Que pena ver passarinhos,
em seu lar, engaiolados...
Cantam SAUDADES dos ninhos
dos áureos tempos passados.
Nunca mais vou te esquecer!
Perfumaste meu CAMINHO,
pois, fizeste renascer
a flor do lençol de linho.
Naquele LENÇOL de linho
ficou o perfume do amor,
das carícias, do carinho,
da saudade, flor da dor.
Se você não posso ter
guardarei o seu PERFUME
na flor que posso colher
pra não perder o costume.
A SAUDADE perfumada
na estrada que não conheço
vem da flor apaixonada
dos lençóis que não esqueço.
Na estrada que já conheço
tem perfume de SAUDADE,
pois teu amor não mereço:
-Só uma sincera amizade.
A SAUDADE de um amor
sempre vem e nos tira a paz
e o bichinho desta dor
faz coçar, ferida traz.
Sei que a SAUDADE não mata,
mas sei do que ela é capaz,
traz dor quando o amor desata
e ao roer, ferida faz.
Sei que a SAUDADE incomoda
e até parece infinita
mas quando o amor volta,
a roda gira feliz, é bendita.
SAUDADE traz à presença
alguém que já foi embora,
tristeza leva à descrença,
por isso, nossa alma chora.
Quando a tristeza me invade
ponho o sonho no barquinho
canto o fado da SAUDADE
e espero o mar de carinho.
Saudade não tem idade...
na criança ou mocidade,
só guarda felicidade
e vem na MATURIDADE.
Temos muito que fazer
para conquistar o amor...
mas difícil é concorrer
com quem só tem DESAMOR.
Só quem teve bons momentos,
diz o adágio popular,
tem SAUDADE e, em pensamentos,
sofre sem poder falar.
No teu JARDIM do prazer
plantei sementes de amor,
mas hoje quero esquecer
a saudade até da flor.
Palavras joguei ao VENTO...
Estão a chorar no espaço!
-Vou buscá-las! Não agüento
ficar sem laço e abraço!
O AMOR põe sonhos reais
nas asas inquebrantáveis
não se preocupa com os ais,
nem com rimas mensuráveis.
O café com RAPADURA
tem dos médicos receita,
porque tristeza ele cura
se é dado à pessoa eleita.
Eu quis tanto ser feliz...
que uso máscara de Rei...
mas o CARNAVAL me diz,
que em mim, valor eu não dei.
O mundo dá tantas voltas,
é pontual numa esfera;
No verão não tem escoltas,
traz SAUDADES da galera.
Outono do Amor? SAUDADE:
dos prazeres, da delícias...
Inverno? Infelicidade:
só por falta das carícias,
Vivemos juntos a aliança
de um perfeito CASAMENTO,
mas nasceu outra criança
só da amante...Não agüento!
Autocrítica me alcança,
bom senso, no pensamento:
-SAUDADE sem esperança,
já não permite lamento
Vou viver sem meu amor,
porque agora só me resta,
esperar passar a dor
que sofri “naquela festa.”
Trago a lembrança caiada
que deu-me a paz esperada,
mas no SEPULCRO, adornada
a alma vive atormentada.
A esperança chega e canta
o que o amor quer ouvir,
na paixão que faz-de-conta
faz o CORAÇÃO sorrir.
Toda FLOR marca a presença
de uma ternura sem par
e carrega a antiga crença
do amor que se quer doar.
A solidão passo-a-passo
vai deixando-me tristonho...
já não sei mais o que faço
para ativar o meu SONHO.
Ninguém sabe quem tu és,
nem que te faço RAINHA,
quando vou aos Cabarés
por curto tempo...só minha.
As FLORES da nossa casa
murcharam, sem primazia;
a saudade vem e me arrasa
ao ver a jarra vazia.
As perdidas ESPERANÇAS
renascem a cada dia
porque recolho as lembranças
e delas faço poesia.
Eu sinto com tua voz,
a falar aos meus OUVIDOS,
que o amor que existe em nós
já tem frutos conhecidos.
Está vendo, meu amor,
aquela ESTRELA a piscar?
Ela espanta minha dor
porque brilha em teu olhar.
Fonte:
MOTTA, Sílvia Araújo. A Trova e o Trovador. 2ª ed. Belo Horizonte, MG: 2010.
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