Abacateiros que crescem
num vaso à minha sacada,
dá-lhes água que merecem
ostentar sua ramada!
A beleza do jardim
está contida na flor;
e a graça que não tem fim
encontro no teu amor...
Ainda sonho contigo
de noite na minha cama;
és a musa que persigo
com a paixão de quem ama !
Amo a trova em devaneio
porque quero teu carinho:
é por ela que em ti creio
e te espero em meu caminho.
A noite sucede ao dia
e assim se passam os anos
eu vivo sem alegria
e morro de desenganos...
A noite já vem chegando
para trazer-me a saudade,
pois o tempo foi levando
toda a minha mocidade...
As trovas que a gente escreve,
mesmo que sejam banais:
é um pouco da vida breve
que não volta nunca mais...
Como uma musa eu te quis
e depois como mulher,
oh, como fui infeliz
por amar quem não me quer !
Conheci-a linda outrora
no esplendor da juventude,
mas o tempo leva embora
toda vaidade que ilude.
Das flores todas que planto
em meu modesto jardim,
aquela de mais encanto
vem ser você, meu Jasmim!
Da vida não tenho medo,
da morte ainda não sei
qual há de ser o segredo
que nela desvendarei...
Dentro do peito escondido,
no silêncio da saudade,
chora o coração ferido
pelo punhal da maldade.
Desce a noite devagar:
é o começo do verão...
As aves vão descansar
na calma da solidão.
Deve a trova ser singela
para sabê-la de cor;
quanto mais simples mais bela,
quanto mais terna melhor...
Do amor, fez sua doutrina,
o filho de Deus: Jesus.
E no alto de uma colina
morreu pregado na cruz...
Entre amar e ser amado
eu não sei o que é melhor;
porém, viver desprezado,
é, sem dúvida, o pior.
Eras uma linda fada
num jardim cheio de flores;
assim foste minha amada
na canção dos meus amores.
És a mulher do meu sonho,
digo sonhando outra vez,
este delírio tristonho
é a própria vida que o fez.
Eu só fiz de minha vida
uma história mal escrita;
cavalgando a toda brida,
mas sem fugir da desdita.
Eu vou relendo meus versos,
trovas atuais e antigas,
que rolam hoje dispersos,
formando minhas cantigas.
Fiz de teu corpo uma glória:
me inspiraste uma canção...
Quem vai contar nossa história
de saudade e solidão ?!
Hoje a vejo com saudade
sem o viço da beleza,
pois perdeu a mocidade
na guerra c’o a natureza.
Lembro-me às vezes de ti,
nas horas de solidão,
com amor e frenesi
e uma dor no coração...
Mais do que a própria vida
vives em mim, noite e dia,
e mesmo a esperança perdida
ainda em ti esperaria.
Meu coração tem amores
que me perturbam e quanto !
pois até parecem dores
nascidas do desencanto.
Meus olhos guardam ainda
o momento em que te vi...
Oh! meu Deus, eras tão linda
que nunca mais te esqueci!
Morrer cantando, quem dera,
para você, para o povo,
e ao florir a primavera
nascer cantando de novo!
Neste sábado risonho,
embora esteja sozinho,
procuro deixar que o sonho
encontre, enfim, seu caminho...
No jardim da minha vida,
quantas flores cultivei;
Mas em cada despedida
muitas delas arranquei...
O exemplo mais convincente
de minha triste existência,
foi só... quando inteligente,
paguei o mal com paciência...
Ouve os versos que componho
ao te lembrar, ó querida!
A vida parece um sonho,
um sonho parece a vida...
Ouvi dizer que meus versos
não são os teus preferidos;
não creias nesses perversos
que nos querem desunidos.
Pelo sabor dos teus beijos
me apaixonei, certo dia;
hoje vivo nos desejos
que me traz a nostalgia!
Penso em ti de vez em quando
e se não posso te amar,
quero somente, sonhando
teus olhares recordar.
Pudesse um dia chorar
como nos tempos da infância;
é que o passado no lar
escondeu-se na distância.
Quando chegaste trazias
um mundo imenso no olhar,
ao partires deixarias
só tristeza em teu lugar.
Quando estás à beira-mar,
caminhando sobre a areia,
eu me ponho a meditar
que sejas uma sereia.
Quando lembro do passado
sempre fico convencido
que hoje vivo condenado
por ter o tempo perdido.
Quando te vejo formosa,
passeando pelo jardim,
eu penso que és uma rosa
desabrochando pra mim.
Quando te vi, de repente,
meu desejo foi te amar;
tens um quê tão envolvente,
que tanto me faz sonhar...
Quanta dor num verso apenas
quem sofre pode dizer;
eu mesmo sei de centenas
que assim dizem a sofrer.
Quase sempre estou sozinho,
pensando no que virá
por este árduo caminho
minha vida seguirá!...
Quisera trovas suaves
para um mundo mais feliz
e conversar com as aves
qual São Francisco de Assis !
Quisera um buquê de rosas,
cujo aroma se desfaz
pelas horas dolorosas
deste silêncio mordaz.
Quis viver sempre contigo:
assim era meu desejo.
Agora só por castigo
eu fujo quando te vejo.
Se a Humanidade soubesse
tudo o que a poesia encerra,
certamente não houvesse
tanta desgraça na Terra...
Se te querer foi pecado,
sou um grande pecador;
e por isto, condenado
pelo Tribunal do Amor !
Sigo triste solitário
por este mundo a cantar,
não sei fazer o contrário,
desaprendi de chorar.
Sou amigo das mulheres,
elas só me fazem bem;
sê assim se tu puderes
e serás feliz também...
Tanto te amei... foi em vão;
eu te perco de hora em hora,
mas um dia brotarão
lágrimas de quem não chora.
Tem trovas que a gente diz,
tem outras que a gente lê,
e pra mim a mais feliz
é a que fala de você !
Tenho amigos trovadores
e trovadoras amigas;
às mulheres meus amores
e a todos minhas cantigas...
Tenho amor e penso nela
toda noite, todo dia,
cada vez está mais bela
no meu céu de fantasia...
Tens razão quando tu dizes
que o poeta é um sonhador;
neste mundo de infelizes
só assim suporta a dor.
Um verso pobre, uma trova,
merecem sempre acolhida,
pois o sonho se renova
a cada instante da vida.
Velha lira abandonada
dos tempos da mocidade,
hoje cantas magoada,
não de dor, mas de saudade !
Vive então com muita fé,
inda que a dor te consome...
Diz o ditado: “O que é
d’homem o bicho não come”.
Vivemos na contingência
de alimentar a crendice,
que o caminho da existência
vai nos levar à velhice.
Vou fazer-lhe uma proposta;
pense bem no que lhe digo:
se disser que não me gosta,
quero ser só seu amigo !
Fonte:
Colaboração de Ialmar Pio Schneider
num vaso à minha sacada,
dá-lhes água que merecem
ostentar sua ramada!
A beleza do jardim
está contida na flor;
e a graça que não tem fim
encontro no teu amor...
Ainda sonho contigo
de noite na minha cama;
és a musa que persigo
com a paixão de quem ama !
Amo a trova em devaneio
porque quero teu carinho:
é por ela que em ti creio
e te espero em meu caminho.
A noite sucede ao dia
e assim se passam os anos
eu vivo sem alegria
e morro de desenganos...
A noite já vem chegando
para trazer-me a saudade,
pois o tempo foi levando
toda a minha mocidade...
As trovas que a gente escreve,
mesmo que sejam banais:
é um pouco da vida breve
que não volta nunca mais...
Como uma musa eu te quis
e depois como mulher,
oh, como fui infeliz
por amar quem não me quer !
Conheci-a linda outrora
no esplendor da juventude,
mas o tempo leva embora
toda vaidade que ilude.
Das flores todas que planto
em meu modesto jardim,
aquela de mais encanto
vem ser você, meu Jasmim!
Da vida não tenho medo,
da morte ainda não sei
qual há de ser o segredo
que nela desvendarei...
Dentro do peito escondido,
no silêncio da saudade,
chora o coração ferido
pelo punhal da maldade.
Desce a noite devagar:
é o começo do verão...
As aves vão descansar
na calma da solidão.
Deve a trova ser singela
para sabê-la de cor;
quanto mais simples mais bela,
quanto mais terna melhor...
Do amor, fez sua doutrina,
o filho de Deus: Jesus.
E no alto de uma colina
morreu pregado na cruz...
Entre amar e ser amado
eu não sei o que é melhor;
porém, viver desprezado,
é, sem dúvida, o pior.
Eras uma linda fada
num jardim cheio de flores;
assim foste minha amada
na canção dos meus amores.
És a mulher do meu sonho,
digo sonhando outra vez,
este delírio tristonho
é a própria vida que o fez.
Eu só fiz de minha vida
uma história mal escrita;
cavalgando a toda brida,
mas sem fugir da desdita.
Eu vou relendo meus versos,
trovas atuais e antigas,
que rolam hoje dispersos,
formando minhas cantigas.
Fiz de teu corpo uma glória:
me inspiraste uma canção...
Quem vai contar nossa história
de saudade e solidão ?!
Hoje a vejo com saudade
sem o viço da beleza,
pois perdeu a mocidade
na guerra c’o a natureza.
Lembro-me às vezes de ti,
nas horas de solidão,
com amor e frenesi
e uma dor no coração...
Mais do que a própria vida
vives em mim, noite e dia,
e mesmo a esperança perdida
ainda em ti esperaria.
Meu coração tem amores
que me perturbam e quanto !
pois até parecem dores
nascidas do desencanto.
Meus olhos guardam ainda
o momento em que te vi...
Oh! meu Deus, eras tão linda
que nunca mais te esqueci!
Morrer cantando, quem dera,
para você, para o povo,
e ao florir a primavera
nascer cantando de novo!
Neste sábado risonho,
embora esteja sozinho,
procuro deixar que o sonho
encontre, enfim, seu caminho...
No jardim da minha vida,
quantas flores cultivei;
Mas em cada despedida
muitas delas arranquei...
O exemplo mais convincente
de minha triste existência,
foi só... quando inteligente,
paguei o mal com paciência...
Ouve os versos que componho
ao te lembrar, ó querida!
A vida parece um sonho,
um sonho parece a vida...
Ouvi dizer que meus versos
não são os teus preferidos;
não creias nesses perversos
que nos querem desunidos.
Pelo sabor dos teus beijos
me apaixonei, certo dia;
hoje vivo nos desejos
que me traz a nostalgia!
Penso em ti de vez em quando
e se não posso te amar,
quero somente, sonhando
teus olhares recordar.
Pudesse um dia chorar
como nos tempos da infância;
é que o passado no lar
escondeu-se na distância.
Quando chegaste trazias
um mundo imenso no olhar,
ao partires deixarias
só tristeza em teu lugar.
Quando estás à beira-mar,
caminhando sobre a areia,
eu me ponho a meditar
que sejas uma sereia.
Quando lembro do passado
sempre fico convencido
que hoje vivo condenado
por ter o tempo perdido.
Quando te vejo formosa,
passeando pelo jardim,
eu penso que és uma rosa
desabrochando pra mim.
Quando te vi, de repente,
meu desejo foi te amar;
tens um quê tão envolvente,
que tanto me faz sonhar...
Quanta dor num verso apenas
quem sofre pode dizer;
eu mesmo sei de centenas
que assim dizem a sofrer.
Quase sempre estou sozinho,
pensando no que virá
por este árduo caminho
minha vida seguirá!...
Quisera trovas suaves
para um mundo mais feliz
e conversar com as aves
qual São Francisco de Assis !
Quisera um buquê de rosas,
cujo aroma se desfaz
pelas horas dolorosas
deste silêncio mordaz.
Quis viver sempre contigo:
assim era meu desejo.
Agora só por castigo
eu fujo quando te vejo.
Se a Humanidade soubesse
tudo o que a poesia encerra,
certamente não houvesse
tanta desgraça na Terra...
Se te querer foi pecado,
sou um grande pecador;
e por isto, condenado
pelo Tribunal do Amor !
Sigo triste solitário
por este mundo a cantar,
não sei fazer o contrário,
desaprendi de chorar.
Sou amigo das mulheres,
elas só me fazem bem;
sê assim se tu puderes
e serás feliz também...
Tanto te amei... foi em vão;
eu te perco de hora em hora,
mas um dia brotarão
lágrimas de quem não chora.
Tem trovas que a gente diz,
tem outras que a gente lê,
e pra mim a mais feliz
é a que fala de você !
Tenho amigos trovadores
e trovadoras amigas;
às mulheres meus amores
e a todos minhas cantigas...
Tenho amor e penso nela
toda noite, todo dia,
cada vez está mais bela
no meu céu de fantasia...
Tens razão quando tu dizes
que o poeta é um sonhador;
neste mundo de infelizes
só assim suporta a dor.
Um verso pobre, uma trova,
merecem sempre acolhida,
pois o sonho se renova
a cada instante da vida.
Velha lira abandonada
dos tempos da mocidade,
hoje cantas magoada,
não de dor, mas de saudade !
Vive então com muita fé,
inda que a dor te consome...
Diz o ditado: “O que é
d’homem o bicho não come”.
Vivemos na contingência
de alimentar a crendice,
que o caminho da existência
vai nos levar à velhice.
Vou fazer-lhe uma proposta;
pense bem no que lhe digo:
se disser que não me gosta,
quero ser só seu amigo !
Fonte:
Colaboração de Ialmar Pio Schneider
2 comentários:
Prezado confrade amigo José Feldman - Agradeço sua gentileza em publicar minhas trovas no Baú de Trovas com tanto esmero. Aproveito para enviar um comentário de uma amiga que assim se expressou:"Trovador Ialmar Pio:
Parabéns pelo baú abarrotado de trovas bem elaboradas, que revelam toda a sua inspiração no sentimento do amor e da emoção. Um verdadeiro tesouro que ao ser descoberto por almas sensíveis, certamente fará pulsar com mais intensidade seus corações.Com toda a minha admiração e ternura:
Vanda".
Ialmar Pio Schneider
Trovador Ialmar Pio:
Parabéns pelo baú abarrotado de trovas bem elaboradas, que revelam toda a sua inspiração no sentimento do amor e da emoção. Um verdadeiro tesouro que ao ser descoberto por almas sensíveis, certamente fará pulsar com mais intensidade seus corações.Com toda a minha admiração e ternura:
Vanda
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