A um velho amigo
Palavra que eu não queria mais nunca escrever é a palavra adeus. Muitas vezes, sinto que me dizem essas letras de outra forma, sem que eu sinta que estão sendo ditas. Adeus tem cinco letras, mas saudade tem sete. A saudade sempre ganha do adeus. Pode voar bem longe, posso voar bem mais. Mas saudade sempre ganhará dos adeuses. Nas asas de cinco estrofes, no canto de versos limpos, adeus tem um jeito de passarinho que sabe voltar. Quando quer.
Todo adeus começa assim:
com seu “a” de adoração,
diz ao mundo que o seu fim
não termina em solidão.
Com seu “d”, o adeus delata
que os dizeres da poesia
são promessa ao que nos ata
pelos prós que contraria.
Com seu “e”, que estrago faz!
Entre os erros que espalharam,
murcha um pouco e se desfaz,
dando adeus aos que estacaram.
Um adeus tem sempre um “u”.
Essa letra é quase um lenço,
quase um velho e triste “blue”,
doce azul, que não dispenso.
Sobre o adeus, a letra “s”
tem segredos que não diz:
cada verso é minha prece
contra o tempo mais feliz.
Fonte:
O Autor
Nenhum comentário:
Postar um comentário