal.

ESTRIBILHO

Pinhalão protegei, ó Padroeira...

III

Ó Maria, coragem dos justos,
À nossa alma trazei fortaleza!
Conduzi-nos às plagas dos céus,
Pois em nós há imensa fraqueza!

ESTRIBILHO

Pinhalão protegei, ó Padroeira...

IV

Pinhalão sempre quer vos amar,
Doce Mãe, Senhora Aparecida,
Dai-nos sempre Jesus feito pão,
Luz do mundo, por vós, concebida.

ESTRIBILHO

Pinhalão protegei, ó Padroeira...

***

HINO DE PINHALÃO

I

Sob a crista altaneira da serra,
Proliferas febril, Pinhalão;
Do humilde recanto da Terra
Surges meiga na imensa Nação.

Nas sombras dos teus bosques
Brilhou o céu de anil,
Profundo desafio
À virgem selva em flor.

ESTRIBILHO

Doce torrão querido,
Reino dos cafezais,
Onde se têm palmeiras
E lindos pinheirais.

II

Verdes campos de reses mimadas,
Tremulantes jardins de cereais,
Enobrecem tuas mãos calejadas,
Sobre o solo de mil minerais.

As ondas das colinas,
Planícies, serranias
Emitem melodias
Do ouro vegetal.

ESTRIBILHO

Doce torrão querido,
Reino dos cafezais,
Onde se têm palmeiras
E lindos pinheirais.

III

Terra amada de eterna bonança,
Com firmeza aderiste ao Brasil;
Turbilhões em caudais de esperança
Revigoram-te o ardor varonil.

“Rio Cinzas”! “Boa Vista”!
“Triângulo” e “Serrinha”!
“Campina” e “Lavrinha”!
Oh! Salve! Salve! Salve!

ESTRIBILHO

Doce torrão querido,
Reino dos cafezais,
Onde se têm palmeiras
E lindos pinheirais.

***

Fonte:
Colaboração do autor

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