Dizem
que a paixão é louca,
E
os beijos de ternura,
Como
o amor, tem vida pouca,
É
eterno enquanto dura!
Os
teus seios palpitantes,
Que
afago com calor,
São
dois coxins odorantes,
Onde
durmo com amor!
As
aves de grande porte,
Adejam
sem sobressalto,
Se
elas temessem a morte,
Não
voariam tão alto!
Sempre
a alma padece,
Quando
no amor não há sorte;
tolice,
ninguém merece,
O
preço de nossa morte!
Agradeço
o teu beijo,
Que
me deste com calor,
Veio
matar o meu desejo,
E
aumentar meu amor!
Quisera
ser passarinho,
Para
bem alto voar,
Depois,
pousar no raminho,
De
laranjeira e cantar!
O
teu corpo delicado,
Que
demonstra perfeição,
Foi
por Deus emoldurado,
Pra
tentar meu coração!
Perdi-me
no areal da vida,
Fraco,
sedento de amor,
E
ao encontrar-te querida,
Tornei-me
um trovador!
Eu
vi as garças voando,
Caçando
junto à lagoa,
O
pantanal enfeitando,
Sobressaltadas
à toa!
Não
sei dizer o que sinto,
Quando
vejo o teu olhar,
É
uma alegria, não minto,
Que
vontade de casar!
Não
sei porque tu me deixas,
Com
orgulho, com desdém,
Escuta
as minhas queixas,
Voltes
de novo meu bem!
Diz
que o passado não morre,
E
não para de passar,
É
como o rio que corre,
Tristonho,
no rumo do mar!
Setenta
e um anos vividos,
Com
fé, saudade e amor,
Entre
anseios, beijos e gemidos;
Hoje,
só, frio, sem calor!
Por
que a vida madrasta,
Quando
se trata de amor;
O
ciúme atroz nos desgasta,
Só
fica tristeza de cor!
Para
uns a morte é linda,
Para
outras é querida,
É
uma espera infinda,
pois
ela é outra vida!
Recordo-me
da cigana,
Que
olhou na minha mão,
Olhei-a
com tanta gana,
Beijando-a
com emoção!
Como
Deus, Jesus foi Santo,
sendo
assim, jamais pecou;
Como
homem, eu garanto,
Que
Jesus também amou!
Jesus
deve ter amado,
Com
mente pura e sadia,
Como
um lírio imaculado,
Na
virente penedia!
Teus
olhos verdes, luzentes,
Que
jorram cintilação,
São
quais estrelas cadentes,
Na
noite de um coração!
Teus
olhos verdes vagos,
Que
às vezes tento mirar,
Tem
o mistério dos lagos,
Na
hora de crepuscular!
Teus
olhos verdes, fulgentes,
Brilhando
na solidão,
São
esmeraldas pingentes,
Num
rico colar de sultão!
Teus
olhos verdes tristonhos,
Que
nunca pude sondar,
São
dois pedaços de sonhos,
São
duas negas de mar!
Não
vires as costas pra mim,
Pois
o anjo não tem costas,
Quanto
mais tu fazes assim,
Eu
sei que de mim mais gostas!
Abracei
teu corpo lindo,
Quando
contigo dançava,
E
vi, que estavas sorrindo,
Enquanto
eu suspirava!
Eu
sei que não mereço,
Mas
vou tentar te amar,
Querida,
eu te agradeço,
A
bondade do teu olhar!
Feliz
por te conhecer,
nasceu
em mim esperança,
Jamais
hei de me esquecer
Do
teu corpo naquela dança!
Toda
de branco catita,
Com
rosa de rubra cor;
Não
sei quem é mais bonita,
Se
a mulher ou a flor!
Te
implorei a vida inteira,
Que
me desses um retrato,
Foste
bela companheira,
Mas
de coração ingrato!
A
mãe que trabalha é nobre,
É
um fato que consola;
Digna
é a mão do pobre,
Aberta,
pedindo esmola!
Há
muita gente vaidosa,
Que
o orgulho se consome;
Chega
a sorrir prazerosa,
Vendo
o pobre passar fome!
Teu
rosto lindo, morena,
E
o teu corpo encantador,
Faz-me
lembrar de açucena,
Num
ramalhete de flor!
Ao
ver-te altiva, serena,
Com
teu talhe sedutor,
Penso
da deusa morena,
Fugida
do templo do amor!
O
preto velho chorava,
E
sorria com emoção,
Ao
ver que o neto brincava,
Liberto
da escravidão!
É
belo assistir nos campos,
A
noite amena chegar,
A
dança dos pirilampos,
Estrelas
mil a brilhar!
Quando
passo pela estrada,
Descanso,
à sombra do ipê,
Com
sua copa dourada,
Que
me viu beijar você!
É
triste de ouvir na roça,
A
pomba rola arrulhar,
No
colmo de uma palhoça,
Quando
a noite vai chegar!
Mirando
o tom azulado,
Dos
tão lindos olhos teus,
O
céu é mais desbotado,
Que
obra prima de Deus!
Que
importa se a rima é pobre,
Se
o nome termina em ão;
Existe
coisa mais nobre,
Que
a palavra do coração!
Quando
passa o cavaleiro,
Nas
picadas do sertão,
O
burro trota ligeiro,
Sem
medo da escuridão!
Um comentário:
Trovador da Lira Triste é,
quase sempre, um Formidável Trovador.
Tudo muito Belo, do que li...
Parabéns, ao Sotero,
e ao Feldman.
Obrigada, pela partilha.
um abraço,
da Lúcia
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