Clevane Pessoa
(Belo Horizonte/MG)
A BELEZA E A MUDEZ
O pássaro belo e próximo,
grande,
sugerência de trinado,
quintessência da Criação,
influência de contentamento,
não foge á presença
de quem ama as aves.
Poso , sorridente,
entre a luz da tarde
e a luminescência da alma.
Nas crenças egípcias, era a alma-pássaro,
a que habitava o corpo de penas
até ao destino final
ser marcado.
Não me bica,
não tatala as asas
em euforia ou temor.
O pássaro e eu.
Ele também foi fotografado
e faz parte de uma exposição a céu aberto (*).
Gostaria de ser maga o suficiente
para inflar-lhe vida,
vê-lo catar grãos na grama,
dar pulinhos aqui e alí.
Ah, se pudesse ouví-lo em seus cantares
inflamando de notas ardentes os ares
ou num galho, num canto qualquer
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* 2009, Parque Municipal Américo renê Gianetti, na capital mineira, , galeria da Árvore, exposição do MUNAP (um olhar sobre o Parque), organizada pela poetisa e fotógrafa Regina Mello, autora dessa foto.
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Luiz Poeta
(Rio de Janeiro/RJ)
QUANDO MEU SORRISO FALA
Se eu te amo e minha boca silencia,
Meu olhar, contrariando o meu receio,
Grita anseios, produzindo a fantasia
Que repousa dentro do meu devaneio.
Tenho o tema, o coração e a vontade,
Mas o grito sufocado não permite
Que eu liberte esse desejo que me invade
E sussurre que te amo... ou que te grite.
No dilema entre a voz e o fitar-te,
Meu olhar transforma a emoção em arte
E uma lágrima sublime que resvala
Pinta a tela dos meus lábios onde o riso
Reproduz o sentimento mais preciso
Dos meus olhos, quando o meu sorriso fala.
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Vivaldo Terres
(Itajaí/SC)
QUE NOITE DORIDA
Não sei como consigo me enganar,
Pensando que vivo sem ao menos viver.
Depois que tudo aconteceu...
Ela era o sol da minha vida,
A luz para meu caminho escurecido.
Como foi me deixar,
Deixando a alma e o coração desiludido.
Que noite dorida e fatal,
Quando ainda no seu leito disse a chorar:
– Eu vou e sei que vais ficar, mas onde eu estiver...
Jamais deixarei de te amar.
Ela partiu levando suas boas qualidades,
Sua alma e seu coração enquanto viveram...
Eram cheios de bondade.
Nunca deixou de ajudar os desvalidos,
Ou o doente sofredor.
Até porque em sua alma e em seu coração,
Nunca lhe faltou o amor.
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Francisco José Pessoa
(Fortaleza/CE)
SENTIMENTO
Meu sentimento vaga na poesia,
meu cantar tomou forma do meu pranto
pois chorar, se por ti, fez-se acalanto
saber tudo do nada que eu sabia
é sentir que sentindo não sentia
o prazer, se é prazer tudo que sinto
e o amar, se é amor, amo e não minto
um sei lá!... posto quando a ti me achego
na impossibilidade de um chamego
sonho louco, num louco labirinto...
“sentindo que sentir eu não sentia
o prazer qual prazer não me aprazia”.
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Samuel da Costa
(Itajaí/SC)
EVOCAÇÃO
Para Bel Lopes
Um breve
E ebúrneo sorriso teu
Eu de olhos bem fechados
Enlevado
A sonhar contigo
Negra ninfa do bosque
Eu
Encerrado e lúgubre
No vergel em chamas
És negra flor
Musselinosa e enclausurada
Em uma noctívaga
Digressão
No verve meu
Caem as folhas mortas
No meu coração
Pois é outono
Pois é anunciação
E uma negra lágrima
Brotou
No lívio rosto teu
Esvaeceu
Trespassou
E se perdeu
Para além do infinito
Não vá
Não me abandone
Não agora
Nem nunca
Deusa imortal
Minha negra Valquíria
Abriga-te
Para todo o sempre
Na minha écloga
No estro meu
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Sílvia Regina Costa Lima
(Vinhedo/SP)
ANTES DA AURORA
(soneto n.121)
Indecisa, eu paro na encruzilhada
até o teu vulto (assustada) divisar,
meio impreciso à luz clara do luar,
caminhando lento na madrugada.
Escuto, embaraçada, a tua risada
que me lembra as ondas do mar
arrastando qualquer coisa lunar,
numa sensação por mim almejada.
Tremo intranquila no sentir primário
que a tua mão me desperta... e aflora
a paixão pelo ser - que me é contrário.
Ah, tu me deitas sob a árvore frondosa
e antes... muito antes da luz da aurora,
fazes-me tua amante... mulher... e rosa!
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Sandra Galante
(Piracicaba/SP)
AUSÊNCIA...
Não deixarei que a tua ausência me maltrate.
Me enfeitarei com o brilho das estrelas
Para que nunca me vejas sofrendo e triste.
Mas quero ser o perfume das tuas brisas.
Quero te envolver nos véus da minha lua,
Exibir-me esplendorosa pra ti toda nua.
Em teus sonhos renascerei em ti e por ti
Minh`alma te seguirá e te ti não sairei...
Te levarei dentro de mim eternamente.
Viveremos dias felizes em minhas fantasias.
Eterno será o fugidio encontro em nossas luas
Do teu amor e paixão, jamais serei descrente.
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Pedro Du Bois
(Balneário Camboriú/SC)
(DES)IMPORTÂNCIA
Na relativa importância
legamos conhecimento
impávidos descendentes
de (im)próprios deuses
cientes em verdades
em relativa (des)importância
insetos voam ao redor
da luz onde se multiplicam
utilitários ascendentes
transferem aos novos
o necessários para a vida.
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Pedro Du Bois
(Balneário Camboriú/SC)
(DES)IMPORTÂNCIA
Na relativa importância
legamos conhecimento
impávidos descendentes
de (im)próprios deuses
cientes em verdades
em relativa (des)importância
insetos voam ao redor
da luz onde se multiplicam
utilitários ascendentes
transferem aos novos
o necessários para a vida.
Um comentário:
Prezado José Feldman, quero agradecer a gentileza. Obrigada por publicar um poema de minha autoria. Abraços.
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