Cativa-me o beijo quente
dos lábios da minha amada,
como a papoula atraente
fascina a abelha dourada.
MADRIGAL
Aquela mulher divina
Queb tem canários na voz,
Porser bela e peregrina,
Judia de todos nós.
Mas um dia... ela me ouvindo
Falar de amor e paixão,
Virá, no anseio mais lindo,
Entregar-me o coração.
E eu, gentil e contente,
Tomá-lo-ei com carinho,
Para pô-lo bem juntinho
Do meu coração ardente.
E nunca mais eles dois,
Poder-se-ão separar,
Porque saberão amar
Agora, hoje e depois.
E ambos puros e irmanados,
Como um relógio batendo,
Para nós ficarão sendo
Corações aventurados.
Então, a morte que passa
E leva a vida da gente,
Nos dará a infinita graça
De viver eternamente!
EMÍLIO DE MENEZES
Habita, finalmente, o primoroso esteta
A região da tristeza, e da eterna saudade...
Que vácuo por aqui e que mágoa secreta.
A amigos corações, acerbamente, invade.
Punge-me recordar que falta faz o poeta
Ideal do trocadilho e de jovialidade...
Era um prazer fruir, na roda predileta
Onde Emílio estivesse, a boêmia alacridade.
E creio sempre mais, Emílio era um somente,
Do artístico soneto ao jocoso candente,
Ele bem conhecia os íntimos arcanos.
Glória! Glória perpétua ao fulgurante artista,
Ao príncipe imortal da sátira imprevista,
A Emílio - o grande Rei dos poetas parnasianos!
DENTRO DE UM GRANDE SONHO
Alma simples de poeta e corsação sem jaça,
Nasci para ser bom, livre de preconceito,
Vivendo para amar na beleza e na graça
Tudo que é natural e tudo que é perfeito.
E sinto este meu ser já de tal forma afeito
A esse fino prazer, licor de azúlea taça,
Que me julgo feliz, glorioso e satisfeito
Ma artística emoção que todo me repassa.
Embora a figurar na áurea legião da rima,
Não vislumbro fulgor no estro que me anima,
Nem sei se há vibração nos versos que componho.
E assim, tal como a névoa errante pela altura
Infinita do Céu, a mim se me afigura
Que passo por aqui dentro de um grande sonho!
FINIS
Talvez não seja o meu amor extinto.
Quem sabe? Penso e fico menos triste.
E algum prazer só de pensar eu sinto...
Só de pensar que o meu amor existe.
- E existe, disse ao coração, - existe!
Mas, me enganei, fora ilusão fugace,
Quanta perfídia ela guardava em si.
E se calou, ao menos se falasse...
Se me falasse eu via que menti.
- Menti, diria ao coração, - menti!
Porém, agora, é tudo descoberto...
Se perguntar-me o desespero seu:
- Que é desse amor, que eu já contava certo?...
- Que é desse amor? Existe ou já morreu?
- Morreu! Direi ao coração, - morreu!
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dos lábios da minha amada,
como a papoula atraente
fascina a abelha dourada.
MADRIGAL
Aquela mulher divina
Queb tem canários na voz,
Porser bela e peregrina,
Judia de todos nós.
Mas um dia... ela me ouvindo
Falar de amor e paixão,
Virá, no anseio mais lindo,
Entregar-me o coração.
E eu, gentil e contente,
Tomá-lo-ei com carinho,
Para pô-lo bem juntinho
Do meu coração ardente.
E nunca mais eles dois,
Poder-se-ão separar,
Porque saberão amar
Agora, hoje e depois.
E ambos puros e irmanados,
Como um relógio batendo,
Para nós ficarão sendo
Corações aventurados.
Então, a morte que passa
E leva a vida da gente,
Nos dará a infinita graça
De viver eternamente!
EMÍLIO DE MENEZES
Habita, finalmente, o primoroso esteta
A região da tristeza, e da eterna saudade...
Que vácuo por aqui e que mágoa secreta.
A amigos corações, acerbamente, invade.
Punge-me recordar que falta faz o poeta
Ideal do trocadilho e de jovialidade...
Era um prazer fruir, na roda predileta
Onde Emílio estivesse, a boêmia alacridade.
E creio sempre mais, Emílio era um somente,
Do artístico soneto ao jocoso candente,
Ele bem conhecia os íntimos arcanos.
Glória! Glória perpétua ao fulgurante artista,
Ao príncipe imortal da sátira imprevista,
A Emílio - o grande Rei dos poetas parnasianos!
DENTRO DE UM GRANDE SONHO
Alma simples de poeta e corsação sem jaça,
Nasci para ser bom, livre de preconceito,
Vivendo para amar na beleza e na graça
Tudo que é natural e tudo que é perfeito.
E sinto este meu ser já de tal forma afeito
A esse fino prazer, licor de azúlea taça,
Que me julgo feliz, glorioso e satisfeito
Ma artística emoção que todo me repassa.
Embora a figurar na áurea legião da rima,
Não vislumbro fulgor no estro que me anima,
Nem sei se há vibração nos versos que componho.
E assim, tal como a névoa errante pela altura
Infinita do Céu, a mim se me afigura
Que passo por aqui dentro de um grande sonho!
FINIS
Talvez não seja o meu amor extinto.
Quem sabe? Penso e fico menos triste.
E algum prazer só de pensar eu sinto...
Só de pensar que o meu amor existe.
- E existe, disse ao coração, - existe!
Mas, me enganei, fora ilusão fugace,
Quanta perfídia ela guardava em si.
E se calou, ao menos se falasse...
Se me falasse eu via que menti.
- Menti, diria ao coração, - menti!
Porém, agora, é tudo descoberto...
Se perguntar-me o desespero seu:
- Que é desse amor, que eu já contava certo?...
- Que é desse amor? Existe ou já morreu?
- Morreu! Direi ao coração, - morreu!
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Fonte:
– STOCKLER, Heitor. Poemas Escolhidos: edição comemorativa ao 1. centenário de nascimento do poeta. Coleção da Academia Paranaense de Letras. 1988.
– STOCKLER, Heitor. Poemas Escolhidos: edição comemorativa ao 1. centenário de nascimento do poeta. Coleção da Academia Paranaense de Letras. 1988.
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