sábado, 29 de janeiro de 2011

Ederson Cardoso de Lima (Livro de Trovas)


Cigana e bela mulher...
Dessa romance eu me ufano.
- Não vive um amor qualquer,
quem vive um amor cigano!

Em cada canto da mente,
o vulto dela flutua!
Não é passado, é presente,
o meu amor continua!

Eu sou quem anula planos
(os grandes planos, talvez).
Rainha dos desenganos,
o meu nome é timidez!

Grita para a garçonete,
um homem simples do povo:
- Vou querer um omelete...
e traga também um ovo!

Imensa expressão na vida,
a renúncia pode ter:
- Quanto mais nobre e doída,
mais nos pode engrandecer!

Já de "porre" um ladrão bronco
cai no sono em casa alheia,
e, traído pelo ronco,
foi roncar lá na cadeia...

Lá, num canto do planeta,
é o siri que “ bota banca” .
O país é tão “careta”
que se chama Siri-Lanca...

Nessa angústia desmedida,
ficou mais do que provado:
eu só me encontro na vida,
se me encontrar ao seu lado!

Nos meus sonhos de guri,
tudo levei de vencida,
mas esse encanto eu perdi
pois hoje apanho da vida!

O café - fonte de renda -
traz-me o tempo de meus pais:
Fui menino da fazenda
no Brasil dos cafezais!

Os pensamentos dispersos
agora tomaram jeito,
pois a Musa de meus versos
divide comigo o leito!

Quem meditar por instantes,
certos conceitos refaz:
- O mais caro dos brilhantes
não vale o brilho da paz!

"Quem sabe ela quer voltar..."
Meu coração não se emenda,
pois não consegue riscar
seu nome de minha agenda!

Somente a troco da “bóia”
trabalhava o comilão.
E foi com essa tramóia
que quebrou o seu patrão.

Sua lira foi – em suma –
de romantismo repleta.
Hoje uma orquídea perfuma,
esse ocaso do poeta!

- Vá com Deus, "bebum" amigo...
E ele, em tropeço, ao andar,:
- Deus, tu podes vir comigo,
mas não precisa empurrar!

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