Sobre o Brasil Minha Pequena
(para minha filha Zoyra-Lyra, nascida no exílio)
Sobre o Brasil quero contar-te minha pequena
A terra bem amada
Cheia de paz de sol e de beleza
Onde uma generosa natureza
Desenhou rios vales e montanhas
No Brasil minha pequena
São todos felizes
Ali há justiça trabalho pão e escolas
A miséria e o analfabetismo
Já não existem pertencem ao passado
Nenhum estudante desaparece nas cidades
Não há mais presos políticos e reina a liberdade
As companhias estrangeiras não são mais
Proprietárias
Dos nossos enormes recursos naturais
Já não há mais golpes de estado e nem torturas
E em suas casernas e quartéis os nossos generais
Esqueceram há muito os atos institucionais
Para ti minha filhinha que nasceste no exílio
E brincaste na neve longe de nossa pátria
Eu escrevo estes versos cheios de esperança
Oxalá quando as leis no entardecer dos meus anos
Não mais sejam quimeras nem vã utopia
Mas se eu te minto perdoa
Quero apenas que durmas
Embalada em meus sonhos
(escrito no duro ano do exílio de 1968)
=========================
Com Desesperada Raiva
Mudas minhas mãos
Meus pés dormem inquietos
Gélido fogo sobe em minhas pernas
Consumindo meus joelhos
Procuro pensar nos pássaros
Acuso-os de terem deixado de cantar
É o fim de agosto
O verão na Suécia foi miserável
O fogo continua sua escalada
É como se eu afundasse
Num desses lagos gélidos da Lapônia
Recordo Verissimo
Gato preto em campo de neve
Meus joelhos não existem mais
Joelhos surdos insensíveis
Golpeio meus reflexos
A culpa é minha
Ninguém espera quinze anos
Seria impossível parar
Esse passar de carros sobre mim?
Carros de combate
Carros de passeio
Barcos de guerra
Barcos a vela
Uma vela se acende
Para quem?
Para mim?
Quem morre em Rio Grande?
Quem morre em Lund?
E esse maldito gelo que sobe
Eu subi por muitas escadas da vida
Senti muitas mortes
Chorei muitas prisões
Aqui estou malditos!
Pretendo esculturar em imperecível granito
Minha raiva meu grito
Para que todo aquele que passar por estas
Ruas do exílio possa ler o crime cometido
Em nossas almas
(para minha filha Zoyra-Lyra, nascida no exílio)
Sobre o Brasil quero contar-te minha pequena
A terra bem amada
Cheia de paz de sol e de beleza
Onde uma generosa natureza
Desenhou rios vales e montanhas
No Brasil minha pequena
São todos felizes
Ali há justiça trabalho pão e escolas
A miséria e o analfabetismo
Já não existem pertencem ao passado
Nenhum estudante desaparece nas cidades
Não há mais presos políticos e reina a liberdade
As companhias estrangeiras não são mais
Proprietárias
Dos nossos enormes recursos naturais
Já não há mais golpes de estado e nem torturas
E em suas casernas e quartéis os nossos generais
Esqueceram há muito os atos institucionais
Para ti minha filhinha que nasceste no exílio
E brincaste na neve longe de nossa pátria
Eu escrevo estes versos cheios de esperança
Oxalá quando as leis no entardecer dos meus anos
Não mais sejam quimeras nem vã utopia
Mas se eu te minto perdoa
Quero apenas que durmas
Embalada em meus sonhos
(escrito no duro ano do exílio de 1968)
=========================
Com Desesperada Raiva
Mudas minhas mãos
Meus pés dormem inquietos
Gélido fogo sobe em minhas pernas
Consumindo meus joelhos
Procuro pensar nos pássaros
Acuso-os de terem deixado de cantar
É o fim de agosto
O verão na Suécia foi miserável
O fogo continua sua escalada
É como se eu afundasse
Num desses lagos gélidos da Lapônia
Recordo Verissimo
Gato preto em campo de neve
Meus joelhos não existem mais
Joelhos surdos insensíveis
Golpeio meus reflexos
A culpa é minha
Ninguém espera quinze anos
Seria impossível parar
Esse passar de carros sobre mim?
Carros de combate
Carros de passeio
Barcos de guerra
Barcos a vela
Uma vela se acende
Para quem?
Para mim?
Quem morre em Rio Grande?
Quem morre em Lund?
E esse maldito gelo que sobe
Eu subi por muitas escadas da vida
Senti muitas mortes
Chorei muitas prisões
Aqui estou malditos!
Pretendo esculturar em imperecível granito
Minha raiva meu grito
Para que todo aquele que passar por estas
Ruas do exílio possa ler o crime cometido
Em nossas almas
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Sobre o Autor,
nasceu na cidade de Rio Grande, Rio Grande do Sul, numa primavera do século passado. É oficial reformado no posto de comandante (capitão-de-corveta) da Marinha do Brasil. Perseguido, foi obrigado a fugir do país, refugiando-se no Uruguai até novembro de 1966, quando transferiu-se para a Suécia, aonde chegou como o primeiro refugiado político da América Latina na Escandinávia. Em 1969, depois de estudos pré-universitários, matriculou-se na Universidade de Lund, Suécia, onde estudou línguas neo-latinas, completando seus estudos na Universidade de Estocolmo.
Em 1976, publicou seu primeiro livro na Suécia, escrito em espanhol e traduzido para o sueco por renomados poetas tais como Lasse Söderberg e Peter Ortman e tradutores como Jens Nordenhök e Estrid Tenggren. Atualmente escreve diretamente em sueco, sendo autor de vários livros de poesia e redator de antologias de poetas suecos e latinoamericanos. Seus poemas foram publicados em 32 antologias internacionais, entre essas a “Antologia Internacional Roda Mundo” de 2005, do Editor Douglas Lara. Publicou também um livro de ensino da língua portuguesa para suecos: “Portugisiska för Nybörjare” adotado pelas escolas de línguas na Suécia. Em 2002, publicou seu primeiro livro no Brasil “Saudade e uma canção desesperada”, prefaciado pelo poeta Reynaldo Valinho Álvarez, do Rio de Janeiro. Por ocasião do lançamento do livro no Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, foi agraciado com o título e o diploma de Membro de Honra do mesmo sindicato. Traduziu inúmeras peças de teatro, entre as quais a “Marquesa de Sade”, de autoria do famoso escritor japonês Yukio Mishima, para o Real Teatro Dramático de Estocolmo e vários filmes suecos para o Brasil e Portugal e filmes brasileiros para os cimemas suecos.
Seus poemas foram traduzidos para o islandês, dinamarquês, persa, espanhol, macedônio e inglês, tendo sido publicados no México, Cuba, Estados Unidos da América do Norte, Noruega, Dinamarca, e Islândia.
Guilem Rodrigues da Silva é presidente da Associacão de Escritores do Sul da Suécia (Escânia), membro do Sindicato dos Escritores da Suécia, da Associacão sueco-dinamarquesa de escritores, da Société Européenne de Culture em Veneza. É professor de línguas e ocupa o cargo de juiz eleito do Tribunal de Segunda Instância no Hovrätten över Skåne och Blekinge, Suécia.
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Fontes:
- SILVA, Guilem Rodrigues, Saudade e uma canção desesperada. Salvador: CABINCLA – Casa Baiana Para Integração Cultural Latino Americana.
- Douglas Lara. http://www.sorocaba.com.br/acontece
- http://guilem.blogspot.com/2007_02_01_archive.html
- http://poetasdobrasil.blogspot.com/2007/06/guilem-rodrigues-da-silva-nasceu-na.html
Sobre o Autor,
nasceu na cidade de Rio Grande, Rio Grande do Sul, numa primavera do século passado. É oficial reformado no posto de comandante (capitão-de-corveta) da Marinha do Brasil. Perseguido, foi obrigado a fugir do país, refugiando-se no Uruguai até novembro de 1966, quando transferiu-se para a Suécia, aonde chegou como o primeiro refugiado político da América Latina na Escandinávia. Em 1969, depois de estudos pré-universitários, matriculou-se na Universidade de Lund, Suécia, onde estudou línguas neo-latinas, completando seus estudos na Universidade de Estocolmo.
Em 1976, publicou seu primeiro livro na Suécia, escrito em espanhol e traduzido para o sueco por renomados poetas tais como Lasse Söderberg e Peter Ortman e tradutores como Jens Nordenhök e Estrid Tenggren. Atualmente escreve diretamente em sueco, sendo autor de vários livros de poesia e redator de antologias de poetas suecos e latinoamericanos. Seus poemas foram publicados em 32 antologias internacionais, entre essas a “Antologia Internacional Roda Mundo” de 2005, do Editor Douglas Lara. Publicou também um livro de ensino da língua portuguesa para suecos: “Portugisiska för Nybörjare” adotado pelas escolas de línguas na Suécia. Em 2002, publicou seu primeiro livro no Brasil “Saudade e uma canção desesperada”, prefaciado pelo poeta Reynaldo Valinho Álvarez, do Rio de Janeiro. Por ocasião do lançamento do livro no Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro, foi agraciado com o título e o diploma de Membro de Honra do mesmo sindicato. Traduziu inúmeras peças de teatro, entre as quais a “Marquesa de Sade”, de autoria do famoso escritor japonês Yukio Mishima, para o Real Teatro Dramático de Estocolmo e vários filmes suecos para o Brasil e Portugal e filmes brasileiros para os cimemas suecos.
Seus poemas foram traduzidos para o islandês, dinamarquês, persa, espanhol, macedônio e inglês, tendo sido publicados no México, Cuba, Estados Unidos da América do Norte, Noruega, Dinamarca, e Islândia.
Guilem Rodrigues da Silva é presidente da Associacão de Escritores do Sul da Suécia (Escânia), membro do Sindicato dos Escritores da Suécia, da Associacão sueco-dinamarquesa de escritores, da Société Européenne de Culture em Veneza. É professor de línguas e ocupa o cargo de juiz eleito do Tribunal de Segunda Instância no Hovrätten över Skåne och Blekinge, Suécia.
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Fontes:
- SILVA, Guilem Rodrigues, Saudade e uma canção desesperada. Salvador: CABINCLA – Casa Baiana Para Integração Cultural Latino Americana.
- Douglas Lara. http://www.sorocaba.com.br/acontece
- http://guilem.blogspot.com/2007_02_01_archive.html
- http://poetasdobrasil.blogspot.com/2007/06/guilem-rodrigues-da-silva-nasceu-na.html
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