sábado, 10 de julho de 2010

Urda Alice Klueger em Preto e Branco, por Luiz Eduardo Caminha


Produzir livros e crônicas qualquer um pode. Sim, se tiver condições de sobrepujar as exigências de um mercado que, no Brasil, é ainda oneroso, ou ainda atravessar as barreiras dos editorialistas, eu concordaria. Mas há um senão em Urda. Sua produção tem, sobretudo, qualidade. E aí, a coisa muda. Produzir com qualidade é outros quinhentos. Pois Urda o faz. Qualquer que sejam seus livros, qualquer que seja a crônica, da vez ou não, ela se supera pela qualidade do que escreve. E isto, faz uma enorme diferença.

Leitora contumaz e escritora compulsiva, talvez sejam estas as virtudes que a diferenciem. A sensação que se te é que Urda vive para escrever. Parafraseando Gandhi quando diz que “a oração é a respiração da alma”, para Urda, talvez escrever seja a respiração de seu ser existencial. O oxigênio que lhe clareia a mente.

Entretanto, aí está uma outra diferença. Urda não apenas escreve e lê. Além disto, está sempre envolvida em movimentos sociais, em manifestações culturais, acampa, viaja e, não bastasse, cuida com zelo das publicações de outros autores que leva a público através de sua Editora, a Hemisfério Sul.

Ela mesma se define uma escritora e afirma: “não sou poeta”. Mas a poesia parece permear seus textos. E não sou apenas eu quem diz isto. Vejamos o que Luiz Carlos Amorim escreve sobre Urda:

“O romance está muito bem representado na Literatura Catarinense, por uma moça loura, brejeira e loura como outras nascidas em Blumenau, mas com uma grande diferença: ela escreve. Escreve coisas com sabor de poesia, com sabor de vida, uma fonte inesgotável de emoção e sensibilidade. Ela escreve obras-primas. Essa moça é Urda Alice Klueger, que já publicou títulos como "Verde Vale", o seu primeiro grande sucesso, com sucessivas edições, a saga dos primeiros colonizadores em Santa Catarina, uma canção verde da cor do amor e da serenidade, da cor da ternura; "As brumas dançam sobre o Espelho do Rio", "No Tempo das Tangerinas", "Vem, Vamos Remar", "Te Levanta e Voa", "Cruzeiros do Sul", "Recordações de Amar em Cuba II", "A Vitória de Vitória" - o primeiro livro infanto-juvenil da romancista e, lançado recentemente, "Entre Condores e Lhamas". "As Brumas dançam Sobre o Espelho do Rio" é poesia em prosa, é um hino de liberdade e à natureza, é uma canção de amor - amor como podemos concebê-lo em todas as suas formas”.

E vai mais além o comentário:

POETISA DA PROSA

Os romances de Urda têm o poder de prender o leitor da primeira à última página, fazendo com que a gente os leia de um fôlego só. Não importa o tema: a força narrativa da autora, a construção dos personagens, humanos e autênticos, o cuidadoso e minucioso trabalho de delinear os cenários, o engendramento da trama, consistente e verossímel, fazem de Urda a escritora mais importante desta Santa e bela Catarina.

Cecília Meirelles já disse, em seu "A Arte de Ser Feliz" que é preciso saber olhar para ver." E Urda sabe olhar a natureza e ver que "a manhã vem com muitas brumas, mas depois o sol chega se espreguiçando todo de tanta beleza, devagar, com uma lentidão cheia de prazer, vai tocando a branquidão que o rio forma para o alto, para longe, de encontro aos morros distantes, onde elas acabam por se desfazer numa beleza transcendental...

Urda também transcende o romance trazendo, como historiadora que é, a história para suas estórias. Vejam, por exemplo, o que diz o professor e historiador Viegas Fernandes Costa:

Muito já se escreveu a respeito da escritora Urda Alice Klueger, mas pouco se falou sobre a historiadora Urda. Na verdade, a obra da historiadora confunde-se com a obra da escritora, já que seus livros refletem uma preocupação com o tempo e o cotidiano...

Em toda esta trajetória literária, a influência da história nos textos da escritora Urda Alice Klueger é cada vez maior, porém as influências da romancista sobre a historiadora também permanecem com força, tornando-se impossível desvincular uma da outra.

Mas Urda não é um fenômeno literário apenas por produzir com qualidade. Há que se alicerçar melhor esta tese e nada como os números para ratificar o que afirmo. Afinal, são 19 livros, mais de 500 crônicas publicadas no Brasil e em Portugal, um livro tema de um filme. Muitos de seus livros são referência nas provas de Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina e da UDESC. Dos livros, o primeiro, “Verde Vale”, já está em sua 11ª. Edição, “No tempo das tangerinas”, na 10a., “Vem, vamos remar”, “Blumenau, a loira cidade no sul” e “Crônicas de Natal e Histórias da minha Avó”, todos na 4ª. prensagem. E já que estamos na internet, um outro número que impressiona é traduzido pelo site de consultas do “Google”. Ao digitar o nome da escritora aparecem nada menos que 3.470 referências. E tem mais, muito mais.

Fonte:
Stammtisch Confraria e Patotas

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