quinta-feira, 3 de julho de 2008

Baú de Literatos I


Ana Maria Machado (Rio de Janeiro, 1941)
Ganhadora do Prêmio Hans Christian Andersen (2001), considerado o Nobel da literatura infanto-juvenil, a jornalista e escritora Ana Maria Machado é autora de mais de 100 títulos, alguns deles publicados em 17 países, somando mais de 18 milhões de exemplares vendidos. Formada em Letras, lecionou na UFRJ e PUC. Durante a ditadura militar, exilou-se em Paris, onde cursou pós-graduação com Roland Barthes. Trabalhou na revista Elle, em Paris, na BBC de Londres e em vários jornais e revistas brasileiros. Em 1979, fundou no Rio de Janeiro a Malasartes, primeira livraria brasileira dedicada exclusivamente a crianças e adolescentes. Também notabilizou-se pela sua produção de literatura para adultos, com o premiado A audácia dessa mulher (1999) e Texturas — sobre leituras e escritos (2001). Desde 2003, Ana Maria Machado ocupa a cadeira 1 da Academia Brasileira de Letras
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Alessandro Baricco (Turim, Itália, 1958)
Um dos mais importantes escritores italianos contemporâneos. Formado em filosofia e música, escreveu peças teatrais, ensaios e romances como Oceano mar (1993), City (1999), Sem sangue (2002) e Esta história (2005). Baricco tem carreira próspera no cinema: A lenda do pianista do mar (1998), de Giuseppe Tornatore, é baseado em seu monólogo Novecentos (1994), e o romance Seda (1996) virou filme homônimo, dirigido por François Girard. Este ano estréia como diretor com o filme Lezione 21, do qual também assina o roteiro. A formação em música estimulou ainda uma parceria com a dupla francesa Air, experiência que resultou no disco City Reading (2003).
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Cees Nooteboom (Haia, Holanda, 1933)
Escritor contemporâneo de maior destaque nos Países Baixos. Ensaísta, poeta e expoente da literatura de viagem, tem cinco obras publicadas no Brasil – os romances Rituais (1980), A seguinte história (1991) e Dia de finados (1998), além do livro de viagens Caminhos para Santiago (1992) e de seu romance mais recente, Paraíso perdido (2004). Comparado a Jorge Luis Borges e J. M. Coetzee, cotado com freqüência para o Prêmio Nobel, Nooteboom tece uma prosa rica em experimentos lingüísticos, mas não abre mão do relato de vivências extremas nem da exploração da interioridade dos personagens.
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Chimamanda Ngozi Adichie (Abba, Nigéria, 1977)
Nome de proa da literatura africana. Aos dezenove anos Adichie mudou-se para os Estados Unidos, onde foi bolsista na Universidade de Princeton. Purple Hibiscus (2003) e Half of a Yellow Sun (2006), pelo qual venceu o Orange Prize de 2007, têm como tema a guerra em Biafra, que entre 1967 e 1970 matou mais de 1 milhão de pessoas. Crítica da forma como a imprensa costuma tratar a África, Chimamanda mostra que a insistência na imagem do africano despossuído e carente esconde uma parcela expressiva e atuante da população, cuja voz merece ser ouvida com mais freqüência.
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Cíntia Moscovich (Porto Alegre, RS, 1958)
Em Por que sou gorda, mamãe? (2006), Cíntia Moscovich propõe uma espécie de Carta ao pai, de Franz Kafka, porém menos ressentida e triste que a do escritor tcheco. Acerto de contas da personagem central com a mãe e com o próprio corpo, o romance traz melancolia e humor em doses equivalentes. É dessa forma que a escritora – também jornalista, professora e tradutora – parece lidar com os temas que aborda em seus livros, entre eles o judaísmo e a condição feminina. Cíntia é autora da reunião de contos Arquitetura do arco-íris (2004, Prêmio Jabuti e finalista do Prêmio Portugal Telecom) e dos romances Duas iguais (1998) e Mais ou menos normal (2008), entre outros.
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David Sedaris (Binghamton, Estados Unidos, 1956)
Iniciou a carreira em 1995 em programas humorísticos de rádio e logo passou a escrever para revistas como Esquire e New Yorker. A voz peculiar, as narrativas auto-irônicas e formalmente impecáveis garantiram o sucesso do comediante. Grande parte de sua obra se compõe de contos autobiográficos, em que a infância no interior dos Estados Unidos, a vida familiar e o homossexualismo são tratados com sarcasmo e lirismo. Seus principais livros são Pelado (1997), Eu falar bonito um dia (2000) e De veludo cotelê e jeans (2004), que lhe valeu o título de humorista do ano pela Time Magazine. When You Are Engulfed on Flames (2008) é sua mais recente publicação. De veludo cotelê e jeans (2004), que lhe valeu o título de humorista do ano pela Time Magazine, e Eu falar bonito um dia (2000), lançado no Brasil neste ano.
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Fernando Vallejo (Medellin, Colômbia, 1942)
Apesar de ter nascido na Colômbia, foi no México, país onde vive até hoje, que Fernando Vallejo desenvolveu sua carreira cinematográfica e literária, após ter seu primeiro filme censurado pelo governo militar. A difícil experiência na Colômbia, porém, marcaria para sempre sua obra, caracterizada por um forte componente autobiográfico.
Temas como violência, drogas e política dividem espaço com filosofia, gramática e biologia. A virgem dos sicários (1994), seu livro mais famoso, trata das conseqüências do narcotráfico para a realidade social colombiana. Em 2003, o romance O despenhadeiro (2001), recentemente publicado no Brasil, recebeu o Prêmio Rómulo Gallegos, um dos mais prestigiados da literatura em língua espanhola.
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Humberto Werneck (Belo Horizonte, MG, 1945)
Jornalista e escritor. Ao longo de trinta anos de carreira, passou por alguns dos principais veículos da imprensa nacional e celebrizou-se pela qualidade da prosa jornalística e pela apuração minuciosa. Entre suas obras destacam-se O desatino da rapaziada (1992), retrato da geração de jornalistas e escritores mineiros da qual fizeram parte Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino, e O santo sujo (2008), recém-lançada biografia do músico e boêmio modernista Jaime Ovalle. Werneck também assina a organização de Minérios domados (1993), reunião da poesia de Helio Pellegrino, a seleção de crônicas Boa companhia (2005) e a reportagem biográfica incluída em Tantas palavras (2006), songbook de Chico Buarque.
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Martín Kohan (Buenos Aires, Argentina, 1967)
Escritor, crítico literário e professor de Teoria literária nas universidades de Buenos Aires e da Patagônia. Autor de dois livros de contos, três de
ensaio e sete romances, entre eles Los cautivos (2000), Duas vezes junho (2002), Segundos afuera (2005), Museo de la revolución (2006) e Ciencias morais (2007), vencedor do prêmio Herralde e lançado no Brasil neste ano. Em seus romances, Kohan enfoca as formas diluídas e indiretas do controle social: a partir do dia-a-dia de um colégio portenho ou da Copa de 1978, constrói um quadro de muitos matizes sobre a ditadura argentina e seu significado para a história recente do país.
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Richard Price (Nova York, EUA, 1949)
Escritor e roteirista. The Wanderers (1974), seu primeiro romance, baseado na infância no Bronx, foi adaptado e dirigido por Philip Kaufman, de A insustentável leveza do ser (1988). Desde então, escreveu roteiros para filmes como O preço da coragem (1996) e a série televisiva A escuta (2004). Teve parceria bem-sucedida com o diretor Martin Scorsese em duas ocasiões: no longa A cor do dinheiro (1986) e no videoclipe Bad (1995), de Michael Jackson, dos quais assinou o roteiro. Um de seus romances mais conhecidos é Clockers (1992), que virou filme do diretor Spike Lee e foi indicado ao Oscar. Seu último livro é o aclamado Lush Life (2008).
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Pierre Bayard (Paris, França, 1954)
Escritor e professor de literatura francesa. No recente Como falar dos livros que não lemos? (2007), gerou polêmica ao questionar a importância da literatura e discutir em que medida é fundamental ler as obras ditas obrigatórias. Para Bayard, o verdadeiro letrado não é quem leu de tudo, mas quem reconhece o valor de determinada obra para a cultura que o cerca. Como falar dos livros que não lemos? confirma a verve iconoclasta de Bayard, presente também em obras anteriores, como Comment améliorer les oeuvres ratées (2000) e Enquête sur Hamlet (2002).
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Tom Stoppard (Zlín, República Tcheca, 1937)
O dramaturgo inglês Tom Stoppard consagrou de tal forma seu estilo que se tornou adjetivo: stoppardian é o termo usado para classificar autores e peças que utilizam a via do humor para dialogar com conceitos filosóficos. Em 1966 estreou nos teatros com Rosencrantz e Guildenstern estão mortos, em que a saga de Hamlet é recontada a partir da perspectiva de personagens secundários na trama original. Autor de mais de vinte peças e roteiros de cinema, é famoso pela criação de diálogos cheios de ironia e sarcasmo, potencializados pelo uso de duplos sentidos, trocadilhos e múltiplos pontos de vista.

Fonte:
http://www.flip.org.br

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