segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ialmar Pio Schneider (Livro de Sonetos V)

SONETO 11515

Aqui a solidão já foi embora,
Pois hoje sei que alguém que tem saudade
Não vive só, não sofre, nem mais chora,
Porque esta é enfim a sua realidade.

Andava sorumbático...; por ora
Me reanimei, sabendo da verdade,
Uma vez que não conhecia outrora,
Que recordar também é felicidade !

Fugindo da aflição, relembro bem,
Que fui amado tanto por alguém,
Mas nos deixamos sem saber por quê...

Ingrata vem a ser a nossa história,
Bem guardada no cofre da memória,
Onde estão habitando eu e você !

(15.05.2010 -Porto Alegre - RS)

SONETO 11514

Eu tive uma saudade da mulher
Que um dia dominou minha ilusão,
Como se desfolhasse um bem-me-quer,
Pra ser feliz depois, na solidão...

Mas não foi nesse céu de rosicler,
Que já me trouxe tanta incompreensão,
A vida que pedi, você não quer,
Pois preferiu esta separação...

Procure agora achar o seu conforto
Nas noites hibernais talvez sozinha,
Ouvindo os pios da coruja agreste...

O nosso bom convívio está tão morto
Porque você não quis o que detinha
Num coração mundano e não celeste…

(16.05.2010- Porto Alegre - RS)

SONETO 11511

Não precisa me amar como te amo,
basta que seja cândida amizade
nosso conhecimento, a flor no ramo
que cultivamos fulge em nossa herdade !

Enfrentemos, assim, a realidade
neste fervor que em alta voz proclamo,
sabendo, embora, que a felicidade,
se não tive-a, também não a reclamo.

Se foi uma das minhas esperanças,
sua presença nesta caminhada,
só quero amar como amam as crianças...

Assim vai ser melhor ao meu tormento,
quando este devaneio der em nada
e dissipar-se ao sussurrar do vento…

(23.05.2010- Porto Alegre - RS)

SONETO 11492

Esse amor impossível foi demais
e deixou-me saudosas cicatrizes,
que me fazem lembrar dos infelizes,
que não concretizaram seus ideais...

Vivemos nesta vida de aprendizes,
como viveram nossos ancestrais,
buscando aprimorarmos sempre mais,
tudo aquilo que herdamos das raízes.

Mas vamos combinar,... a perfeição
concentra inatingível utopia,
como sabemos muito bem de cor...

Sigamos o que manda o coração,
embora muito sonho e fantasia,
pois iremos assim viver melhor !

(29.05.2010 - Porto Alegre - RS)

SONETO 11449

Não tenho o que fazer por esses dias,
a não ser assistir ao que aparece
em meu televisor. Noites sombrias
em que vou meditando a longa prece...

Você já foi o tema das poesias
que eu compunha, a sós, quando a tarde desce,
hoje vejo que foram fantasias,
os versos que minh´alma não esquece...

Outro motivo leva-me por diante
e vou seguindo assim o meu caminho
com minhas horas mortas nebulosas...

Ainda a vejo em sonhos, linda amante,
e recordando seu gentil carinho,
também relembro o olor daquelas rosas…

(05.06.2010- Porto Alegre - RS)

SONETO 11439

A vida foi assim meio bisonha
e procurei dizer o que sentia,
através de uma página tristonha
que turvou por demais minha poesia.

Tu vieste fantástica e risonha
e despertaste as horas do meu dia,
em que julgava a existência enfadonha
e não pensava em sonhos de alegria.

Agora te conheço só de vista,
talvez me baste este conhecimento,
ouço uma voz dizer-me alto: ´´Persista !´´

Então, vou percorrendo a longa estrada
que me leva confiante e sonolento,
a gritar-me: ´´Sozinho não és nada !´´

(08.06.2010 - Porto Alegre - RS)

SONETO AO PÔR-DO-SOL

O pôr-do-sol agora está magnífico,
Parece do Senhor uma pintura,
E por isto o momento é beatífico,
Como se unisse Deus à criatura...

A noite vai descendo... colorífico
O céu em tons diversos se mistura,
E mesmo pelos ares odorífico
Vem a ser o ambiente de verdura...

Então, eu me recolho e penso em ti,
Com serena tristeza e nostalgia,
Lembrando nosso amor de frenesi...

Se agora já vai longe a mocidade,
Não esqueço os momentos de alegria,
Embora hoje só reste esta saudade !

(25.05.2010- Porto Alegre - RS)

SONETO PARA DELCY CANALLES

O verso flui da pena da Delcy
Canalles, como as águas vem da fonte
Rumorejante, a deslizar do monte,
Formando um lindo lago azul ali

No vale verde, que se vê defronte
Do arvoredo, onde passa o colibri,
Beijando as flores, como em frenesi
Se avista o sol caindo no horizonte...

A noite vem descendo na cidade...
Nestas horas visita-me a saudade,
E lembro que já tive os meus amores

Da juventude que ficou distante...
Amo, agora, a poesia inebriante
Que sói acalentar os sonhadores…

(19.05.2010 - Porto Alegre - RS)

SONETO DO AMOR SONHADO

Um dia procurei te sepultar
no cemitério zen do esquecimento,
pra nunca mais te ver ou te lembrar,
mas foi em vão este convencimento...

Hoje, vives mais forte, a maltratar
meu coração ferido, no tormento
de nunca conseguir desenraizar
tanta saudade no meu sentimento...

Por que fui conhecer o amor perdido,
se fosse pra sentir tanta emoção,
que ora se me afigura ser proibido?!

Quero deixar de lado a hipocrisia
e te aguardar na velha solidão
que tanto me acompanha noite e dia…

(5.5.2010 - Porto Alegre - RS)
Fonte:
http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=15178

Nenhum comentário: